Carta aberta e não só
O acto de escrever histórias ou contos não é tão fácil como parece. Nem sempre estou disposto para tanto e os neurónios nem sempre funcionam de maneira a poder com uma certa credibilidade contar-vos uma ou outra passagem dos meus momentos de ócio umas vezes, outras inventadas tentando serem o mais corretas possíveis literariamente.
Já lá vai o tempo em que acompanhava os textos com algumas fotografias mas o meu servidor (SAPO) resolveu anular quase todas as fotos por mim publicadas dizendo não estarem de acordo com as suas políticas, independentemente de nos meus blogues informar constantemente tratarem-se de texto dedicados a maiores de 18 anos.
Reclamei várias vezes e nunca obtive resposta
Como sou só escritor e não informático por mim, não consegui resolver o problema, assim, por respeito com os meus leitores daqui e de além-mar, passei a escrever sem fotos o que lamentamos todos.
Tenho em carteira alguns contos embora longos que a seu tempo (falta sempre qualquer coisa) serão publicados
Para já aqui fica um poema que gostava de ter escrito, mas foi escrito por um amigo meu e que dedico a outro amigo que está longe.
Espero que gostem.
ATRAS DE TI
É na sombra dos teus passos
Que eu acendo o meu olhar
E na curva dos teus braços
Que os meus olhos sonham laços
Que prendem o teu andar
É com barcos de coragem
A remar nos meus sentidos
Que persigo a tua imagem
A sonhar com a viagem
Dos nossos corpos unidos
É na noite abandonada
De ruas frias e sós
Que na sombra projectada
Eu vejo na madrugada
Farrapos da tua voz
Essa sombra indefinida
Onde não sei lá chegar
Levou há muito perdida
Toda a nossa imensa vida
Que nunca pude alcançar
De F. C.C.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Declarações” (cn-272)
Para maiores de 18 anos
© Nelson Camacho
2015 (ao abrigo do código do direito de autor)
Vá lá!… Ria-se um bocado
"Querida, escrevo para dizer que vou te deixar. Fui bom marido durante sete anos.
As duas últimas semanas foram um inferno!.
O seu patrão chamou-me para dizer que você tinha pedido demissão e isto foi a gota.
Na semana passada, nem notou que não assisti ao futebol.
Levei na churrascaria que mais gosta.
Você chegou a casa e nem comeu, foi dormir depois da novela.
Não diz que me ama. Está-me enganando ou não me ama mais?"
P.S.: Se quiseres encontrar-me, desista. A Júlia, aquela sua “melhor amiga da escola” e eu vamos viajar para Espanha e vamos nos casar!..
Ass.: Seu ex-marido.
RESPOSTA:
“Querido ex-marido, nada me fez mais feliz do que ler sua carta. É verdade, ficamos casados por sete anos, mas dizer que você foi um bom marido é exagero. Vejo a novela para não lhe ouvir resmungar a toda hora. Reparei que não assistiu ao futebol, mas com certeza, era porque seu clube já vinha perdendo todos os jogos e você já estava de mau humor. A churrascaria deve ser a preferida da amiga Júlia, pois você sabe que não como carne há um ano. Fui dormir porque vi que a cueca estava marcada de batom. Rezei para que a empregada não visse. Mas, com tudo isto, eu ainda o amava e senti que poderíamos resolver os nossos problemas. Assim… quando descobri que eu tinha ganho o Euro milhões, deixei o meu emprego e comprei dois bilhetes de avião para o Havaí, mas quando cheguei em casa você já tinha ido. Fazer o quê? Tudo acontece por alguma razão. Espero que você tenha a vida que sempre sonhou. O meu advogado me disse que devido à sua carta confessa, você não terá direito a nada. Portanto, te cuida!.."
P.S.: Não sei se lhe disse, mas a Júlia, minha “melhor amiga”, está grávida do Jorginho, nosso personal treiner. Espero que isto não seja um problema…
Ass.: Sua ex, e agora milionária, linda, feliz e super-solteira.
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Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação” (cn271)
© Nelson Camacho
2015 (ao abrigo do código do direito de autor)
Para que não digam que só escrevo histórias de alcova aqui fica um conto para você pensar.
Havia na Índia um carregador de água que transportava - em ambas as pontas de uma vara que levava atravessada no pescoço - dois potes grandes de barro.
Um dos potes tinha uma racha e o outro era perfeito.
O pote perfeito chegava sempre cheio ao final do longo caminho que ia do poço até à casa do patrão.
Mas o pote rachado chegava apenas com metade da água.
E assim, durante dois anos, o carregador entregou diariamente um pote e meio de água em casa do seu senhor.
O pote perfeito, é claro, estava orgulhoso do seu trabalho.
O pote rachado, porém, estava envergonhado da sua imperfeição. Sentia-se miserável por apenas ser capaz de realizar metade da tarefa a que estava destinado.
Depois de perceber que, ao longo de dois anos, não tinha passado de uma amarga desilusão, o pote disse um dia ao homem, à beira do poço:
- Estou envergonhado e quero pedir-te desculpa. Durante estes dois anos só entreguei metade da minha carga, porque a minha racha faz com que a água se vá derramando ao longo do caminho. Por causa do meu defeito, tu fazes o teu trabalho e não ganhas todo o salário que os teus esforços mereciam.
O homem ficou triste com a tristeza do velho pote, e disse-lhe com compaixão:
- Quando voltarmos para casa do meu senhor, quero que repares nas flores que se encontram à beira do caminho.
De facto, à medida que iam subindo a montanha, o pote rachado reparou em que havia muitas flores selvagens à beira do caminho e ficou mais animado.
Mas no final do percurso, tendo-se vazado mais uma vez metade da água, o pote sentiu-se mal de novo e voltou a pedir desculpa ao homem pela sua falha.
Então, o homem disse ao pote:
- Reparaste em que, ao longo do caminho, só havia flores de teu lado? Reparaste também em que, quando vínhamos do poço, todos os dias, tu ias regando essas flores? Ao longo de dois anos, eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Se tu não fosses assim como és, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.
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Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos & Lendas” (cn270)
© Nelson Camacho
2015 (ao abrigo do código do direito de autor)
Para que não digam que só escrevo histórias de alcova aqui fica uma que pode mudar o seu pensamento sobre a vida e talvez também o seu mundo interior.
Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital.
Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora todas as tardes para conseguir drenar o líquido de seus pulmões.
Sua cama estava junto da única janela do quarto.
O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas para a janela.
Os homens conversavam horas a fio.
Falavam das suas mulheres e famílias, das suas casas, seus empregos, seu envolvimento no serviço militar, locais onde eles passavam as férias.
Todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, ele passava o tempo descrevendo ao seu companheiro todas as coisas que ele podia ver do lado de fora da janela.
O homem da cama do lado começou a viver para aqueles períodos de uma hora, em que o seu mundo era
alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora.
A janela dava para um parque com um lindo lago de patos e cisnes brincavam na água enquanto
crianças com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braços dados por entre as flores de todas as cores e uma bela vista da silhueta da cidade podia ser visto na distância.
Quando o homem perto da janela descrevia isto tudo com detalhes requintados, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava estas cenas pitorescas.
Uma tarde quente, o homem perto da janela descreveu um desfile que passava.
Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, ele podia vê-lo no olho da sua mente como o
senhor a retractava através de palavras descritivas.
Dias, semanas e meses se passaram.
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Uma manhã, a enfermeira chegou ao quarto trazendo água para os seus banhos, e encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha morrido tranquilamente em seu sono.
Ela ficou muito triste e chamou o intendente para que levassem o corpo.
Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela.
A enfermeira ficou feliz em fazer a troca, e depois de ter certeza que ele estava confortável, ela deixou-o sozinho.
Vagarosamente e pacientemente, apoiou-se em um cotovelo e virou-se para a janela para tomar o seu primeiro olhar para o mundo real.
Fez um grande esforço e lentamente a olhar para fora da janela além da cama.
Ele enfrentou uma parede em branco.
O homem perguntou à enfermeira o que poderia ter levado seu companheiro falecido, que tinha
descrito coisas tão maravilhosas fora dessa janela.
A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede.
Ela disse: “Talvez ele só quisesse encorajar você”.
Epílogo:
Há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas.
A dor compartilhada é metade da tristeza, mas a felicidade quando compartilhada, é dobrada.
O que aquele homem sego deu ao seu companheiro de infortúnio foi um PRESENTE.
----------------- FIM -----------------
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação” (cn-269)
Para maiores de 18 anos
© Nelson Camacho
2015 (ao abrigo do código do direito de autor)
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