Fernando Tordo
no Coliseu dos Recreios
Podia acontecer o mesmo que aconteceu com o Tony de Matos quando reapareceu pela mão de Vitorino, também no Coliseu dos Recreios, mas não, vou estar simplesmente na plateia, homenageando-te com a minha presença entre os anónimos que te seguem a 43 anos como seguidores do intérprete das palavras de Ary dos Santos.
Dia 10 de Outubro corrente, o Coliseu dos Recreios de Lisboa, vai mais uma vez homenagear um intérprete das palavras acolitadas por músicas de cariz lusitano que as nossas rádios teimam e não difundir. Numa altura em que se fala tanto de homofobia, quanto a canções cantadas, interpretadas e escritas por portugueses também imperam homofóbicos na nossa rádio e o mais grave é que somos nós portugueses que com o nossos impostos pagamos parte dos seus ordenados - mas isso é outra história a que mais tarde voltarei -.
Dia 10 de Outubro próximo temos dois eventos que vão marcar a vida de alguns! Na parte da tarde, na Assembleia da República vai-se discutir o casamento entre pares do mesmo sexo onde o homofóbico e fascista José Sócrates enquanto presidente do PS proibiu a liberdade de voto dando a desculpa esfarrapada que não estava este assunto, incluído no seu programa de voto. Quantas atitudes também não estavam inseridas na sua campanha eleitoral e foram feitas? Infelizmente, são os governantes que temos.
Mas não é de politica que hoje e nesta hora me apetece escrever, mas sim, sobre uma voz do infelizmente neste pais já chamaram de nacional cançonetista Afinal verifica-se que é destes artistas que a revolução de Abril tão mal trataram trinta e tal anos depois verifica-se que o Povo sabe do que gosta, simplesmente é calmo e sereno.
Fernando Tordo nasceu em Lisboa na Rua Feio Terenas a 29 de Março do ano de 1948 estando nesta altura com sessenta anos de idade e quarenta e três de carreira, - os mesmos da minha carteira profissional -.
Embora já se tenha iniciado nas cantigas com outro grupo, foi com os Sheiks, quando substituiu o Carlos Mendes naquele grupo que começou a ser notado.
É por iniciativa de Maria Leonor que alvitrando a Fernando Tordo se apresente num próximo festival cantando a solo, este aceita e volta interpretando “Cantiga”, tornando –se a cara do seu primeiro EP. (para quem não saiba um EP era um disco em vinil onde estavam incertos quatro temas, dois de cada lado).
Logo no inicio da sua carreira conta em 1969 com Prémio de Compositor da Casa da Imprensa, atraindo poetas como Natália Correia, Sophia de Mello Breyner, Manuel da Fonseca e José Carlos Ary dos Santos de quem se torna amigo até à morte de este.
Em 1971 volta ao festival da Canção da RTP, classificando-se em terceiro lugar com o tema “Cavalo à Solta” em parceria de Ary dos Santos.
Em 1973 mais uma ida ao Festival da Canção da RTP, ganhando o 1.º Prémio, com o tema “Tourada” também em parceria com Ary dos Santos, levando-o a Luxemburgo alcandorando o 8.º Lugar.
Com o 25 de Abril de 1974 (revolução dos cravos) assumiu publicamente a sua militância ao Partido Comunista Português.
Antes de cortar relações com Ary dos Santos, com quem conviveu durante catorze anos, ainda gravou em 1980 e em colaboração com este, “Cantigas Cruzadas”.
Entretanto já tinha feito um disco “Dez anos de Cantigas” com Carlos Mendes e Paulo de Carvalho, sendo uma retrospectiva da carreira dos Sheikes.
Em 1983 grava o seu melhor disco sendo o tema principal “Adeus Tristeza”
Até ter editado em conjunto com José Calvário, em 1988 um disco em homenagem a Ary dos Santos “O Menino Ary dos Santos”, trabalhou com Jacques Brel, François Rauber, com que grava "Anticiclone" e "A Ilha do Canto".
Em 1994, depois de um largo afastamento das lides artísticas regressou aos palcos do CCB e às edições discográficas com um álbum gravado com a Youth National Jazz Orchestra, gravando em Londres o seu último disco “Lisboa de Feira”
Entretanto já tinha gravado um CD de recordações “Só Nós Três” com Paulo de Carvalho e Carlos Mendes.
Fernando Tordo é pai dos gémeos Joana e João que nasceram em 1975 aos quais tem dedicado uma vida de carinho e amor exemplar. Como prova desse amor, escreveu-lhes um dos seus melhores poemas “Balada para nosso Filhos”
Quando completa os seus 43 anos de carreira apresenta um concerto na nossa melhor e maior sala de Lisboa o Coliseu dos Recreios. Vai estar acompanhado pela Orquestra Stardust Orchestra sob a direcção musical do Maestro Pedro Duarte. Para além dos 24 músicos ainda estarão presentes como convidados, Rui Veloso, Gato Fedorento e Carminho.
Eu também lá vou estar mas a assistir e espero dar-lhe um abraço.
Vocês se poderem não percam. Vai ser mesmo bom.
Discografia
1971 - Festival da Camaradagem (com Paulo de Carvalho, Duo Orfeu e José Carlos Ary dos Santos)
1972 - Tocata
1975 - Feito Cá P'ra Nós
1977 - Estamos Vivos
1979 - Fazer Futuro
1980 - Cantigas Cruzadas
1982 - Sopa de Pedra
1983 - Adeus Tristeza
1984 - Anticiclone
1986 - A Ilha do Canto
1988 - O Menino Ary dos Santos
1989 - Só Nós Três (com Paulo de Carvalho e Carlos Mendes)
1992 - Boa Nova
1993 - Os Melhores Êxitos de Carlos Mendes e Fernando Tordo
1994 - Só Ficou o Amor Por Ti
1995 - Lisboa de Feira
1995 – Calendário
1995 – Penisular
2002 – E no entanto ela move-se
2006 – Tributo a los laureados Nobel
(Nota: Peço desculpa ao FT se houver alguma imprecisão nas datas, mas eu não sei tudo)
Um abraço
Nelson Camacho
(Nelson Camacho D’Magoito)
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