Domingo, 24 de Setembro de 2017

A prostituição mora no Parque Eduardo VII

A Pprostituição mora no Parque Eduardo VII

Já tinha escrito que o Sábado estava chato e não encontrava amigas nem amigos para alegrar a alma, então meti-me no carro e lá fui sem destino marcado direito a Lisboa. Junto ao Bairro Alto ou na entrada de Alfama não encontrei lugar para arrumar o carro e quando dei por mim já ere meia-noite e estava no topo do Parque Eduardo VII junto ao Corte Inglês. Como eles têm parque privativo entrei. Dei uma volta e comprei um DVD “ A procura da Terra de Nunca” e um CD do meu amigo Paco Bandeira – que ainda não tinha. Não comprei mais nada porque a vida não está para gastos.

Sai e mesmo no topo do já dito parei para fumar um cigarro.

Tinha a janela aberta por causa do fumo quando senti que alguém se aproximava. Era um jovem que me pedia um cigarro. Dei-lho e enquanto acendia o mesmo me perguntava se não queria dar uma volta ao qual respondi:

- Epá está enganado…

- Desculpe! Mas neste sitio a esta hora, pensava que vinha ao engate – eu faço tudo! (Respondeu ele e eu retorqui).

- Lamento mas não estou nessa.

O rapazito lá se foi embora – não tinha mais de 15 anos-.

Então coloquei no rádio o CD do Paco Bandeira e acendi mais um cigarro e ouvi uma voz feminina que dizia.

- Eu gosto é da ternura dos quarenta” 

Olhei e lá estava uma Maria qualquer de cabelos louros e olhos cintilantes e depois continuou tal como o rapazito anterior.

- Queres dar uma volta? São só vinte euros.

- Só para dar uma volta? – Respondi.

 - Também podemos ir até uma pensão ou a tua casa!?!

- Nem uma coisa nem outra mas se quiseres ir comer alguma coisa, eu vou.

A suposta Maria deu a volta ao carro, abriu a porta e sentou-se, tal como já nos conhecêssemos há muito tempo.

- Deves ser um gajo porreiro para me convidares para comer algo. Não queres cama?

- Isso é uma situação que logo se vê. – Respondi olhando bem para ela.

Ela começa a retocar a maquilhagem e comente:

- Desculpa mas não quero ir contigo a qualquer restaurante sem estar arranjada. Já conheço todas as matrículas e nunca te vi por aqui. Não me digas que é a primeira vez!?. Já qui ando há pelo menos há cinco anos. Passo neste local todas as semanas exceto às segundas que é o dia dedicado aos meus filhos e marido que está de folga.

- Então tenes filho e um marido?    

- Sim! Mas eles não sabem.

Entretanto fui olhando para calçada e lá andavam num frenesim no sobe desce rapazes e raparigas procurando vender sexo, então resolvi arrancar o carro para um restaurante ainda aberto junto ao Coliseu dos Recreios.

- Deve ser uma vida dura andares por aqui e sem a família saber.

- Sim é duro mas as contas têm que ser pagas e o meu marido é segurança e ganha o ordenado mínimo nacional e os filhos que são dois também andam na escola. São os livros e o vestir.

Já no restaurante.

Mal entrei com a moça logo um empregado comentou:

- Olá Nelson! Há muito tempo que não te víamos por cá! Andaste em digressão?

- Não, estive no hospital cinco meses.

- E o que tiveste para tanto tempo?

- Tive um problema do coração e estive em coma alguns dias, depois foi a recuperação.

- Não me digas que foi mais uma cena de amores? Nunca ais tens juízo

- É verdade amigo. Nunca mais tenho juízo.

- Estou a ver, estou a ver – Dirigindo-se à moça.

Como é meu hábito puxei uma cadeira para a moça se sentar.

Ela retorqui-o:

- És muito simpático. Nunca me fizeram isto. Afinal quem és? Para seres conhecido aqui?

- Sou um cliente de há muitos anos e um exe cantor

- Não me digas! Tenho tido clientes de várias profissões, engenheiros, doutores e até políticos mas nunca tinha tido um cantor.

- Pois! E tu como te chamas?

- Isabel Nogueira, para ti e Isabelinha para os outros desta vida.

- Ok Isabel. Agora conta-me a tua vida.

- Para muitas mulheres, e é o meu caso, a rua é o fim da linha: destino de quem viveu tempos dourados nas boîtes mas dos quais sobram apenas as marcas difíceis de disfarçar com camadas de base e rímel que disfarçamos.

- Não me digas que já foste stripper.

- Em bares já fiz de tudo mas na rua ganha-se muito mais

- E quanto é esse mais?

- Anda há volta de dois mil e quinhentos euros mensais.

- Porra!.. Isso quase é o ordenado de um deputado.

- Não é bem assim pois tenho alguns deputados como clientes e eles até até pagam bem.

- No final de contas quanto é que tu levas? Para uma noite de sexo?

- Tenho uma tabela para várias situações

- E em que situação eu me encontro?

- Os preços não variam muito: uma relação normal na pensão custa 50 euros – mais o valor do quarto, pago pelo cliente –, no carro, 30 euros, sexo oral, 20 euros, mas o teu caso é diferente.

- Diferente, porquê?

- Diferente porque me inspiras confiança e tens uns olhos azuis lindos como eu gosto e lembra-me o meu primeiro homem, mas não penses que te quero para chulo que é coisa que nunca tive nem quero ter.

- Ainda bem porque na minha vida de cantor já tive muitas que queriam-se aproveitar de mim mas nunca fui nessa, embora não me lembre de pagar para tr sexo.

- Então porque foste ao Parque?

- Passei um sábado chato e vim até Lisboa sem destino e acabei por parar onde me viste.

- Pois estás com sorte pois vi dares uma nega a um maricas e vi logo que não eras desses.

. No final sendo tu uma mulher casada e com filhos o que te levou a esta situação?

- As primeiras noites na rua não são fáceis. Fazer sexo por amor é uma coisa, por dinheiro é outra bem diferente. Mas depois de entrar, o difícil é sair, e as contas têm que ser pagas. Numa noite como esta, um sábado, o trabalho pode prolongar-se até às seis da manhã, altura em que tenho de voltar para casa. Ganhar dinheiro pode tornar-se um vício como outro qualquer, semelhante às drogas ou ao álcool. Se for trabalhar noutra profissão qualquer, vou ganhar quanto?

- E é só pelo dinheiro?

- Não! Também venho cá pelas histórias que oiço sendo por vezes um ombro amigo para alguns

- Queres ouvir a minha histeria?

 - Deve ser muito interessante tomando em conta a conversa que tiveste à entrada com o emprenhado.

Já tínhamos acabado a refeição e estávamos no café e pago com cartão.

A Isabel olhou bem para mim e comentou:

- Quer dizer que andas sem dinheiro!?!

- Normalmente ando sempre somente com uns trocos.

- Quer dizer que não andavas de fato ao engate!?!

- Efetivamente já o disse que andava sem destino certo, mas se quiseres ir até minha casa, tudo se pode arranjar.

- E quem te disse que iria aceitar?

Levantámo-nos coloquei um braço por cima do ombro dela como dois namorados e seguimos para o carro e ela só perguntou:

- Moras longe?

- Moro no Magoito, mesmo em frente ao mar.

Entramos no carro e seguimos com uma conversa de circunstância verificando que a Isabel era uma pessoa letrada e que a vida a tinha levado aquele destino.

Entramos em casa, bebemos mais um café e um whisky. Ela pediu para tomar um banho. Dei-lhe um toalhão e indiquei-lhe o banheiro. Minutos depois apareceu-me com o dito toalhão enrolado ao corpo como menina pudica como já fosse dona da casa dirigiu-se a mim, deu-me um beijo nos lábios e comentou:

- Agora não te demores! – e de seguido caminhou para o quarto.

Eu estava pasmado com tudo o que me estava a acontecer naquela noite, Fui tomar um duche e o reto está-se mesmo a ver.

Foi uma noite como há muito não tinha até que adormeci.

Quando acordei a Isabel não estava a meu lado e assustei-me, estava meio levantado quando ele apareceu com uma bandeja com o pequeno-almoço.

Se tinha ficado assustado quando acordei, fiquei pasmado com o que estava a acontecer. Olhei para o relógio, eram seis horas.

- Desculpa mas tens que me levar a casa. O meu marido chega por volta das sete. Temos de repetir esta noite.

Contra factos não há argumentos. Eu ia passar a ser o outro e só me iria custar um jantar ou outro.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

              Nelson Camacho D’Magoito

               “Histórias de vida” (310)

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)

 

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