Sexta-feira, 28 de Junho de 2013

Dia Mundial do Orgulho Gay

Dia internacional orgulho gay - O Canto do Nelson

     O Movimento em Defesa dos Direitos dos Homossexuais surgiu na Europa, no final do século passado. A sua principal bandeira era a descriminalização da homossexualidade e o reconhecimento dos direitos civis dos homossexuais.·
     Só depois da Segunda Guerra Mundial o Movimento começou a estruturar-se na Europa e nos Estados Unidos. Mas o principal marco simbólico para o moderno Movimento Homossexual Internacional é o dia 28 de Junho de 1969, conhecido como Dia Internacional do Orgulho Gay/Lésbico, devido à “Rebelião de Stonewall”.

 

     Entre 1967 e 1969, Stonewall Inn era um bar divertido localizado na rua Christopher, no centro da zona gay da cidade de Nova Iorque. Anteriormente uma garagem foi adaptada com orçamento reduzido e transformou-se num lugar, apesar de pintado de preto, animado e tolerante que atraía uma grande variedade de tipos de pessoas, especialmente jovens, e tornou-se uma alternativa aos "apropriados" ambientes caseiros ou aos inacessíveis bares de encontros do circuito gay.

Na noite de 28 de Junho de 1969 uma força policial invadiu o bar Stonewall, o que já era fato comum na época. Alegavam vistoria na licença para a venda de álcool, pois os homossexuais eram considerados doentes e, por isso, não podiam consumir bebidas alcoólicas. Mas nessa noite o público se revoltou, e o motim veio seguido de violentos protestos. O dia 28 de Junho, também conhecido como "Dia da Libertação da Rua Christopher", foi a primeira de várias noites em que a famosa rua se transformou num verdadeiro campo de batalha.

Os protestos de Stonewall marcaram o começo do movimento de libertação gay que transformou a opressão do público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) em chamadas para o orgulho e a acção. Desde então temos testemunhado um florescer espantoso da cultura gay, que mudou o mundo para sempre.

(gentileza de lproweb.procempa.com.br)

 

Kiss Boys na penumbra da noite

     O termo Gay friendly refere-se a todo o tipo de atitudes, lugares e políticas que recebem a comunidade LGBT (lésbicas,  gay’s, bissexuais e transgéneros) sem qualquer tipo de julgamento ou preconceito.

Hoje! Muitos Bares gay friendly vão estar em grande festa comemorando o inicio da do termo em Stonewall a 28 de Junho de 1969.

 

     Este tipo de Bar não tem não tem uma orientação específica. É aberta a todas e dá as boas vindas a todos. Não há filmes, cenas maradas, desconfortos ou hipocrisias. Basicamente és tu e outros num dado espaço de amigos somente com a pretensão de gozarem a vida.

 

     Os detalhes ficam em casa.

 

     No entanto! Se fores com a ideia de encontrar um amigo colorido ficam aqui algumas dicas:

 

 

 Como fazeres entre tanta gente

 

Uma noite na discoteca

A- Mostrar confiança

 

     Todos nós gostamos de pessoas confiantes, que sabem o que querem e que conseguem derrubar o mundo se for preciso para o obter! A verdade é que ninguém liga para aquele tipo  que está sozinho, encostado ao balcão sem falar nem dançar!

     Se queres ter sucesso numa festa gay é preciso mostrares confiança, que mostres aos outros que és alguém com quem vale a pena passar a noite. Como vais fazer isso? É simples! Se fores um tipo tímido, que normalmente não vai a Bares gay, vais precisar de deixares a timidez em casa! Se te considerares um “cota” ou se ultrapassares mesmo a casa dos quarenta, esquece! (A minha avó dizia que todos os tachos têm uma tampa)

 

     Pensa somente que vais a uma festa-bar gay para conseguires encontrar alguém, mas já sabes que se fores muito tímido nunca vai conseguir, portanto o que tens a perder se tentares ser extrovertido? Nada! Na pior das hipóteses não consegue transmitir confiança suficiente, mas mesmo isso é melhor do que nem sequer tentar.

     A confiança é algo que é possível de ser aprendida, portanto nunca desistas e acabarás por tornas-te num homem confiante e com um carisma que atrai todos os outros!

 

B - Vestir para arrasar!

 

     Normalmente estas festas estão cheias de pessoas atraentes e que deixam qualquer tipo louco, portanto se fores à festa da mesma forma que vai às compras…bem, mais vale não ir!

     Escolha uma roupa sexy que mostre o melhor de ti e arranje todo o visual, cabelo, pele, etc. Quanto mais bonito e atraente parecer, mais hipóteses terás! Deixe a preguiça de lado!

 

C - Entre no ambiente da festa gay

 

     O ambiente da festa gay é algo extraordinário! Centenas de homens e mulheres gays e hetero celebram a vida livre de complexos. A principal ideia é a diversão ao máximo sem deixar entrar a preocupação. (pode ser que entre eles esteja o parceiro dos teus sonhos).

Para conseguires conhecer um homem com as mesmas tendências sexuais.

     Não te esqueças também que entre muitos heterossexuais, há muitos que só esperam de uma oportunidade para novas experiências.  

Vais ter que entrar no ambiente! A tristeza e as preocupações devem ficar à porta, pois dentro da festa, tu só te vais poder preocupar com uma coisa, aproveitar a festa ao máximo!

     Não te esqueças que a boa disposição atrai boa disposição!

     Liberta-te e torna-te num íman.

     Se nesta noite não encontrares a pessoa dos teus sonhos, não voltes para casa cabisbaixo e triste. Pensa somente que quando se fecha uma janela, há sempre uma porta que se abre e um dia não são dias.

 

 "Obrigada por me ler! Você estará sempre no meu coração"

 

   Nelson Camacho D’Magoito

música que estou a ouvir: Café da Manhã
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Segunda-feira, 24 de Junho de 2013

Aos Senhores políticos deste país.

 

Ruy de Carvalho o actor - O Canto do Nelson

     Não está aqui em causa se tenho ou não uma carteira profissional de artista de variedades, embora a tenha há mais de quarenta anos, mas sim como cidadão de Portugal o meu total apoio ao Sr. Ruy de Carvalho a quando do seu desabafo sobre a situação dos actores quanto ao fisco.

 

     Também eu a quando do 25 de Abril fiquei com esperança renovada e alegrei-me pela conquista do voto e liberdade de expressão entre outras coisas que me prometera, mas não! Fui apelidado de nacional cançonetista e colocado na prateleira.

Já neste meu espaço de escrita tive oportunidade de homenagear Ruy de Carvalho. (ler)

 

Hoje volto para divulgar um grito de revolta que é de todos nós artistas. Escrito pelo Sr. Ruy de Carvalho e que me chegou via e-mail e também divulgado no Facebook.

 

 

“ Ruy de Carvalho

Senhores Ministros:


Tenho 86 anos, e modéstia à parte, sempre honrei o meu país pela forma como o representei em todos os palcos, portugueses e estrangeiros, sem pedir nada em troca senão respeito, consideração, abertura – sobretudo aos novos talentos -, e seriedade na forma como o Estado encara o meu papel como cidadão e como artista. 
Vivi a guerra de 36/40 com o mesmo cinto com que todos os portugueses apertaram as ilhargas. Sofri a mordaça de um regime que durante 48 anos reprimiu tudo o que era cultura e liberdade de um povo para o qual sempre tive o maior orgulho em trabalhar. Sofri como todos, os condicionamentos da descolonização. Vivi o 25 de Abril com uma esperança renovada, e alegrei-me pela conquista do voto, como se isso fosse um epítome libertador.

Subi aos palcos centenas, senão milhares de vezes, da forma que melhor sei, porque para tal muito trabalhei.

Continuei a votar, a despeito das mentiras que os políticos utilizaram para me afastar do Teatro Nacional. Contudo, voltei a esse teatro pelo respeito que o meu público me merece, muito embora já coxo pelo desencanto das políticas culturais de todos os partidos, sem excepção, porque todos vós sois cúmplices da acrescida miséria com que se tem pintado o panorama cultural português.

Hoje, para o Fisco, deixei de ser Actor…e comigo, todos os meus colegas Actores e restantes Artistas destes país - colegas que muito prezo e gostava de poder defender.  
Tudo isto ao fim de setenta anos de carreira! É fascinante.

Francamente, não sei para que servem as comendas, as medalhas e as Ordens, que de vez em quando me penduram ao peito?

Tenho 86 anos, volto a dizer, para que ninguém esqueça o meu direito a não ser incomodado pela raiva miudinha de um Ministério das Finanças, que insiste em afirmar, perante o silêncio do Primeiro-Ministro e os olhos baixos do Presidente da República, de que eu não sou actor, que não tenho direito aos benefícios fiscais, que estão consagrados na lei, e que o meu trabalho não pode ser considerado como propriedade intelectual..  
Tenho pena de ter chegado a esta idade para assistir angustiado à rapina com que o fisco está a executar o músculo da cultura portuguesa. Estamos a reduzir tudo a zero... a zeros, dando cobertura a uma gigantesca transferência dos rendimentos de quem nada tem para os que têm cada vez mais.

É lamentável e vergonhoso que não haja um único político com honestidade suficiente para se demarcar desta estúpida cumplicidade entre a incompetência e a maldade de quem foi eleito com toda a boa vontade, para conscientemente delapidar a esperança e o arbítrio de quem, afinal de contas, já nem nas anedotas é o verdadeiro dono de Portugal: nós todos!

É infame que o Direito e a Jurisprudência Comunitárias sirvam só para sustentar pontualmente as mentiras e os joguinhos de poder dos responsáveis governamentais, cujo curriculum, até hoje, tem manifestamente dado pouca relevância ao contexto da evolução sociocultural do nosso povo. A cegueira dos senhores do poder afasta-me do voto, da confiança política, e mais grave ainda, da vontade de conviver com quem não me respeita e tem de mim a imagem de mais um velho, de alguém que se pode abusiva e irresponsavelmente tirar direitos e aumentar deveres.

É lamentável que o senhor Ministro das Finanças, não saiba o que são Direitos Conexos, e não queiram entender que um actor é sempre autor das suas interpretações – com direitos conexos, e que um intérprete e/ou executante não rege a vida dos outros por normas de Exel ou por ordens “superiores”, nem se esconde atrás de discursos catitas ou tiradas eleitoralistas para justificar o injustificável, institucionalizando o roubo, a falta de respeito como prática dos governos, de todos os governos, que, ao invés de procurarem a cumplicidade dos cidadãos, se servem da frieza tributária para fragilizar as esperanças e a honestidade de quem trabalha, de quem verdadeiramente trabalha.
Acima de tudo, Senhores Ministros, o que mais me agride, nem é o facto de os senhores prometerem resolver a coisa, e nada fazer, porque isso já é característica dos governos: o anunciar medidas e depois voltar atrás. Também não é o facto de pôr em dúvida a minha honestidade intelectual, embora isso me magoe de sobremaneira. É sobretudo o nojo pela forma como os seus serviços se dirigem aos contribuintes, tratando-nos como criminosos, ou potenciais delinquentes, sem olharem para trás, com uma arrogância autista que os leva a não verem que há um tempo para tudo, particularmente para serem educados com quem gera riqueza neste país, e naquilo que mais me toca em especial, que já é tempo de serem respeitadores da importância dos artistas, e que devem sê-lo sem medos e invejas desta nossa capacidade de combinar verdade cénica com artifício, que é no fundo esse nosso dom de criar, de ser co-autores, na forma, dos textos que representamos.

Permitam-me do alto dos meus 86 anos deixar-lhes um conselho: aproveitem e aprendam rapidamente, porque não tem muito tempo já. Aprendam que quando um povo se sacrifica pelo seu país, essa gente, é digna do maior respeito... porque quem não consegue respeitar, jamais será merecedor de respeito!

RUY DE CARVALHO “

 

Ao Sr. Ruy de Carvalho os meu aplausos de pé e o meu eterno obrigado por existir.

 

Nelson Camacho

 

“Desiderata” por Ruy de carvalho

Nelson Camacho D’Magoito

publicado por nelson camacho às 12:16
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Domingo, 23 de Junho de 2013

Isto poderia acontecer a você - Parte VIII

punução - homofobia

It Could Happen To You

Uma história de amor que podia ser a sua

(um conto longo)

   (ver parte VII)

 

VII Capítulo

 

(Quando João é posto fora de casa)

 

     Aquele apontar do dedo de D. Gertrudes dirigido à porta de saída para seu filho somente porque tinha gorado todas as suas expectativas quando mãe, coisa que ela não entendia nem queria entender, foi o culminar de uma tragédia.

     João do alto da sua dignidade, nem uma lágrima. Cabisbaixo foi recolher-se junto de quem lhe tida dado amor e carinho verdadeiro durante vários anos.

     Os Marques adivinhando que algo de grave se tinha passado não só o receberam de braços abertos como nem quiseram saber o que se tinha passado. Estava na hora de jantar e para lá se dirigiram.

     Conversas? Para quê? O silêncio em situações graves move montanhas. Quando há amor entre as pessoas por vezes o silêncio é nobre, embora as consequências sejam inauditas! Não é preciso comentar o que vai na alma de cada um. É uma resolução tenebrosa que só a cada um corresponde.

 

     O repasto foi curto. Findo, a Dr.ª Eugénia retirou-se para os seus aposentos, deixando os homens no salão para o café e o conhaque do costume.

        - Hoje não quero café! Apetece-me antes um grande copo de Whisky. – disse ainda cabisbaixo o João.

        - Mas filho! O whisky não te leva a nada, mas até podes beber uma garrafa. – disse carinhosamente o pais do Carlos.

     Foram estas palavras de carinho vindas daquele homem que não lhe era nada que fez com que uma lágrima lhe escorresse pelas faces

     Carlos abraçou-o e ao ouvido comentou. “Este também é teu pai e amigo”

     Marques como bom advogado e conselheiro e homem por onde lhe passaram pela cátedra casos idênticos, aproximou-se deles a abraçou-os.

     Todos beberam mais um copo e trocaram impressões sobre as férias que tinham acabado de fazer em Paris sem nunca tocarem em assuntos que melindrassem foque quem fossa, até vinda lá de dentro entrou D. Eugénia já de robe vestido.

        - Então hoje não se vão deitar? Amanhã é Domingo e têm tempo para resolver os problemas.

 

O Caminho para a resolução do problema

 

Recordar momentos na piscina

     O Domingo estava esplendoroso o Sol lá do alto era forte e reflectia-se nas pequenas ondulações da piscina derivado a um pouco de vento que corria. Como já era meio-dia quando todo mundo se levantou veio espreitar como estava o dia e resolveram fazer um pequeno-almoço almoçarado no quintal junto à piscina.

 

     Sobre o que se tinha passado na noite anterior em casa do João, depreende-se que tanto o casal Marques como os dois rapazes no conchego das suas camas, conversaram sobre o assunto e delinearam os futuros.

Efectivamente D. Eugénia entregou uma chave a cada um dos rapazes do apartamento da Ericeira e só recomendou:

     Quando quiserem podem ocupá-la e trata-la como se fosse vossa. Só pagam a água a luz e o gás. Como não tem mobília isso fica por vossa conta e gosto.

        - Eu até fico no chão. - Retorquiu o João.

     Com o ar mais simplório deste mundo mas com um sorriso rasgado o Carlos respondeu:

        - Se quiseres o problema é teu! Desde que não sirva de colchão.

        - Então meninos!!!!  - Atacaram os Marques misturando grandes gargalhadas.

 

     Entre umas coisas leves que foram arranjando para comer e uns saltos na piscina porque o dia se proporcionava, naquele domingo delinearam o próximo futuro de todos.

 

     Na segunda-feira os rapazes seriam presentes nos escritórios do Dr. para serem apresentados aos seus sócios. D. Eugénia iria dar umas limpezas no apartamento.

     Como os escritórios era em Lisboa e como ainda não tinham mobília no apartamento, ficariam lá em casa sempre que lhes apetecesse, até o “ninho” (como carinhosamente o pai Marques lhe chamava) estivesse em condições de habitabilidade.

 

     Por incrível que parecesse, ou não. Os pais do João naquele Domingo embora estivessem em casa. Não deram o ar das suas graças.

 

     Foi naquele Domingo que findou a ligação de João com os pais. Em contrapartida este descobriu outros substitutos.

 

     João tinha sido adoptado pelos pais do Carlos e Deus os iria ajudar com toda a sua benevolência. No final de contas, aqueles rapazes não fizeram mal a ninguém, só queriam ser felizes sabendo com o que tinham de arcar para essa felicidade permanece.

 

Seis meses depois

 

 

Dormindo de conchinha

 

 

     Não se poderá dizer que aqueles dois rapazes eram um casal normal no que diz respeito à constituição de um lar. Tinham apanhado um apartamento onde só constava os electrodomésticos iniciais numa casa e uma cama que apressadamente foram comprar para inicialmente ser habitável, mas tinham algo em comum com uns recém-casados. A Maior felicidade do mundo.

     Contrariamente a muitos, tinham planificado as suas vidas tanto na parte económica como na social.

Mensalmente retiravam dos seus ordenados uma percentagem igual para as despesas prioritárias de manutenção da casa. Depois outra verba também em iguais partes para a compra do mobiliário que levou seis meses a concluir. Despesas supérfluas, eram suportadas por um de cada vez que lhes apeteciam convidar o outro para um cinema, um teatro ou uma exposição de arte. Até o tabaco era comprado mensalmente fazendo parte das despesas chamadas prioritárias assim como a gasolina que utilizavam para as idas para o trabalho, já que só utilizavam um carro. Raramente ficavam em casa dos pais do Carlos.

 

     Os seus planos de concluiu passados seis meses estavam concluídos e tiveram o seu primeiro desaire.

 

          “João nunca mais tinha falado com os pais. (embora tivesse feito várias tentativas, estes nunca mais o quiseram receber desde o dia em que D. Gertrudes lhe apontou a porta de saída) já os pais do Carlos, não só os acompanharam profissionalmente no seu escritório como moralmente”.

 

     Já com o apartamento todo mobilado resolveram em uma sexta-feira convidar ambos os pais para um almoço em sua casa do próximo Domingo.

     Os pais do Carlos foram convidados no escritório (que aceitaram prontamente) e os pais do João telefonicamente tendo por resposta da mãe deste “que não ia a casa de maricas…”

 

     Foi como um balde de água gelada (dizer fria é pouco) que rodos receberam a notícia daquela senhora, mãe e médica mas o almoço fez-se, assim como muitos durante dois anos até que aconteceu o improvável.

 

     Carlos tinha contraído uma constipação e telefonou para o pai contando o sucedido e que não ia nesse dia ao escritório. O João iria sozinho.

 

     Naquele dia as horas para o Carlos pareciam serem mais longas que qualquer outro dia. Na cama bebendo continuamente leite com mel acompanhado por comprimidos antigripais o seu entretenimento era a televisão acabando por adormecer.

     Por força da gripe e dos comprimidos acabou por adormecer e nem deu pela falta do João. Quando acordou estava a dar o telejornal da manhã e estava a dar uma notícia sobre um grave acidente na IC19 onde tinham estados vários carros envolvidos. Teve um baque no coração, esticou um braço até o local onde estaria o seu amigo, mas ele não estava lá.

     Foi com um terrível pensamento e tremendo por todos os lados que se agarrou ao telefone e ligou para o pai, perguntando se o João estava lá.

        - Não filho!!!..  Ele até saiu mais cedo do escritório porque tu estavas doente.

        - Pai! Ele ainda não apareceu em casa! Liga a televisão, Estão a dar uma notícia de um acidente na IC19 (nesta altura Carlos já se levantava para se vestir e chorava convulsivamente como a adivinhar o pior, de tal forma que já nem ouviu o pai dizer para ter calma pois iria saber o que se passava).

     O Dr. como advogado ligou para a policia para saber do acidente e soube ma mais triste noticia da sua vida. (O João tinha sido um dos acidentados na tarde anterior e estava no hospital da Amadora). Tentou ligar para o filho mas este tinha o telefone desligado e já vinha a caminho da casa dos pais.

 

     Porque a vida por vezes danos certas contrariedades e infelizmente muitas vezes para o pior, encontraram-se todos na rua às portas de suas casas. (Carlos que chegava entretanto, os pais deste que saiam de casa e os pais do João que já tinham sido informados pela policia e hospital do sucedido) D. Gertrudes com um tremendo desafora dando de caras com eles:

        - Seus assassinos! Foram vocês que mataram o meu querido filho. Vão pagar por tudo o que me fizeram! Vou-lhes tirar tudo. O que vocês me fizeram não se faz a uma mãe.

     Carlos e os pais meteram-se no carro sem respostas para dar e caminharam ao hospital, ficando aquela mulher que nem mesmo com uma desgraça daquelas, entendia que talvez ele fosse a causadora de tudo ao correr com o filho de casa só porque a sua tendência sexual não fazia parte dos seus padrões. E continuava a vociferar ferozmente já o carro dos Marques se desviava lá no fundo da rua.

 

Chegadas ao hospital

 

     Como o Dr. Eduardo França tinha estado de serviço nas urgência do hospital, foi o primeiro a saber da notícia tratando logo do filho e como pai, deu ordens para ninguém se aproximar do corpo já falecido até à chegada de sua mulher. “Quem não é da família não tem direitos sequer ao velório” declarou ele.

     Assim que ao Marques souberam da notícia de imediato fizeram questão de acompanhar o filho ao hospital dando-se o inicio da maior tragédia jamais pensada.

 

     Estavam todos proibidos de se chegarem junto ao corpo de João.

     Nem mesmo Os amigos advogados junto das autoridades conseguiram aproximarem-se do falecida na medida em que os pais tinham dado ordens de ser um velório privado e somente entre familiares.

 

     Fizeram a cremação do corpo e nem a divulgação do local das cinzas foram divulgadas.

 

     Seis meses depois Carlos só se lembrava das batalhas jurídicas que os pais do João tinham atentado para reaver os bens móveis existentes em casa de ambos mas perderam sempre na medida em que a casa de habitação do João e do Carlos estavam em nome dos pais deste.

 

Carlos já não podia olhar para aqueles olhos que muitas vezes substituíam as palavras.

 

 

Reordar o passado

 

              Naquele dia na esplanada da Marina de Cascais tudo lhe veio à mente, mas também os momentos bons que tinha passado durante anos com o seu amigo.

 

Cascais - Boda do Inferno - my love

     Foi com todas estas lembranças que Carlos, saiu do carro e se dirigiu a uma ponta de rocha onde começavam as escarpas até ao mar Carlos fechou os olhos. Ao ouvir as ondas batendo nas rochas suas lembranças foram até ao batimento de corpos na piscina de um hotel de Espanha onde lá estava o João no cimo do trampolim de braços abertos preparando-se para o seu primeiro salto acrobático para a água.

     Carlos a pouco e pouco foi-se lembrando que tinha sido naquele dia que tudo tinha começado entre eles. Naqueles escassos segundos percorreram em sua memória desde o primeiro afago no cadeirão daquela piscina, até às escondidas de todos e já depois do hipócritas se terem afastado pegou numa cravo e depositou-o na campa já abandonado do João.

     Abriu os braços como Cristo pedindo perdão ao mundo e tal como João naquele dia e naquela piscina se atirou num salto acrobático. A sua última imaginação foi aquela em que um dia segurando no seu amigo ao colo se atiraram para uma piscina.

O último salto

Lá no fundo não havia a água da piscina mas o mar bravio da Boca do Inferno e Nossa Senhora esperando por ele

 

Piata de William Blak- uma historia de amor
FIM
 

Toda a história em: (parte 1) (Parte 2)(Parte 3) (Parte 4)(Parte 5)(Parte 6)(Parte 7)

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência. O geral ultrapassa a ficção.

As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.

 

 

              Nelson Camacho D’Magoito

           “Contos ao sabor da imaginação”

                  de Nelson Camacho

    (Também em livro - é só pedrir por e-mail)

música que estou a ouvir: my way
Estou com uma pica dos diabos:
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Sábado, 22 de Junho de 2013

My Love (It could happen to you) Parte VII

Uma história de amor que podia ser a sua

(um conto longo)

(ver parte VI)

 

 

VI Capítulo

Cascais - Barcos no tejo - O canto do nelson

     Carlos continuava naquela esplanada da Marina de Cascais. Umas vezes olhando os pequenos barcos de recreio, outras olhando lá ao fundo mais um cruzeiro que partia para águas longínquas e sonhava como seríamos bom ir num deles para uma viagem sem destino.

     O tempo estava a esfriar um pouco, o Sol já começava a descair para o horizonte e as suas memórias não paravam.

     Despertou daquele transe quando um empregado junto dele perguntava se queria mais alguma coisa.

        - Olhe! Traga-me um whisky duplo simples e sem gelo.

        - Desculpe! Já o vejo aqui sentado absorto nos seus pensamentos. Desculpe insistir mas já são três doses que bebe e se vai conduzir não faça nenhuma asneira.

     Carlos olhou para aquele empregado simpático, correu-lhe uma lágrima e só disse:

        - Não!.. Não! Vou fazer nenhuma asneira! Obrigado. Traga-me também uma garrafa de água para levar. Não se preocupe! Isto passa,

     Quando veio o empregado trouxe o whisky, Carlos bebeu de um trago, pegou numa nota de cinquenta euros meteu-a na mão do empregado agarrou na garrafa de água e disse: Obrigado amigo.

     O empregado ficou boca aberta com aquela atitude e só viu o rapaz caminhar com a garrafa na mão direito ao um carro que estava mesmo ali à entrada da esplanada.

 

     Carlos entrou dentro do carro olhou em redor e arrancou estrada fora como quem vai para o Guincho.

 

     Parou na Boca do Inferno, desligou o carro e olhando o Sol lá no fundo como quem diz até amanhã e as suas recordações voltaram ao momento em que também o Sol ficava no horizonte de Paris.

 

De regresso de Paris

     (Estavam novamente no avião, só que desta vês pela janela em vez de se ver a aproximação de Paris era ao contrário. O Sena e a Torre Eiffel ia ficando cada vês mais pequenas. Lá mesmo ao fundo o sol ia descaindo no horizonte. João com a cabeça encostada ao Carlos tentava também ver aquele espectáculo através da janela do avião. Quando sentiu suas mãos segurarem nas suas todo o corpo trepidou. Olhou para o banco de traz e lá estava o pai com o maior sorriso nos lábios. (ou estava numa de aprovação pelo amor pelo João ou estava a preparar alguma para quando chegassem a Lisboa) Carlos não ligou muito pois estava feliz ao mesmo tempo que não lhe saia da cabeça aquela cena de o ver sentado aos pés da cama quando acordou, ainda abraçado ao meu amigo de infância que se tinha tornado em algo tão especial que nenhum dos dois podia entender.

 

     Aquela cena estaria certamente na mente de ambos pois suas mãos apertavam-se ao mesmo tempo de olhavam pela janela vendo Paris desaparecer no horizonte. Assim que ficaram somente as nuvens, olharam-se nos olhos que brilhavam bem lá no fundo. Pelos cantos miraram o pai Eduardo que mais uma vez com ar complacente e um sorriso nos lábios levou um dedo aos ditos como a dizer: “xiu!! O segredo é a alma do negócio”)

 

     Afinal de contas aquela amizade, vinha desde o berço e com pais tão distintos nas formas de pensar nunca os levaria a pensarem como irmãos mas sim como grandes amigos.

 

     Diz-se que contrariar o óbvio é como fazer uma contrafacção dos valores.

     "Torcer uma realidade não é aceitar o óbvio".

 

     Misturado com aquelas lembranças a quando da partida das mini férias a Paris teve um rebate de consciência.

 

     A nossa amizade já vinha desde a nascença. O nosso amor, já ia nos dois anos, mas aqueles quinze dias em Paris, tinha sido o culminar de uma paixão como nunca haveria outra igual. Já tinham feito os nossos vinte anos, cursos de advocacia acabados. Só nos faltava arranjar emprego (como estagiários) e o mais difícil de tudo: Contarmos abertamente a nossos pais a nossa orientação sexual)

 

No aeroporto de Lisboa

Aeroporto de Lisboa

     O avião já tinha aterrado e já estávamos dentro do autocarro que nos leva até aos cais de desembarque quando perguntei a meu pai:

        - Não é melhor telefonar para os pais do João a dizer que já chegámos? Pode ser que nos venham buscar.

        - Não! Conforme não tiveram a gentileza de nos vir trazer, certamente não estarão interessados em nos vir buscar. Alem disso, creio que a nossa amizade acabou no jantar em que convidas-te o João para esta estadia em Paris.

       - Então porquê? Não entendo.

       - Talvez não entendas agora, mas espera pela pancada. Há uma coisa que te quero dizer. Na viagem conversei com a tua mãe e estamos de acordo com as tuas escolhas e nunca te esqueças que os teus pais são o maior amigo que podes ter.

     Ainda estávamos com esta conversa dentro do autocarro quando meu pai voltando-se para o João:

        - Lembras-te de um dia teres dito que não irias seguir medicina mas sim advocacia? Dizias na altura que talvez um dia seriamos todos sócios.

     Se eu estava cada vez mais parvo com a conversa do meu pai o João Aida ficou mais atrapalhado com aquela declaração.

        - Lembro-me perfeitamente e lembro-me que tive várias discussões com minha mãe na altura.

        - Pois vai-te preparando com mais discussões com os teus pais, pois resolvi meter-te a ti e ao Carlos na minha sociedade de advogados como estagiários, até à formação final.

        - Quer dizer, que emprego já temos! – atirou o Carlos segurando-se aos ombros do pai.

        - Só nos falta a casa! – Brincou com ar sorridente e descarado o João.

    D. Eugénia que estava atenta à conversa, meteu-se na mesma.

         - Mas casa não há problema, temos aquele apartamento no Ericeira que podem utilizar como vosso.

 

     O autocarro tinha chegado ao fim e a conversa também.

     Eu e o João fomos tratar das malas e meus pais foram caminhando para a saída procurando um táxi.

 

João ainda dentro do carro 0lhando para o Sol que se ia esbatendo a pouco e pouco lá no horizonte continuava a recordar a sua chegada a Lisboa e a maior discussão de todos os tempos com os pais.

      

Entardecer

     Quando fiz as malas para a viagem (sem apoio de ninguém) esqueci-me de meter as chaves de casa em uma das malas e como os meus pais não estavam em casa não tive outro remédio que ficar em casa do Carlos. Eles deviam ter estado de serviço nocturno no hospital e só chegaram a casa de manhã.

     Foi um domingo para nunca mais esquecer.

     Em casa do Carlos todo o mundo se levantou cedo e fomos todos tomar o pequeno-almoço para o quintal.

     Estava-mos todos numa amena cavaqueira e com risadas à mistura, quando minha mãe toda alvorada e sobre o muro gritou!

        - Então é essa a tua casa? Chegas e nem a casa vai? Os teus pais já não merecem respeito?

     Ficaram todos atónitos com aquela saída da senhora doutora que tinha perdido as estribeiras.

        - Mas Mãe! Não levei as chaves e vocês não estavam, aliás não é do outro mundo eu ficar aqui em casa do Carlos.

        - Pois sim!!!! Mas essa coisa tem de acabar.

        - Mas tem de acabar porquê?

        - Conversei com um colega meu psiquiatra sobre as tuas amizades e a forma como tem sido regida ao longo destes anos e não achamos muito saudável.

 

     Aquele pequeno-almoço ao ar livre que tinha começado tão bem, em que felicidade e compreensão estava patente naquelas almas cheias de amor e no repasto de quinze dias passados em Paris

 

     Aquela estranbulhada mãe e sem grande causa aparente vinha estragar tudo.

 

     Perante tantos impropérios D. Eugénia não se conteve e atirou:

         - Oiça lá oh Doutora! O que quer dizer com essa de nós não sermos amizade saudável para o seu filho?

     D. Gertrudes ainda sob o muro e como do alto da sua cátedra respondeu:

         - Para uma advogada não me parece justo ter consentido a amizade tão íntima entre os nossos filhos criando neles uma atitude desviante na sexualidade.

 

     Todos ficaram parvos com aquela atitude, mais ainda ao fim de vinte anos de convívio parta a porta.

 

     João empertigou-se já deitando os bofes pela boca:

        - Mas mãe! Onde foi agora descobrir coisas na sua cabeça só porque falou com um psiquiatra? Não será a senhora que precisa de uma consulta?

        - Vem mas é para casa. O teu pai já cá está e temos muito que conversar.

     Perante aquela situação o João pediu desculpas aos amigos e mesmo sem levar as malas de viagem foi até sua casa.

 

Um Jantar de confrontos

 

     João quando entrou estavam na sala o pai, a mãe a Helena, amiga desta com a filha Isabel.

     Poderíeis dizer uma reunião de família, mas não. A Helena e a Isabel não faziam parte daquele núcleo.

     Poderia também ser uma reunião de boas vindas de umas mini férias, mas também não! Então o que seria?

     O Pai foi o primeiro a levantar-se e abraçar o filho perguntando-lhe se tinha corrido tudo bem.

        - Tudo bem! Correu. Só não correu bem foi a paxeirada que a mãe fez agora só porque não levei a chave de casa e como vocês não estavam acabei de ficar na do Carlos, aliás, como faço há uma dezena de anos para estudarmos.

         - A tua mãe quer à viva força que cases com a Isabel e como anda a contar a nossa vida a um novo colega na área da psiquiatria anda com as ideias um pouco confusas.

          - Se ela tem ideias confusas o melhor primeiro é tratar-se e depois se tem algo a perguntar-me é faze-lo directamente e não publicamente.

     Isabel que desde o primeiro dia onde tinha sido apresentada aquela família nunca tinha dado grande importância às investidas da casamenteira, levantou-se foi direita ao João tentando dar-lhe um beijo na boca ao qual ele desviou seus lábios para a face.

      D. Gertrudes notando o acto, atirou logo enraivecida:

         - Tas a ver? (virando-se para o marido) Desde quando um rapaz não aceita o beijo na boca de uma rapariga?

     Se o candeeiro do salão não estivesse bem preso ao tecto, este tinha caído assim como todos os presentes.

     Sem se dar conta a mãe do João tinha-se candidatado a “Presidentes do grupo de homofóbicos”.

     Se recuarmos um pouco às suas reminiscências, talvez a compreendamos, mas como médica é inaceitável a sua atitude. Principalmente perante o seu próprio filho.

     João que ainda não se tinha sentado com as mãos fez o sinal de calma e verbalizou:

 

           “ Desde criança que fui habituado a conviver com uma família que vocês gostavam e receberam de braços abertos durante vinte anos. O Carlos foi o irmão que vocês não me deram, pois andaram sempre mais preocupados com as vossas profissões e o stato a que ele obriga. Carinho perante a minha pessoa? Encontrei ao longo dos anos, nos tais vizinhos aqui mesmo ao lado. O Carlos teve o seu primeiro computador que eu não tive. O Carlos teve o carro que vocês nunca me deram. Carlos teve sempre a compreensão dos pais em tudo o que fazia e nas suas escolhas, o que vocês nunca tiveram para comigo. Enquanto os pais dele sempre quiseram o melhor para ele, desde os estudos até às mais pequenas coisas, Vocês só se preocupavam em encontrar-me uma rapariga para casar não se preocupando se era para mim a mulher ideal. O que interessava era eu casar e ter filhos. Até quando vos comuniquei que não seguiria o curso de medicina mas o de advocacia. Vocês estrebucharam um pouco mas como aceitei namorar com a Isabel, vocês concordaram. Quando os meus amigos me convidaram para umas férias em França, nem se deram ao cuidado de nos ir levar ao aeroporto. (era o mínimo que podias fazer a quem iria pagar todas as minhas despesas). Agora que pela trigésima milionésima vez fiquem em casa do Carlos, já tenho todos os defeitos do mundo.

     Pois fiquem sabendo que o Dr. Manuel Marques e a esposa convidaram-me a fazer parte da sua sociedade de advogados para onde vou já na segunda-feira trabalhar. O Carlos também vai lá estar e os seus pais aceitaram de bom grado a nossa amizade.”.

 

     Perante esta divulgação tão consciente, todos ficaram sentados e sem pinga de sangue para corroborar. Somente D. Gertrudes vermelha como pimentão balbuciou:

        - E é só isso que nos tens para dizer?

        - Por agora é! Mas se quiserem saber mais alguma coisa é só perguntar. – Desafiou João.

 

     Helena que nada tinha a ver com o assunto, mas estava a ver o caso da filha já casada mal parado e talvez derivado à sua ignorância social, perguntou:

        - Mas tu gostas da Isabel?

        - Gosto da Isabel e todas as mulheres assim como gosto de mulheres, só que ainda não chegou o momento certo.

        - Então filho! Em que ficamos? – Perguntou o pai.

        - Sim! Diz lá em que ficamos? – Retorquiu a mãe quase eufórica.

 

     João calmamente virando-se para todos continuou:

 

      “ Lamento que sejam tão mesquinhos e tão retrógrados e não aceitem a realidade dos tempos. Só vêem o que lhes está diante no nariz segundo a vossa concepção de vida esquecendo-se que têm telhados de vidro. Uma senhora que deixou o marido ir comprar cigarros para sempre e outra que se esconde na sua escuridão em concluiu com um padre e não reconhece que o marido tem uma amante. Ora bolas. Que mais querem saber? A minha orientação sexual? Tenham coragem perguntem!”

 

     (Fez-se um momento de silêncio tenebroso. Se naquele momento estivesse ali um sonoplasta, e fosse uma cana cinematográfica, teria posto a tocar “ A Marcha fúnebre de Richard Wagner.”)

 

     Naquela altura, ninguém queria aceitar os seus próprios podres que achavam naturais. De tal forma foi a abertura do livro das lamentações hipócritas daquela gente pela boca do João que sempre tinha guardado os segredos dos pais que ninguém teve coragem de dizer algo.

     A Helena pegou num braço da filha e sem se despedir desarvorou porta fora com o rabinho entre pernas.

     João riu-se e dirigindo-se aos pais perguntou:

 

        - Então! Quem é melhor? O pai que tem uma amante e por acaso é a que desarvorou porta fora agora mesmo? Ou a Mãe que sabe e queria casar-me com a miúda para ficarmos todos em família? Quem é o mais honesto? Quem é que se tem portado mais mal?

 

              A cara do Eduardo estava vermelha como pimentão e Gertrudes quase a dar-lhe um chilique.

 

       - Então? Não há perguntas? Sim!!! Eu e o Carlos temos uma relação de amizade e sexual e vamos viver juntos.

 

     D. Gertrudes levantou-se e apontando a porta da rua gritou:

     Em minha casa não há paneleiros!...

 

        (Se fosse uma peça de teatro, o pano da boca de cena tinha caído e o publico tinha ficado agarrado a suas cadeiras sem pinga de sangue pela aquela tragédia e ninguém aplaudia).

 

 (Ir para a VIII Parte)

 

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência. O geral ultrapassa a ficção.

As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.

 

 

              Nelson Camacho D’Magoito

           “Contos ao sabor da imaginação”

                  de Nelson Camacho

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Sábado, 15 de Junho de 2013

My Love (It could happen to you) Parte VI

Paris arco do triunfo

Uma história de amor que podia ser a sua

(um conto longo)

(ver parte V)

 

 

V Capítulo

 

 

Férias em Paris

 

     Aquele pequeno-almoço em casa dos Marques iria ser a confirmação de um grande amor entre aqueles rapazes que se conheciam desde as suas nascenças. Na mente deles enquanto era feita a proposta para o João acompanhar o Pedro a Paris pelos pais deste último, iam fazendo uma retrospectiva como tinham chegado até àquele momento.  

    Afinal de contas o casal Marques, talvez por serem advogados e oriundos da grande capital, eram pessoas com as mentes mais abertas e nunca se preocuparam com aquela amizade. Moravam casas meias, andavam nos mesmos colégios e praticavam os mesmos desportos.

    Já o casal França, médicos mas principalmente D. Gertrudes, oriunda de gente humilde e muito apegada à religião não eram bem assim. Para além de serem bastante contidos nas despesas olhavam para o João como coisa de sua posse. Aceitavam de bom grado aquela amizade porque era gente de dinheiro mas quando o rapazola fez dezanove anos logo começou por lhe tratar de noiva. Segundo ela dizia “queria ter netos o mais cedo possível e que fossem de uma união (a seu ver) pelo casamento católico. Único conceito que tinha sobre o casamento. Homem/Mulher a abençoados pelo padre que frequentava permanentemente.

 

     Depois de ficar tudo combinado, só restava um pouco de conversa da treta com algumas anedotas pelo meio até à hora de cada um partir para os seus afazeres e o João ir para casa e contar aos pais do convite dos pais do Carlos para a ida a Paris.

     Ainda fizeram um jantar em casa dos Marques para confirmar e combinar a ida do João com eles a Paris.

 

              No dia aprazado lá foram todos de avião com escala directa a Paris

 

Paris My Love

      Já sobrevoando aquela cidade de encanto, sonho e amor os jovens espreitando pela janela do avião já se iam deslumbrando com tanta luz e com o que iriam fazer.

     Como estava tudo pago pela empresa que tinha contratado o advogado Manuel Marques, instalaram-se num dos melhores hotéis de Paris. O casal ficou numa suite e os rapazes noutra.

      Durante o dia a Sociedade contratante mandava um carro para o Dr., e D. Eugénia ia fazendo o que melhor e queria fazer naquela terra de glamour. Visitar museus e lojas de compras.

      Os rapazes ficavam à solta, tentando visitar os locais de boémia e desaforos de Paris.

      Em uma noite e enquanto os pais ficaram a descansar, deram “corda aos sapatos” e aconselho e segundo indicações de um jovem empregado do hotel que não era parvo (Os franceses empregados dos hotéis estão sempre atentos aos hospedes e sempre prontos a canaliza-los para os locais de acordo com a percepção que têm deles. Alguns até chegam a ser garotos de programa) lá foram eles até à rua Montorgueil e jantaram no Au Tibourg umas saborosas salsichas Toulousain, especialidades da casa. Foram tomar um copo ao Le Gai Moulin, um dos mais famosos restaurantes gay que derivado à característica das mesas ficarem juntas, o convívio torna-se mais fácil aos tímidos.

      As casas estavam cheias de gente colorida e quando notaram que os nossos rapazes eram portugueses logo lhes indicaram outros bares existentes rua abaixo. Foi assim que acabaram por curtir uma noite cheia de animação e glamour como nunca tinham visto em Portugal. Foram até ao Marais e passaram pelos bares Cox e Quatzel.

 

      Acabaram a noite perto do hotel que ficava no Camps Élysées no  Queen a maior discoteca gay de Paris e provavelmente a que apresenta a maior variedade de sons, shows e go-go boys.

      Foi uma noite inesquecível. Chegaram ao hotel já o sol brilhava lá o fundo do Sena.

 

Kisses em Paris

     Porque o sol já entrava janela dentro e a vista de Paris ao amanhecer convidada à paixão e talvez por um copo a mais, abraçaram-se e se beijaram fervorosamente. (A amor andava no ar).

     Desde aquele beijo frenético até o começarem a despir-se foi um apci até se esqueceram que mais adiante havia uma cama. Foi mesmo ali no sofá encostado há janelas que o sol depois de ultrapassar os vidros da janela se foi esbatendo em seus corpos luzidios e musculados próprios da sua juventude.

     Amaram-se, tornaram a amar-se e nem o cansaço da noite os fez parar até ao Clímax final.

 

     Quando de manhã D. Eugénia lhes bateu na porta do quarto, eles nem responderam. Dormiam a sono ferrado. Quiçá envoltos em seus sonhos de amor.

     O Sr. Marques que acompanhava a mulher ao verificar que ninguém atendia e sabendo que eles tinham ido para a borga e com medo que ela abrir-se aporta, (pois ele não era parvo) logo lhe segurou num braço e a encaminhou corredor fora ao mesmo tempo que os desculpava:

          – Deviam estar estoirados pela noitada.

 

     Naquele dia e porque a noite tinha sido de grande alvoroço, nem desceram para o almoço.

     O Pai Marques saiu de manhã mas antes avisou a mulher que tinha conseguido bilhetes para a noite irem todos ao Lido jantar e assistir ao espectáculo.

 

     "O Lido é o mais sumptuoso cabaré do mundo com 7500 m2 e com seis andares desde o palco até ao teto, albergando 1150 lugares. Os jantares são servidos numa plateia gigante que se eleva 80 cm do chão para uma melhor apreciação dos espectáculos únicos e símbolos das noites de Paris".

 

     Porque se tratava de uma noite de gala. D. Eugénia não esteve com meias medidas e depois do almoço e em colaboração com um empregado do hotel arranjou dois smokings para os rapazes. Para o marido não seria necessário pois para qualquer viagem era sempre um dos fatos que viajava com ele.

 

     Na hora do lanche eles lá apareceram felizes e contentes e mais ficaram quando souberam dos bilhetes para o Lido e do que a mãe Eugénia tinha aprontado.

 

     Na hora aprazada lá cegou o Dr. Marques numa limusina do patrão e com ele mesmo acompanhado da mulher. D. Eugénia não se tinha enganado com o que iria acontecer naquela noite. Os patrões do marido também vinham com traje de gala.

 

     Depois do jantar/espectáculo no Lido ainda foram todos tomar um copo Ao Restaurantes 58 da Torre Eiffel de onde se desfruta uma panorâmica nocturna sobre Paris que dá emanações especiais sobre as pessoas com direito a chegarem ao hotel o mais rapidamente possível para fazerem amor.

 

     Durante aqueles quinze dias, tiveram tempo para tudo umas vezes sós outras acompanhados por D. Eugénia.

     Desceram o Rio Sena, fizeram uma visita ao museu do Louvre, o Castelo de Versailles.

     À noite já na companhia do Dr. Marques foram até Crazy Horse que é o local de Paris para espectáculos muito sensuais!

 

Moulin Rouge

     "Porque é difícil arranjar bilhetes para os Moulin Rouge (O mais famoso cabaret do mundo) só o conseguiram para a véspera de abalarem para Portugal Tinham de estar no aeroporto de Charles de Gaulle, também conhecido como Aeroporto Roissy. Porque se distancia do centro da cidade cerca de 23 km e tomando em atenção o transito na cidade que é impressionante e terem de lá estar pelo menos uma hora antes. O fazer as malas, acordar os rapazes teria de ser tarefa a tomar em conta".

 

     Depois daquela noite de glamour e estafados daqueles quinze dias, O casal Marques recolheu-se, mas os nossos rapazes ainda foram até ao Bar do Hotel beber uns copos e fazerem uma retrospectiva do que tinha sido a sua vida até àquele momento. Estavam prestes chegarem à vidinha do costume mas com mais conflitos pessoais e sobre a sociedade para resolver.

 

J     á um pouco entornados subiram para a suite. Amaram-se como nunca até de madrugada mas acabaram por adormecer como anjos.

 

Dia da Partida

 

     Naquela noite, tanto com o casal Marques como com os rapazes pouco dormiram mas como já era habito o Marque foi ao primeiro a levantar-se, tomou um duche acabou por recolher os seus bens e caminhou-se até ao quarto do filho e do amigo, esperando que ainda dormissem a sono solto. Primeiro bateu à porta uma, duas vezes. Como não obteve resposta, abriu-a. Não sei se ficou muito admirado ou não. Só sei que o que estava a ver, nada mais era para ele a coisa mais natural do mundo.

     Eram dois seres enroscados e dormindo como anjos onde se verificava haver um grande amor.

Dormindo de conchinha na última noite em Paris

     Aproximou-se deles, sentiu-lhes a respiração e tocou no ombro de um deles. Não obteve resposta. Puxou de um cadeirão e como se encontra-se num hospital perante um filho doente, ali ficou durante algum tempo admirando-os e dando voltas à cabeça do que iria acontecer a seguir.

     Eles nem deram pela sua presença. De vez em quando remexiam-se e se apertavam cada vês mais.

     Entretanto Carlos acordou e ainda pestanejando viu o pai ali sentado olhando com olhar terno para ambos.

     Deu um salto com tanta força que o João também acordou, olhou e viu o que nunca esperaria ver na vida.

     Marques vendo a atrapalhação de ambos, colocou um dedo frente aos lábios em sinal de “Não digam nada” e perguntou:

                 - Vocês são felizes?

 

(Ir para a VII Parte)

 

 

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              Nelson Camacho D’Magoito

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                   de Nelson Camacho

 

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Quarta-feira, 12 de Junho de 2013

My Love (It could happen to you) Parte V

Boys de maos dadas de volta a lisboa

Uma história de amor que podia ser a sua

(um conto longo)

   (ver parte IV)

 

 

IV Capítulo

 

 

De volta a Lisboa

 

     Voltaram a Lisboa e a vida destes rapazes nunca mais foi a mesmo. Continuaram a frequentar a mesma escola e o mesmo ginásio.

     D. Gertrudes começou a convidar mais assiduamente a Isabel e a mãe a irem lá a casa, normalmente para jantarem e a conversa era sempre a mesma. Tentar que o filho namora-se a Isabel.

 

     João não ligava e já estava farto. O seu amor era o Carlos e ninguém os iria separar. Encontravam-se às escondidas na cave lá da casa, mas aquilo não era o ideal nem se sentiam confortáveis.

      Um dia combinaram fazerem uma proposta aos pais de ambos. Com a desculpa que tinham de estudar juntos e quem tinha um computador ligado à internet era o Carlos combinaram estudar no quarto deste depois dos jantares.

     Os pais do Carlos não se opuseram, somente D. Gertrudes não gostou muito da ideia mas como o marido não colocou qualquer obstáculo não teve outro remédio se não, aceitar.

     João e Carlos começaram a estudar em casa deste e com as desculpas mais esfarrapadas, por exemplo, que tinham muitos pontos lá na escola, às vezes até lá ficava.

 

  "Aquele sistema durou até ao fim de ano lectivo até que acabada a escola não encontraram qualquer desculpa para o João ficasse em casa do Carlos."

 

     Entretanto a mãe do João não deixava o filho em paz com a ideia de ele namorar a Isabel, conjuntamente com a mãe desta já falavam em casamento.

 

(QUANDO A COISA COMEÇA A DAR A VOLTA)

 

Gays fazem ferias em torre de molinos

    Um dia o Marques chegou a casa e contou que iria quinze dias fazer um trabalho em Paris e podia levar a família.

    O Pedro contou ao João o acontecimento que o aconselhou a aceitar pois Paris era uma cidade maravilhosa que ele já conhecia e era uma boa oportunidade para ele. Como a escola iria entrar no período das grandes férias seria uma boa oportunidade.

        - Sim! E tu ficas por cá à solta. – Argumentou o Carlos.

        - São só quinze dias e não me vou portar mal. A única chatice é a minha mãe que não pára de me atirar à cara a Isabel. Lá tenho de aguentar uns jantares e uns cinemas chatos.

        - Mas isso não vai acontecer. Hoje jantas e ficas cá em casa e vou encontrar uma solução.

    Como já era hábito o João jantou em casa do Carlos.

    Seria mais um jantar normal se o Carlos não tivesse algo em mente.

    Quando veio à baila o trabalho que o Marques iria fazer em Paris, que não conhecia, logo o Carlos disse que o João já lá tinha estado.

       - Sim efectivamente já lá passei oito dias quando acompanhei os meus pais a uma convenção entre médicos. É uma cidade muito bonita com grandes museus, salas de espectáculo e lojas de roupa onde normalmente as senhoras se perdem.

       - Podias ser nosso cicerone! – Atirou o Carlos

       - Vocês de facto são como “O Roque e a amiga” – comentou a Eugénia.

       - Espero que sejam antes “O Roque e o Roque” – atirou à laia de graça o Marques. O que deu gargalhada geral.

    A conversa seguiu normalmente. Falou-se dos estudos. O que cada um queria ser profissionalmente chegando ao ponto do João dizer que não ia para medicina como os pais mas para advocacia. Seria assim uma oportunidade da mais tarde criarem os quatro uma sociedade já que o Carlos ia para advogado.

       - E os teus pais não se vão chatear com essa ideia? – Perguntou D. Eugénia.

       - O meu pai está-se nas tintas, o pior é a minha mãe, que tem umas ideias muito próprias. Até me quer arranjar uma namorada ao jeito dela, mas eu dou-lhe a volta. Primeiro estão os meus gostos e a minha felicidade.

       - E quem fala assim não é gago – atirou o Carlos. Todos se riram.

    Depois do jantar foram até ao salão para tomarem os cafés. Eugénia foi até à cozinha e ficaram os rapazes com o pai Marques que lhes ofereceu um conhaque.

     O marque quando entregou a bebida ao filho a modos de surdina perguntou-lhe:

        - Tu gostas muito do João! Não gostas?

        - O João é o meu melhor amigo! É melhor do que se fosse meu irmão. Já agora pergunte-lhe se não é da mesma opinião.

    Como esta última declaração foi feita em voz alta o João ouviu e perguntou:

        - Mas perguntar-me o quê! – Balbuciou ao mesmo tempo que a tês ficava avermelhada.

        - Não é nada de mais! Estava a perguntar ao meu filho se ele não era o teu melhor amigo.

        - Sr. Doutor! Sabe daquele expressão “Era capaz de morrer por ele?”

        - É pá! Também não é preciso tanto! Mas isso é natural pois foram criados juntos e as amizades quando são sãs e perduram no tempo fazem-se sacrifícios que nem todos entendem. Eu também tenho um amigo de longos anos com que desabafo coisas que não faço nem com a minha mulher.

 

   "Para a relação escondida que aqueles rapazes tinham aquela conversa do Sr Marques, para ambos foi como um bálsamo. Havia qualquer coisa de estranho naquela declaração e mais ainda quando notaram que Marques ao mesmo tempo que o fazia, enchia novamente o copo de conhaque e de um sofro só o bebeu todo ao mesmo tempo que serrava os olhos."

 

    João notou e observou ao amigo:

        - O que se passa com o teu Pai?

        - Não ligues! O gajo é um tipo porreiro, mas quando fala de certas coisas fica assim!

        - Terá ele tido um amor escondido como nós?

        - Não sei nem me interessa. Tem sido um pai espectacular e isso é que importa.

 

    Porque entretanto já tinha chegado a meia-noite resolveram irem-se deitar.

 

    Como era normal os rapazes foram para o quarto do Pedro e o Marques, depois de beber mais um copo, também se foi deitar.

 

    O quarto do Pedro para além de um pequeno sofá e uma secretária com o computador tinha uma só cama, coisa que nunca ninguém se preocupou como eles dormiam pois sempre os tinham tratado como irmãos.

 

       - Qualquer dia isto vai dar bronca. Já andamos nisto à mais de um ano. – Comentou o João depois de fecharem a porta.

       - Estás preocupado? A minha mãe nunca se meteu na nossa vida e o meu pai pela conversa que teve depois do jantar se já não tem, teve um amigo colorido como nós somos.

       - Pois!!! - Retorqui o João ao mesmo tempo que começava a beija-lo começando a despir-se no caminho a cama – O pior é a minha mãe! Mas como ela nunca veio a este quarto não sabe como nós dormimos.

    Pedro agarrado ao amigo imitou-o começando também a despir-se.

   Quando chegaram à cama já se encontravam despidos a agarrados como um só e atiraram-se como se fosse para uma piscina. Com aquele salto fizeram um pouco de barulho. Notaram o efeito e deram umas sonantes gargalhadas. O Marques que na altura passava pelo corredor a caminho do seu quarto ouviu as gargalhadas, bateu à porta recomendando que não eram horas para brincadeiras. Os rapazes ficaram atónitos e meteram-se dentro dos lençóis sôfregos pelas suas rizadas e pela situação. Acabaram quase se sufocando com as rizadas debaixo dos lençóis e o beijo prolongou-se com sofreguidão. Eles não sabiam se era pelo stress causado pela dica do Marques quando passou pela porta ou porque tinham chegado à conclusão ao fim de uma no de relacionamento que estavam apaixonados. Aquela noite não seria igual a tantas outras passadas onde o sexo estava à frente de todos os seus desejos. Naquela noite estava a acontecer qualquer coisa que não entendia. Sexo? Sim! Ouve mas com mais paixão com mais sofreguidão penetrando-se mutuamente até que adormeceram somente enrolados no edredão.

Dormindo de conchinha

De manhã acordaram ao bater na porta de D. Eugénia informando que o pequeno-almoço estava na mesa.

 

    Tomaram um duche a correr, vestiram-se, deram um jeito na cama – como já era hábito e desceram com o ar mais alegre deste mundo.

    O casal Marques já se encontrava à mesa também com ar de que também eles tinham passado uma boa noite e o Marques com um sorriso nos lábios atirou.

        - Então ontem à noite foi galhofa até as tantas!

        - É verdade! Estivemos a ver umas anedotas na internet, espero que não tenha incomodado!

    João aproveitou a deixa e a satisfação dos pais para de repente e segurando nas mãos do pai:

        - Então pagas a viagem do João para nosso cicerone em Paris?

    Ele não precisa que lhe paguem a viagem, tem uma boa mesada.

        - Isso é o que vocês pensam. Os pais dele, são uns semíticos do caraças. Ainda nem lhe pagaram a carta de condução nem lhe compraram um carrito.

        - Bem isso é lá com eles, mas se não houver obstáculos, eu arco com as despesas só para o teres o tal cicerone (e riu-se)

     O cicerone não vai ser só para mim. – Retorquiu o Carlos todo contente.

        - Pois! É assim! Eu vou estar a trabalhar, a tua mãe vai andar nas compras a gastar o que lá vou ganhar. Ficam vocês para se divertirem nas ruas de Paris.

    D. Eugénia que acusou o toque de gastadora foi-se logo queixando que ela não tinha sido convidada para esse trabalho. E todos se riram.

        - Agora só falta convencer os teus pais a ires connosco.

        - Como passei o ano com boas notas e não me deram qualquer prenda, não têm outro remédio se não aceitarem o vosso convite.

 

    Efectivamente da parte do Dr. França não foi difícil a autorização. (mandava o filho de férias para Paris e não gastava peva).

    Quanto a D. Gertrudes, foi um pouco mais complicado pois já tinha combinado com a amiga e com a filha irem passar uns dias à Figueira da foz com o filho, mas este insistiu tanto, assim como os pais do Carlos que ela não teve outro remédio que aceitar.

 

    Mesmo depois de os Marques terem convidado os França para um jantar lá em casa a fim de confirmar a ida do João com eles a Paris e ao mesmo tempo pressionar D. Gertrudes nesse sentido – o que a custo aceitou – Nem no dia da partida ajudou o filho a fazer as malas.

    Dizia ela: Se ele é para umas coisas, também é para outras.

    Foi ao ponto não só não acompanhar o filho ao aeroporto como levar a casal amigo de tantos anos ao mesmo.

    Tiveram de ir de Táxi. Mas foram!

 

          Atenção que a coisa vai esquentar-----»»»

 

(Ir para a VI Parte)

 

 Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência. O geral ultrapassa a ficção.

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Terça-feira, 11 de Junho de 2013

My Love (It could happen to you) Parte IV

copula - kama sutra

 

Uma história de amor que podia ser a sua

(um conto longo)

(ver parte III)

 

 

Primeira noite de amor.

 

     Já no quarto, João foi até ao mini-bar retirou dois copos e uma garrafa de whisky, encheu os copos. Carlos já se tinha despido e metido no vale dos lençóis. João entregou-lhe um copo e também se preparou para se deitar.

     Depois de tudo o que tinha acontecido nenhum dos dois tinha balbuciado qualquer palavra até que o Carlos já com um copo na mão perguntou:

        - Isto é para acalmar as nossas mágoas?

        - Onde encontras as mágoa? – perguntou o João.

        - Já te esqueceste?

        - Mas achas que são mágoas? Não gostaste?

      A quando deste última dica do João, ainda de boxers vestidos, meteu-se na cama e beijou o Carlos.

 

 “Se há amor e paixão verdadeira entre dois seres, este era o momento que estava a acontecer.

Estes dois jovens viris e prontos a enfrentar a vida sexual tinham-se encontrado ao fim de dezoito anos sem saberem bem porquê? Tinha acontecido simplesmente!

Aquela noite foi a sequência do que tinha acontecido quando o Carlos ao colocar o creme no corpo do João, na espreguiçadeira da piscina tinha tocado sem querer com os dedos no pénis hirto do amigo”.

 

        - Então! Gostaste ou não? - Continuou o João

        - Mas ainda não disse o contrário. Eu só pergunto! E agora?

        - Agora vamos dormir sobre o assunto. - Disse o João.

        - Como posso dormir sobre o assunto se ficas aqui na minha cama?

        - Mas não me queres aqui? – Perguntou o João

        - Não é bem isso! Mas ainda não estou em mim. De qualquer das formas talvez se estiveres mais junto a mim resolva o que me vai na cabeça.

        - E o que te vai na cabeça?

        - Ainda não sei bem, mas com o calor da noite e do teu corpo talvez resolva o problema.

 

“No final de contas o problema do Carlos era um conflito pessoal e geracional pois em casa sempre tinha ouvido seus pais serem conta a homossexualidade e agora?

Não sabia bem o que estava a acontecer com ele. Sempre tinha tido uma amizade bem forte pelo João mas nunca calculou que se envolvessem sexualmente, no entanto, estava a sentir algo estranho pelo amigo. Seria homossexual?

Se ele o era e o amigo? Não seria também? O que se estava a passar?”

 

     Entrando nos pensamentos do Carlos o João também estava com problemas de consciência. Nunca tinha tido tanto atracão sexual por ninguém como naquele dia pelo amigo de infância. Ao fim de tantos anos tinha descoberto que gostava dele como parceiro sexual ou tinha sido somente uma experiência e então aceitou o repto do amigo para dormirem na mesma cama”

 

        - Queres que fique contigo?

     Carlos olhou-o bem nos olhos, beijou-lhe os lábios e segurando-lhe a cabeça confirmou desta maneira:

        - Mas só dormir!

        - Que querias mais? – respondeu prontamente o João que se deitou-se de lado.

 

     Ambos se aconchegaram de conchinha ficando o Carlos que estava todo nu por trás do João e assim ficaram durante algum tempo. Tempo para as suas mentes voarem até alguns filmes porno que já tinham visto os dois juntos na internet.

     Com o calor dos corpos debaixo dos lençóis e pelo ambiente do quarto ou porque a cabeça do pau do Pedro roçava nos boxers do João, este começou a levantar-se.

     João que não conseguia dormir e sentindo aquele pau rijo roçar nos seus boxers retirou-os e levantado uma perna.

        - Queres experimentar penetrar-me? Já vimos como se faz nos filmes.

        - Queres mesmo?

        - Mete devagar para não me doer. Mas depois eu também quero!

     Pedro não esteve com meias medidas e fez como já tinha visto nos tais filmes. Besuntou com um pouco de saliva o seu pénis e pouco a pouco começou penetrando o seu amigo. Primeiro entrou a cabecita. João fez pressão no sentido de entrar mais até que sentiu a penetração total daquele pau dentro de si. Fê-lo com tanta fúria que até doeu um pouco. Ambos se movimentaram no sentido da penetração. Ambos guincharam. Um de prazer e outro de pequena dor e prazer.

     Aquele vai e vem descontrolado pela pouca experiência durou algum tempo até o João dizer que também queria. Pedro retirou o seu pau daquele local tão aconchegado e colocaram-se frente a frente.

 

kama-sutra sentado na piroca

     Pedro começou por beijar o João desde os lábios até ao pau que o lubrificou com a sua saliva encolheu-se colocando os joelhos à volta do corpo do João apontou o pénis dele ao seu cuzinho virgem e foi-se sentando naquela piroca que já tinha mamado dentro de si. Naquela posição foi melhor para ele não doendo tanto como tinha acontecido ao amigo. Cavalgou lentamente e por vária vezes até que sentiu dentro de si aquele mangalho que até era um pouco maior que o seu.

     João que até era um pouco atlético elevou o corpo não retirando de dentro de si o pau do amigo conseguiu beijar-lhe nos lábios segurando-lhe a cabeça.

 

 

"Aqueles rapazes para uma primeira experiencia não estavam mal. Já tinham feito tudo menos o prazer de se virem o que seria difícil pois nos seus subconscientes ainda pairavam certos conflitos."

 

     Seus corpos estavam totalmente molhados de transpiração e acabaram deitados frente a frente, mas no sentido contrário olhando mutuamente suas pirócas que estavam semi-hirtas mesmo ali à mão de serem beijadas. Seguraram-nas e tentaram a última experiência naquela noite meteram-nas em suas bocas que pouco a pouco foram aumentando de volume e rijas. Estavam no perfeito 69.

 

     Depois de estarem num mamanço fervoroso em cada piroca do outro sentiram nas suas bocas aqueles deliciosos sémenes espessos com um certo sabor acre.

 

     Foi o clímax total.

     Acabaram por adormecer assim mesmo.

O caçador em kama-sutra unidos

 

No outro dia de manhã

 

dormindo de conchinha my Love

     Conforme adormeceram assim estavam envolvidos não só em seus corpos como em seus sonhos. Sonhos do que lhes tinha acontecido e quais os projectos para o futuro. – Só quem nunca dormiu num hotel e em circunstância idêntica é que sabe o que custa acordar quando nos batem à porta interrompendo nossos sonhos.

 

     Foi o que aconteceu quando pelas dez da manhã quando bateram à porta. Como não tinham colocado no puxador o cartão “Não incomodar”, era a empregada de quartos dizendo que eram horas de limpeza.

 

     Assustaram-se e em uníssono, foram desfazer a outra cama com medo que a empregada entrasse por ali dentro e os encontrasse naquele estado.

 

     Parecia que era de propósito, D. Gertrudes também batia à porta e sem mais aquelas, entrou, ao mesmo tempo que perguntava se não iam tomar o pequeno-almoço.

 

     Felizmente que já o Pedro se encontrava no chuveiro e o João deitado em uma das camas para onde se tinha atirado quando bateram à porta.

 

     D. Gertrudes, continuo na sua prelecção:

         - Estava a ver que os meninos ainda estavam na cama. João anda! Levanta-te! Já é tarde para o pequeno-almoço e queremos ir até à praia. Hoje vocês não se safam da praia, tens que fazer companhia à Isabel que coitada está descorçoada. Então não te levantas? Não vais tomar banho?

         - Já lá está o Carlos a tomar duche e só cabe um de cada vez. – Respondeu o João com ar de zangado - A gente já desce.

 

Aquele fim-de-semana foi um martírio para os rapazes.

 

     D. Gertrudes constantemente a atirar a Isabel à cara do João que tentava permanentemente fugir às investidas da mãe.

 

     O Pai França e o Marques passeando pelo areal.

     As mulheres de Bikini, juntas apanhando banhos de sol e criticando este ou aquele veraneante pela forma de andar ou de vestir. Tudo servia para criticar. As barrigas, as banhas os fatos de banho e as mamas ao léu.

     O João e o Carlos tentavam o mais possível ficarem longe no mar aos saltos e nas brincadeiras próprias das suas idades que ia também servindo para limparem suas mentes sobre o que tinha acontecido.

     A Isabel metida consigo mesma, lá se ia bronzeando ao lado das “cuscas” mas não se metendo nas suas conversas. De vez em quando ia dando um mergulho junto aos rapazes mas como eles também não lhe ligavam, voltava para a toalha.

     Tanto o França como o Marques nas suas voltinhas no areal quando passavam junto aos rapares que se banhavam também lá iam tentando entrar nas brincadeiras dos filhos mas estes não davam muito troco e nadavam lá para mais longe.

 

     À noite depois do jantar lá se juntavam todos dando uma volta pelo passeio marítimo e entrando num ou outro café para tomarem um copo.

     Ainda tiveram tempo para visitarem uma das maiores maravilhas do mundo:

 

Palma de Maiorca - Las cuevas del Drach

Las cuevas del Drach em Manacor


"Las cuevas del Drach"É uma imensa cratera que depois de descermos encontramos um anfiteatro com bancos corridos (em madeira). Temos como fundo um enorme lago. As luzes apagam-se e lá do fundo vão aparecendo uns barquinhos iluminados com tochas e dentro deles vêm músicos tocando seus violinos e um piano tocando uma música maravilhosa”.

 

     Se algo de extraordinário se tinha passado entre eles naquele curto fim-de-semana aquela visita de sonho mais tinha despertado o grande amor descoberto naqueles jovens.

 

     Naquelas duas noites que restaram da mini férias Carlos e João continuaram a dormir na mesma cama e a praticarem todas as variantes sexuais  possíveis.

 

     Durante o dia trocavam olhares discretamente com medo que houvesse algo que os denunciasse.

 

(Ir para a V Parte)

 

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência. O geral ultrapassa a ficção.

As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.

 

 

              Nelson Camacho D’Magoito

            “Contos ao sabor da imaginação”

                  de Nelson Camacho

música que estou a ouvir: my way
Estou com uma pica dos diabos:
publicado por nelson camacho às 01:59
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