Este Lamaçal
Conforme tinha prometido, em Hoje vamos à Festa na Atalaia, fui mesmo!
Fui e mais uma vez gostei. Gostei dos comes e bebes, gostei das bandas musicais e de todos os artistas, da convivência entre toda a malta fossem ou não partidários do PC.
Os 27 “aéreos” que gastai para os três dias foram bem empregues.
Gozei que me fartei e até na última noite fiquei numa tenda de campismo de um amigo que lá arranjei. Deu muito jeito, pois assim a festa ficou completa.
Quanto aos comícios dizem que foram bons. Não sei porque andei entretido com outras coisas mais interessantes na medida em que os dias eram de festa e não de politiquices. Só tive pena que o meu escritor favorito o José Saramago que foi homenageado pelos dez anos que distam da atribuição do Prémio Nobel, não tenha aparecido, pois eu até levei dois livros da sua autoria para mos autografar e não tive sorte nenhuma, mas enfim, fica para outra ocasião.
Dou aqui mais uma vez os parabéns ao PC por nos ter proporcionado uma festa para todos os gostos políticos e tanto é verdade que o dono da tenda onde fiquei conforme já disse, até é do PS. Ficámos grandes amigos e nesta altura que já lá vão uns dias, para compensar, já saímos juntos e porque por aqui também tem havido festas populares, desta vez foi ele que ficou em minha casa.
Com este meu novo amigo temos ido à praia, já fomos ao cinema e percorremos alguns bares da capital o que deu para me aperceber que a nossa cidade de Lisboa está cada vez mais pejada de mendigos (os sem abrigo) e drogados (arrumadores de carros). Parece que todos os comícios que se fazem por esse país fora nada mais são que bazofias, criticando o que os outros fazem e sem nunca chegarem a conclusão alguma para satisfazer as necessidades do cidadão.
São os assaltos, às bombas de gasolina, ao comércio em geral, a casas particulares, ao roubo de carros. São as notícias que nos entram pela casa dentro pelos noticiários das televisões das rádios e dos jornais sobre atentados ao ser humano na forma menos digna que é a morte.
Como tudo isto não chega-se, os Senhores Juízes com provas mais que concludentes dos factos postas à sua frente, mandam os delinquentes para casa. No dia seguinte os malfeitores, voltam ao mesmo. Entretanto os Senhores que estão no governo nada fazem. A um já lhe assaltaram a casa, (não foi mal feito) é para aprender que toca a todos. Qualquer dia o nosso país está transformado numa favela do Brasil.
Cada vez, tenho mais vontade de ouvir o fado do António Mourão “ Ó Tempo volta p’ra traz”.
Naquelas deambulações por Lisboa com o meu novo amigo, deparei-me com um triste caso. Eram quatro da manhã e enquanto se gastavam rodos de dinheiro nas discotecas, no alpendre do Teatro Nacional D. Maria II, pernoitavam dois velhos enrolados em trapos e tendo como cobertura umas caixas de cartão. Nada pude fazer a não ser dedicar-lhes este poema.
As minhas botas estão negras
Negras e pesadas desta lama,
Absurda tentação
De chafurdar neste imenso lodo
Onde crianças nuas de barrigas gordas
Me agarram as calças.
Quero apressar o passo
Atrasar-me o espanto,
Espanto de ver nomes
Que o deviam ser
Caminhar curvados,
Braços estendidos
À procura do caminho,
Outros já cansados
Imitam a sombra no chão.
Mais alem
Onde a luz do Sol se reflecte
No sangue negro de um soldado,
Um cão vadio
Leva ao mendigo
O pão seco que ele não vê.
Quero apressar o passo
Mas a lama engrossa mais,
Tanto como o meu espanto,
Porque ao lado
No passeio mais acima
Longe dos ratos que tudo aproveitam
Caminha uma dama de vestes brancas
A que peço ajuda
Mas não vê.
Quero apressar o passo
Mas o frio tolhe-me os músculos,
O frio desta terra
Onde o calor da vida
Há muito se extinguiu.
Nelson Camacho D’Magoito
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