Hoje, é “O Dia Mundial da Poesia”.
Este dia foi instituído na 30ª Conferência Geral da UNESCO, em 2000, e coincide com o início da Primavera no hemisfério Norte e o Dia da Árvore.
Plantar uma árvore, hoje já fiz a minha obrigação, não fui ao campo para a plantar, mas no meu quintal, a partir de hoje já lá mora mais uma.
Escrever uma poesia, hoje não me atrevo, pois escrever é um estado de alma que nem sempre a veia me surge.
Comecei a ler um livro “Crónica da mais velha profissão do mundo” de Jeanne Cordelier. É uma história de uma mulher de trinta e dois anos, que depois de exercer a profissão de prostituta durante cinco anos, resolveu contar a sua experiência vivida nesse espaço de tempo.
O início da Primavera, dei por isso porque o dia esteve espectacular. Embora estivesse só, fui até uma esplanada restaurante da praia da Ericeira onde almocei e passei o resto do dia e comecei a ler o tal livro.
Para assinalar O Dia Mundial da Poesia, por este Portugal inteiro, fizeram-se, alguns debates sobre o tema, saraus literários, exposições e vendas de livros em segunda mão.
Posto tudo isto, só tenho pena que os nossos governos não olhem mais para a cultura, neste caso, tratando o livro como um produto igual a tantos outros com o IVA a 21 %. Assim como não prove a leitura dos nossos escritores, nas escolas.
Porque já dei o recado, vou transcrever aqui dois poemas “Kyrie” e “Cantiga de Amigo” do meu querido amigo José Carlos Ary dos Santos que infelizmente já não está entre nós, como sabem, mas estará sempre presente nos nossos corações.
KYRIE
De Ary dos Santos
Em nome dos que choram,
Dos que sofrem,
Dos que acendem na noite o facho da revolta
E que de noite morrem,
Com esperança nos olhos e arames em volta.
Em nome dos que sonham com palavras
De amor e paz que nunca foram ditas,
Em nome dos que rezam
E
E
Em nome dos que pedem
A
E devoram as lágrimas e o medo
Quando a fome lhes dói.
Em nome dos que dormem ao relento
Numa cama de chuva com lençóis de vento
O sono da miséria, terrível e profundo.
Em nome dos teus filhos que esqueceste,
Filho de Deus que nunca mais nasceste,
Volta, volta outra vez ao mundo!
☺
Cantiga de Amigo
De Ary dos Santos
Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
--- o meu amigo está longe
e a distância é bastante.
Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante!
--- o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.
Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade é bastante!
☺
Se me visitar em “Histórias & Historietas Eróticas”, pode ler um Poema de Lobo Antunes e de A.Manzanero.
Nelson Camacho D’Magoito
Um mau serviço da RTP2
São cinco horas da manhã e acordei sobressaltado, pois veio-me à mente o programa que tinha visto à noite na RTP2.
Durante as poucas horas que estive no dorme não dorme os meus neurónios não me largaram com aquela péssima prestação de serviço público que a RTP2 nos ofereceu por volta da meia-noite e trinta com um documentário com o nome de “ City Folk (Genta da Cidade) onde durante meia hora estiveram a dar o pior dos maus exemplos que se pode dar à juventude deste país.
A história é simples, verdadeira e infelizmente ainda é o que se passa em determinada franja da nossa sociedade.
Um casal, que tem dois filhos:
- Um é estudioso, comporta-se na sociedade como qualquer cidadão da sua idade que procura, estabilidade para um futuro e porque não, uma mais valia para o seu país.
- Um outro que tem vinte e três anos e nada mais é que um vadio vivendo às custas dos pais, diz permanentemente que trabalhar é uma merda e não está sujeito a aturar patrões pois são todos uns sacanas e então dedica-se a passar os dias a fazer Skate por essa Lisboa, vai às compras nas lojas mais ins da capital, onde gasta uma pipa de massa permanentemente.
Nada tenho contra o rapazito que é uma desgraça, não só no seu aspecto, como no seu vocabulário ou o que quer fazer da sua vida. Tenho é pena dos pais que não o souberam criar e educar para que possa ser um homem de amanhã, (este é que faz mesmo parte da juventude rasca).
Já por aqui dei a minha opinião do que é ser ou não ser mãe e aqui está um exemplo de uma senhora e de um homem que não sabem ser pais.
Também nada tenho a ver com os pais do rapazola que com vinte e três anos, se dedica à vadiagem, diz que assim é que é bom, pois tem uma boa casa para viver, dinheiro para gastar e assim se pode dedicar ao seu desporto favorito. Tem um bom quarto, uma boa aparelhagem de som e vídeo e nada faz na vida para pagar tudo isso, pois os pais são cúmplices desta forma de estar na vida. Até em casa ande de skate.
Nada tenho a ver com a vida de cada um, mas quando entra nos meus bolsos, pois eu faço parte dos que sustentam a televisão do estado, aqui fico danado. Não gostei desta forma de apresentar a juventude dos nossos dias, pode ser um caso isolado, embora nós saibamos que não é, mas acho que não lhe deviam dar a visibilidade que não tem direito. É um mau exemplo para os nossos filhos.
Já nos basta, os filmes de assaltos, roubos e crimes, que nos dão a horas nobres. Já nos basta vermos permanentemente nos telejornais as desgraças do mundo, onde os nossos filhos tiram exemplos para a vida real. Já nos basta toda a violência propagada pela Internet. Pode dizer-se que são as novas tecnologias às quais não podemos fugir, que nos entra pela porta dentro com maus exemplos para a nova juventude e nem sempre podemos cortar o seu acesso aos nossos filhos, no entanto há sempre a nossa mão e saber para lhes mostrar o que está bem e o que está mal.
Eu sei que temos de viver e conviver com a violência do mundo, mas agora a nossa televisão, neste caso a RTP2, que devia estar mais dedicada a temas didácticos, estar a mostrar maus exemplos aos nossos filhos como se fosse a forma de viver mais natural do mundo, acho que não é digno de um canal público de televisão.
Se houverem mães e pais que não tenham mãos nos seus filhos, é natural que um dia apareça um filho a querer fazer o mesmo do puto do skate da televisão porque acha que assim é que é bom.
Felizmente que os meus filhos já passaram a idade destas ilusões, mas lembro-me que um dia um deles me apareceu em casa com o cabelo cortado à “tijela”, na altura era moda. No dia seguinte, fui com ele ao barbeiro e mandei cortar-lhe o cabelo à tropa. Ficou-lhe de emenda.
Aos pais deste rapazêlo, aconselho a terem mais mão nele, cortar-lhe as benesses e obrigá-lo a trabalhar, já teve a sua meia hora de fama na TV e já chega. (espero que não o aproveitem para os Morangos com açúcar. Acho que não porque era muito trabalho para ele).
Quanto à RTP2, gostava que revissem a sua programação, pois não é assim que se educa a nossa juventude.
Tenho dito e vou deitar-me feliz por ter dado o recado.
Nelson Camacho D’Magoito
Estou com raiva e com saudade
Desassombrado como sou nas palavras em que muitas vezes escrevo, normalmente começo por uma página em branco e vou iniciando o trabalho de escrita, ao sabor dos sentimentos da revolta que a alma me traz à mente no momento.
A minha alma, é uma profunda contradição entre o belo e o amor, dentro de uma raiva que trago dentro de mim.
É uma raiva onde se mistura a beleza das coisas e das pessoas, o amor que recebo mas já não posso dar mais.
É a raiva que tenho de não poder amar mais. É a raiva que sinto dos amores perdidos. É a raiva que vou construindo à minha volta pois sei que já não vou ter tempo de modificar o mundo.
É a raiva que tenho de não ter tido tempo para acarinhar mais a única mulher que amei até hoje.
Aquela mulher que muitas vezes cantou e chorou por mim.
Aquela mulher que abandonei por outra mulher.
Aquela mulher a quem não tive tempo de lhe agradecer.
Aquela mulher que foi uma “Mulher Coragem” durante tantos anos, perdendo parte da sua vida para que a minha tivesse êxito em qualquer empreendimento que me metesse.
Aquela mulher que deixou de comer para que nada me falta-se.
Aquela mulher que sempre acompanhou as minhas loucuras de vida.
Aquela mulher que nunca me criticou com palavras ou atitudes. Bastava um simples olhar para nos entendermos. Uma palavra de critica ou desafora, nunca foi pronunciada por aquela boca.
Aquela mulher que neste dia e agora, quero agradecer por ter sido MULHER.
Aquela mulher que morreu nos meu braços.
Diz-se que hoje é dia da mulher, porque assim foi instituído em 1910, numa conferência internacional de mulheres na Dinamarca para celebrar o dia 8 de Março de 1857. Data que ficou marcada para a história, derivado a uma rebelião de mulheres numa fábrica de têxteis de Nova Iorque (NI faz parte do país das possibilidades e mais democrático) para reivindicarem o direito a uma redução de horas de trabalho, na medida em que o seu horário laboral era superior ao dos homens e em contrapartida o ordenado era inferior. Nesse maléfico dia, 130 mulheres que se encontravam dentro das instalações da dita fábrica morreram queimadas derivadas a um incêndio propagado no mesmo edifício.(Ainda hoje não se sabe como aquilo aconteceu. Ou a história ainda não contou)
Se procurar-mos bem e nos debruçarmos sobre o assunto, estes factos da sua essência podem não ser os reais, no entanto, é bom celebrarmos o “Dia Internacional da Mulher”. É nos seus óvulos que é depositado o espermatozóide que num acto de amor ela deixou que ali penetrassem, dando assim o inicio que uma vida que somos nós.
Se aqui falo do acto de amor praticado entre a mulher e o homem, é porque só assim entendo o verdadeiro sentido do nome MULHER.
Já as OUTRAS, só porque não tiveram coragem de dizer não, ao marido ou amante que naquele dia disse: -Hoje, vou dar-te uma fo_a e ela abriu as pernas, mesmo sem vontade, fingindo, (o que faz muitas vezes) e deixa penetrar dentro de si uma alma ainda resumida a um simples espermatozóide, que mais tarde virá a ser seu filho, ou porque as suas hormonas sexuais falaram mais alto, mais tarde vai arrepender-se. Essas, que depois deitam nos caixotes do lixo e esgotos os fetos. Abandonam as crianças à porta de uma Igreja, as vendem pelo melhor preço, as colocam na rua mendigando para seu sustento ou as entregam a uma orfanato qualquer, sem nunca mais as procurar. Ou ainda pior, em concluiu com os seus amantes, deixam que estes abusem sexualmente dos seus filhos, sejam meninas ou rapazes.
Estas não são mulheres, no entanto, é a que os senhores políticos e algumas mulheres chamadas de feministas querem elevar ao mais alto estatuto da criação humana.
Meus amigos doa a quem doer, tudo isto, a mulher que nós defendemos no “Dia Internacional da Mulher” é capaz de o fazer e faz.
Estou com raiva e está dito.
Mulher e Mãe! Não é isto!
Mulher Mãe é aquele que nos fabricou num acto de amor. Que nos trouxe dentro do seu ventre nove meses, fazendo parte integrante de si mesma zelando cuidadosamente para que viéssemos ao mundo, perfeitos e já reconhecendo a sua progenitora pelas palavras, afagos e às vezes cantigas que nos vai debitando ainda dentro do seu ser.
Mulher Mãe! É aquela que é capas de transformar toda a sua vida para cuidar do seu filho que por azar do destino veio ao mundo com deficiências e as outras mulheres e homens das políticas não encontraram (porque não querem) forma de as ajudarem.
Ainda existem “Mães Coragem” que sofrem na pele toda uma vida o abandono total dos governantes deste país, só porque tiveram uma noite de amor e Deus, (se Ele Existe) pregou-lhes a partida de lhe mandar um filho deficiente.
Revoltemo-nos todos para que o “Dia Internacional da Mulher” não seja só a celebração dos direitos da mesma, mas sim o direito de SEREM MULHERES
Quantos aos senhores governantes deste ou outro governo (estou-me nas tintas para quem manda), em vez de andarem para ai, (como o Sr.Presidente da República) a dizerem que é preciso fazer mais filhos, é necessário primeiros darem-nos condições económicas e de estabilidades para os podermos criar. Já a minha avó dizia “Quem não tem dinheiro não tem filhos” Graças a Deus ela teve dezoito. Em contrapartida, eu só tenho um.
Ser mulher, é ser Mulher, Mãe e Amante. Infelizmente nem todas o são.
Como já sabes como eu sou, e conheces os meus defeitos, virtudes e manias, só te quero dizer que este texto foi escrito por volta das quatro da manhã, entre o computador e a cozinha para fazer um café e um petisco. É que esta coisa de te homenagear, me dá fome.
Hoje! Há uma estrela no céu que sempre me guia.
Hoje! Também é o teu dia Mãe, que foste mulher acima de tudo.
Nelson Camacho D’Magoito
Um dia como tantos outros!
Passámos à poucos dias por mais um fim de ano, estamos em Fevereiro de 2008. Podíamos estar em 2005, 2006 ou
São onze horas da noite ou seja, 23 horas do dia. Um dia como qualquer dos outros que já me vou habituando.
Eram oito da manhã quando acordei ainda estremunhado com o sonho que tivera durante a noite. Foi mais um sonho como tantos outros que me acontecem. Situações que gostaria de ter tido nas horas e dias normais nesta vida que nada mais é que uma pequena passagem no tempo da eterna eternidades do espaço e tempo. Sonhei que tinha encontrado o meu amor, como é costume dizer-se, a minha cara-metade. Era alguém lindo! De corpo esbelto, olhar penetrante, cabelo louro e comprido que quando atirado para a frente cobria sua tês nem branca nem escura mas sim como queimada pelo sol. Quando nos beijámos, aqueles cabelos compridos misturavam-se com os meus, entrelaçando-se num afago permanente e constante. Seu cheiro não a flores ou a qualquer essência química de perfume, mas a lavado, que misturado com aquele odor do corpo jovem atlético e fugas, nos inebria não por uma fracção de segundos que é o tempo do orgasmo quando conseguido a dois, mas o odor que nos inebria todas as sensações de revitalização. Aquele ser não só tinha todos os predicados para uma mancebia eficaz como todas as outras virtudes que são necessárias para um companheirismo de longo prazo. Não sabia o que eram drogas, leves ou fortes, não se vestia de gangas rotas como é moda na nossa juventude, não bebia exageradamente, não dizia palavrões, não se fazia ou queria fazer passar por aquilo que não era ou era. Era culto, discutia de tudo, desde a música à pintura, passando pela política mais generalizada. Era perfeito e até tinha um bom emprego. (Isto de facto, nos tempos que correm, só em sonhos).
Para quem vive afastado de tudo e de todos, nestes dias de solidão em que a chuva bate na janela ininterruptamente e o único calor que nos rodeia é aquele ocasionado por um bom aquecimento central dentro de casa, sonhos destes transformam-nos em mais um móvel que para ali está atirado para um canto da casa, embora bom e com muito boa apresentação, continua á espera de uma mão amiga que o limpe de todo o seu pó adquirido pelo tempo que dista entre uma e outra limpeza.
Além do calor ambiente, tenho uma escalfeta que me vai aquecendo os pés para em frente ao computador estar mais confortável e ir teclando algo que na memória me vai surgindo. Surgiu mesmo, o contar-vos todo este dia diabólico em que pelas tais oito da manhã acordei ao som da chuva batendo na janela do meu quarto e o típico frio da noite tinha feito a tal condensação da minha respiração, talvez ofegante por aquele sonho que não me saiu da memória contrariamente a outros.
Levantei-me, procurei uns chinelos, calcei-os e lá fui até ao banheiro. Foi nessa altura que senti estar mesmo frio, voltei para traz e procurei um robe que vesti para ficar mais confortável, pois durmo como se diz, “em pelota”. Não se admirem as minhas amigas e amigos desta minha mania, mas acho ser muito mais higiénico dormir sem qualquer roupa e sentir o meu corpo envolto nos lençóis, por vezes até de seda. Não, na cama não tenho frio porque esta também tem aquecimento central (são manias).
Depois daquele duche reconfortante o desfazer da barba e toda a restante higiene, lá fui fazer uns ovos mexidos, torradas e uma taça de leite com Corn Flakes. É assim que normalmente começo o dia, segundo dizem os entendidos a primeira refeição deve ser a de maiores vitaminas, as outras serão conforme o que se fizer durante o dia. Depois de colocar a loiça usada no dia anterior e ao pequeno-almoço na máquina de lavar, pois não tenho muito jeito para lavar à mão (à mão gosto de outras coisas), voltei ao quarto para me vestir e sair.
Sair para onde? Aí estava o problema. Só de olhar para a “sopa” que ia lá fora a vontade de sair ficou-se pela vontade. Olhei para a máquina de ginástica, una passadeira eléctrica que tenho no quarto e ai vai ele fazer um quilómetros que no fim é o mesmo que andar a correr na rua armado em parvo e recebendo os cheiros que demandam no ambiente.
Ao fim de meia hora estava pronto para voltar ao duche e então já com outra forma de encarar o dia, lá me fui vestir. A chuva entretanto já tinha passado e como o carro estava na garagem não necessitei de enfrentar o temporal.
Como sou um pouco comodista, e por causa do tempo que fazia, fui até à praia, mas não sai do carro. Como já eram duas horas da tarde, resolvo ir ao cinema, daqueles que estão nos Centros Comerciais e têm garagem. Não gosto muito deste tipo de comércio, ao fim de meia hora já me sinto com claustrofobia, gosto mais do comércio tradicional é mais desafogado, encontram-se coisas mais baratas a atenção dos empregados é muito melhor e até faz melhor à vista por tudo o que se encontra pelo caminho, mas nestes dias os Centros, até dão jeito, “saímos de uma casa e entramos noutra sem necessidade de apanhar-mos chuva”.
E assim fui ver um filme que por sinal era uma estopada e se querem que lhes diga o nome, já me esqueci.
Como o filme não me despertou qualquer interesse, não encontrava qualquer conhecido, o tal sonho não me saia da cabeça, resolvi ir lanchar à havanesa, local onde já não ia à muito, mas como diz o Malato: ”Já fui muito feliz”.
Fizeram-me uma festa, pois era cliente assíduo daquele local “Vip” mas há muito que por lá não passava. Troquei algumas impressões com o gerente, pessoa amável conhecedora e reconhecida dos seus clientes (contrariamente ao que se passa nos centros Comerciais), depois passou-me o serviço a um outro e novo empregado, também muito delicado e simpático. (levou uma boa gorjeta com a promessa de lá voltar o mais breve possível).
Na rua, já não chovia, o tempo estava a passar-se a uma velocidade tal que os pensamentos de raiva pela vida em que a própria me tinha largado já se misturavam com o sonho que tinha tido na noite anterior. Aproximava-se a hora de jantar a indecisão estava patente nos meus movimentos e pensamentos, não sabendo já se continuaria a pé pela avenida procurando em cada olhar o tal olhar do sonho se voltaria para o carro e ai sim, como dono e senhor de algo que ao olhar de alguns cria uma certa inveja e ao mesmo tempo é pólo de atracão de outros.
Naquele momento não estava virado para nada de especial, embora o tal sonho não deixava de me atormentar, achei que não era dia do “caçador”, e fiz-me à estrada.
Como a distância de Lisboa a cidade onde fui criado e adorava mas já não a conheço por todas as tropelias que esta sociedade tem feito dela, são de alguns quilómetros até à minha casa à beira mal plantada, resolvi voltar para esta.
A IC 19 é um martírio para qualquer cidadão ao qual obrigaram a sair da Lisboa do antigamente que infelizmente já não tem condições para se viver. Já me tinha esquecido como é doloroso o seu percurso nas chamadas hora de ponta mas lá fui calmamente até ao Magoito, local embora não seja paradisíaco mas é pelo menos sossegado.
A minha casa tem um quintal de onde vejo o mar, e o Sol é bastante acolhedor mesmo no Inverno, as plantas que ali foram plantadas, o churrasco, o bar, as mesas as cadeiras e as espreguiçadeiras, dão um certo ar campestre-praiano que muita gente gostava de ter e onde gosto de receber os meus amigos, (embora já sejam poucos são amigos verdadeiros).
Cheguei a casa, arrumei o carro na garagem, subi, coloquei um CD de música de Beethoven, e fui tomar um duche para limpar as más energias. Assim limpo, e como minha mãe me deitou ao mundo fui deitar-me, enrosquei-me na quentura dos lençóis, tapei a cabeça com estes e procurei voltar ao sonho da noite anterior, à espera de um milagre!
Nelson Camacho D’Magoito
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