A menina da Rádio da minha infância
Diz-se que são as coisas da nossa juventude que quando somos mais velhos saltam da nossa caixa de recordações e vêem à nossa memória.
Ainda na semana passada em conversa na esplanada à beira mar por onde passo aos fins-de-semana para uma cavaqueira com vários amigos foi tema de conversa os artistas da velha guarda ou seja os artistas que por esta ou outra razão preencheram a nossa juventude. Entre outros, falou-se da Milú. Aquela rapariga linda para a época quando aos doze anos se estreou como actriz no filme “Aldeia da Roupa Branca” ao lado da já famosa na altura de Beatriz Costa.
Milú teve uma vida de sucesso, não só no meio artístico português como no estrangeiro. Sendo extremamente bonita e fotogénica, chegou a ser comparada às “estrelas” de Hollywood.
Milú de seu nome próprio Maria de Lourdes de Almeida Lemos, nasceu em Lisboa a 24 de Abril de 1926
Porque minha mãe também esteve ligada ao meio artístico, muito novo comecei a ouvir a rádio nos seus primórdios sendo a voz da Milú que entrava casa dentro, tendo mais tarde, tido a oportunidade de conviver um pouco com ela por força de espectáculos realizados por minha Mãe.
“A Minha Casinha” e “Cantiga da Rua”, são cantigas que a imortalizaram para além dos filmes que interpretou, passou também pelo teatro de revista, - Teatros que os nossos governos sucessivos têm deixado cair uns porque arderam, é o caso do Teatro Avenida na avenida da Liberdade – onde cheguei a dormir nos camarins - e Teatro Variedades no Parque Mayer que está em escombros e onde trabalhei nuns espectáculos que se realizavam aos Domingos da parte da manhã (Passatempo Pac de Arlido Conde).
Milú foi uma das artistas mais belas que se atravessaram na minha vida, ainda hoje recordo a sua figura em filmes, já em DVD que vou vendo de vez em quanto como “Aldeia da Roupa Branca” de 1939 “ O Costa do Castelo” de 1943, “ O Leão da Estrela” de 1947 entre outros.
Milú ainda interpretou papéis de relevo em filmes espanhóis, como “Doce luna de miel” de 1944, “Barrio” de 1947.
Na sua filmografia ainda se conta com “A Volta do José do Telhado” de 1949, “O Grande Elias” de 1950, “Os Três da Vida Airada” de 1952, “Agora É que São Elas” de 1954, “Vidas sem Rumo” de 1956, “Dois Dias no Paraíso” de 1958, “O Diabo Era Outro” de 1981, findando a sua vasta participação como actriz, no filme de José Fonseca e Costa em 1981 “ Kilas, o Mau da Fita”.
É precisamente José Fonseca e Costa em parceria com A Casa do Artista dirigida por Raul Solnado e a RTP lhe realizaram em 2007 uma homenagem no Teatro São Luiz que contou com a maioria dos seus colegas a admiradores.
Foi neste espectáculo que Sua Excelência o Senhor Presidente da República Aníbal Cavaco Silva a agraciou com a Ordem Militar de Sant’Iago e Espada.
Sobre Milú, muito mais se poderia dizer, mas deixo essa tarefa para os mais entendidos em biografias. Este poste, nada mais é que a minha eterna saudade de uma mulher portuguesa que foi grande no seu (meu) país e que os senhores governantes principalmente das artes e culturas tentem esquecer. Ainda existem artistas que foram grandes e hoje estão doentes a passar necessidades sem o Ministério da Cultura que de cultura nada têm lhes deitar a mão.
Milú, com oitenta e dois anos de idade, foi hoje acompanhada por alguns amigos para a sua última morada.
Obrigado Milú, pelas alegrias que deste a este povo cinzento que cada vez mais mais vai olhando para o seu umbigo.
Nelson Camacho D’Magoito
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