Quando estamos numa de procurar inspiração para escrever algo não sobre um assunto actual no mundo ou perto, juntinho à nossa porta e não sai nada, eu pelo menos, não sei se mais alguém o faz, procuro encontrar algo digno de nota - a meu ver.
Foi numa destas deambulações que encontrei um texto que adorei e reparei que já tinha sido editado á mais de três anos. Gostei tanto que de imediato mandei um e-mail ao seu autor contando-lhe o facto e mostrando vontade de o reeditar num dos meus blogs não alterando em nada o seu conteúdo, somente algumas alterações fonéticas para português de Portugal.
De imediato recebi resposta que é a seguinte:
> Olá Nelson,
>
> É bem intrigante e divertido saber que alguém leu uns textos que eu nem
> lembro de ter escrito, assim, faz bastante tempo que escrevi aquilo. Pelo
> menos uns 3 anos.
> Se quiser usá-los no seu blog, pode usá-lo sem mais problemas:)
> Eu fico imensamente honrado por tal ato;.
> Desde já, obrigado.
> Francirley Rodrigues
Meus amigos, é assim que todos os bloguistas deviam proceder. A honradez na escrita devia ser uma constante e nunca fez mal a ninguém.
Posto isto aqui fica à minha maneira!
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Sonho de casamento
Um dia, aliás tem pouquíssimo tempo, decidi de uma vez por todas acabar com a minha ilusão de casar, ter filhos, morar em uma casa com quintal e finalmente ter o meu final feliz. Não que tenha deixado pra trás a minha aura de romantismo, nada disso. Ela continua intacta - mas em um estado de hibernação.
Desde que lembro da minha mais remota lembrança, lá está a minha ilusão de casamento, naquela época com a minha prima. Fizemos juras, e nos importávamos de verdade um com o outro, do jeito que uma criança de quatro para cinco anos permite se importar. Sonhávamos com um carro vermelho e nossa ida à Fortaleza, teríamos filhos e moraríamos a beira da praia.
Depois vieram ilusões de colégio, e o primeiro amor bateu. Novamente sonhando com o casamento perfeito, tudo dando super certo. Sem problemas, sem medos. Nessa época a minha visão de relacionamento perfeito compreendia somente o amor, sem se importar com o pão à mesa, com as TPM's e com tudo que é capaz de anular esse sentimento. Achava que bastava amar e ser amado para ter uma vida feliz. Doce engano!
Até que um dia, me descubro bi. E vejo se abrir, junto com a minha descoberta da sexualidade, um novo leque a ser explorado. Aquele sonho se expandiu, englobando agora um parceiro, companheiro, respeitador e um bom amante. Já não tinha o sonho do casamento eterno, da casa na praia, de viagens e filhos.
Vieram os namorados, as experiências, os que ficaram e as tampas que a vida dá. E tudo foi ficando mais amargo.
Vi que estava no meio de um tiroteio, fiquei revoltado com a incompreensível e hipócrita sociedade. Vi pouco a pouco que estar casado na minha nova situação (entenda-se bi, ou gay) era praticamente impossível. Difícil ter uma vida 'normal' quando não podemos ser aquilo que gostaríamos de ser. Vi que não poderia ter filhos, não filhos meus, teria que os adoptar, mas me perguntava se isso seria possível. Vi que não poderia me casar na igreja, e jamais poderia ver minha família contente com uma cerimónia linda, cheia de flores e cânticos gregos. Vi que se tivesse um filho, ia ser bastante complicado explicar e até embaraçoso demonstrar nas festinhas de pais do colégio, o quanto o nosso amor por ele era tão grande quanto o de uma mãe. Vi que viver em mundo assim era tarefa para super-heróis.
Decidi então perder, ou deixar de lado, os meus velhos sonhos. Decidi que ser feliz era o mais importante, e o melhor de tudo: Vi e decidi que não importa para os outros a minha felicidade, deveria ser feliz comigo e tentar levar a minha vida normalmente.
Um dia, espero que muito em breve, possa buscar esses sonhos e ter ao meu lado um lindo esposo. Ter e educar filhos para serem pessoas extremamente flexíveis, compreensíveis, amáveis e de óptimo carácter. Talvez, isso seja um sonho tanto quanto impossível, mas o que posso fazer? Se apesar de tudo ainda tenho comigo uma intacta aura de romantismo...
Diley Rodrigues
Espero que tenham gostado quanto eu
Outro texto deste autor em: Histórias & Historietas Eróticas
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