Domingo, 12 de Fevereiro de 2017

A Intrusa

Uma "Intrusa" em minha casa.

 

     Era eu ainda muito jovem, o meu pai conheceu uma estranha, recém-chegada à nossa pequena vila. Vila Boim - Elvas.

     Desde o início, o meu pai ficou fascinado com esta encantadora personagem e, de seguida, convidou-a a viver connosco.

     A estranha aceitou e, desde então, esteve sempre connosco.

     Enquanto crescia, nunca perguntei qual o papel daquela “intrusa” na família; na minha mente jovem já tinha um lugar muito especial.

     A minha mãe ensinou-me o que era bom e o que era mau e o meu pai ensinou-me a obedecer.
     Mas a “intrusa”, como eu lhe chamava, era a nossa conselheira.

     Mantinha-nos enfeitiçados durante horas com aventuras, mistérios e comédias.

     Ela tinha sempre respostas para qualquer coisa que quiséssemos saber de política, história ou ciência.
     Conhecia tudo do passado, do presente e até podia adivinhar o futuro!

     Levou a minha família ao primeiro jogo de futebol.

     Fazia-me rir e fazia-me chorar.

     A “intrusa” nunca parava de falar, mas o meu pai não se importava.

     O meu pai tinha fortes convicções morais, mas a “intrusa” nunca se sentia obrigada a honrá-las.
     As blasfémias, os palavrões, por exemplo, não eram permitidas em casa, nem da nossa parte, nem dos nossos amigos ou de quem nos visitasse.

     Entretanto, a nossa “intrusa” de longo prazo usava sem problemas a sua linguagem inapropriada que às vezes queimava os meus ouvidos e que deixava os meus pais envergonhados.
     O meu pai nunca me deu permissão para beber, mas a “intrusa” sugeria a tentá-lo e fazia-o de forma regular. Fez também com que o cigarro parecesse fresco e inofensivo.
     Falava livremente (talvez em demasia) sobre sexo. Os seus comentários eram às vezes evidentes, outros sugestivos e geralmente vergonhosos.

     Agora sei que os meus conceitos sobre as relações humanas foram influenciados fortemente durante a minha adolescência pela “intrusa”.

     Repetidas vezes a criticaram, mas ela nunca deu importância aos valores dos meus pais, mesmo assim, permaneceu em nossa casa.

     Passaram-se mais de cinquenta anos desde que a “intrusa” veio para a família.     Desde então mudou muito e já não é tão fascinante como era no princípio.

     Os meus pais faleceram mas a “intrusa” continua na minha casa sempre à espera que alguém queira escutar as suas conversas ou dedicar o seu tempo livre a fazer-lhe companhia.

     O nome dela? Ah, é a Televisão. Sim, a “intrusa” é a televisão.

     Agora tem um marido que se chama Computador, um filho que se chama Telemóvel e um neto de nome Tablet.

               A “intrusa” agora tem uma família.

               E a nossa família será que ainda existe? 

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

             Nelson Camacho D’Magoito

           “Contos DR: J. Alhinho” (306)

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)

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