Quinta-feira, 28 de Fevereiro de 2013

Afinal meu namorado era Gay

a gata borralheira

A Historia de uma adolescente

A Gata borralheira dos tempos modernos

 

    Sempre fui menina prendada. - A chamada filha da mamã – Desde a instrução primária que não pus o chamado pé em ramo verde. Lembro-me a quando da primeira vez que fui para a escolinha, era minha Mãe e meu Pai que me levaram, Lembro-me que chorei todo o dia e o que me e valeu foi o conforto dado pelas professoras e empregadas. Durante o primeiro mês eram os meus pais a levarem-me à escolinha tempo que levou a encontrar algum conforto naquele espaço entre crianças da minha idade. Só haviam meninas o que naquela altura nada de estranho encontrei. Passado tempos foi uma empregada de meus pais que me levavam à escola e assim se passaram os dois anos até ir para a primária.

    Em casa, era eu duas empregadas, os meus pais e uma avó, mãe do meu pai, pessoa austera e nunca com tempo para me acarinhar. Passava o tempo a fazer renda e a comandar a casa de forma a poder agradar o mais possível principalmente a meu pai, estando sempre de acordo com as sua atitudes até à sua ideia de nunca ter mais filhos, contrariamente a minha mãe que até tinha vontade de me dar um irmão, mas os dois contra um, fui crescendo naquela família só de mulheres que se juntavam também as colegas da escolinha.

Rapazes! Era coisa rara para mim, pois só os via pela janela ou na rua quando era transportada para aqui e ali no carro de meus pais.

Éramos uma família de estrato social bastante elevado mas com poucos amigos, Essa coisa de tios e primos e outros avós não existiam, pelo menos que eu soubesse.

    Entretanto fiz dez anos de idade e fui para a primária e sempre acompanhada de carro pela tal empregada que também já tinha envelhecido e pelo caminho não deixava de azoinar os ouvidos com conselhos do perigo de me dar com rapazes assim como só me devia dar com raparigas sem antes escolher aquelas que pertencessem ao meu estado social, como ela dizia: pessoas de bem. Mais tarde vim a constatar que aquela velha era assim rezingona e tinha a sua opinião sobre os rapazes pois nunca tinha namorado, era nossa empregada desde os meus avós e em nova tinha tido uma paixoneta pelo meu pai que entretanto se casou com minha mãe, estando-se nas tintas para ela.

Na primária as coisas não aconteceram bem como a família me tinha destinado.

    Criei-me de amizades com algumas raparigas mas normalmente era por pouco tempo, pois elas sempre iam arranjando namorados e depois eu nada fazia no meio delas, pois não conseguia ter uma conversa com qualquer rapaz, no entanto, a coisa foi-se alterando com o tempo e como seria normal lá ia catrapiscando um ou outro que achava mais engraçado no entanto, sem coragem para aceitar uma conversa. Eles notaram a minha forma de ser e até se afastavam.

   Lembro-me que um dia já na quarta classe quando estava a lanchar no jardim com minhas colegas que também não tinham namorados, passaram um rapazes mais atrevidos por nós e rindo-se e em grande galhofa e alto para nós ouvirmos iam comentando – Vocês não se metam que estas que são lésbicas! –

   Aquela do “lésbicas” ficou-me no ouvido e não entendi, assim como não comentei com as colegas. Fui para casa com a pulga atrás da orelha.

Pelo caminho ainda tive vontade de perguntar à minha empregada o que era aquilo de “lésbica” mas resolvi fazer a pergunta a minha mãe quando chegasse a casa. E foi o que fiz.

    Estávamos a jantar e contra todas as normas lá de casa. Às refeições não tinha o direito a falar ou meter-me na conversa dos mais velhos, enchi-me de coragem e iniciei o tema:

        - Hoje lá na escola ouvi um termo dirigido a mim e às minhas colegas quando estávamos a lanchar lá no jardim, que nunca tinha ouvido.

        - E que termo foi esse? – Perguntou meu pai.

        - “Lésbica” Disse eu, com a maior das calmas.

    Meu pai lá do alto da sua cátedra respondeu quase irritado.

        - Menina! Isso são perguntas que se façam ao jantar?

        - Deixa lá Pedro! Se a menina quer uma resposta ao termo o melhor é explicar. Também não é nada do outro mundo. – Disse minha Mãe.

        - Pois! Pode não ser! Mas são termos que tu como mulher já lhe devias ter explicado na preparação para mulher que ele é. Não sou eu como homem que lhe vou explicar o que são essas coisas.

    Meus pais naquele altura quase que se desentenderam, Coisa que nunca tinha visto.

        - Logo à noite quando fores para a cama eu explico. – Disse minha mãe.

    Fiquei na mesma! Ou ainda pior, pois essa coisa do meu pai dizer que era de obrigação de minha Mãe preparar-me para ser mulher, não me estava a entrar na cabeça.

    Minha Mãe sempre me acompanhou fazendo de mim uma mulher, tanto nas lidas da casa como na gestão da mesma. Cozinhar, cozer, fazer a cama e outros afazeres próprios de uma menina. No meu quarto só haviam bonecas e aquelas casinhas em miniatura com que me entretinha à note antes de adormecer. Televisão, não havia e muito menos computador, coisa que só conhecia na escola. Quanto à televisão no meu quarto era assunto proibido, se por vezes a via era na sala conjuntamente com meus pais e aos domingos de manhã, os desenhos animados.

Os dias e os meses foram passando sem nunca ter tido a resposta desejada, até que vieram as férias e qual não é o meu espanto chegam do Brasil uns tios que até não sabia que existiam.

    Eram o Eduardo irmão de meu pai, a Isabel mulher do mesmo e Jair filha do casal e Pedro filhos do casal, portanto meu primos.

Durante os primeiros dias foi uma festa. Ouvi histórias passadas, fomos algumas vezes jantar fora e até fomos ao cinema que para mim foi a primeira vez.

    A Jair era uma moça para a minha idade, toda atirada para a frente e descomplexada e que se metia em todas as conversas e dormia no meu quarto numa cama separada.

    O Pedro era mais velho, tinha 17 anos, lindo como nunca tinha visto num rapaz. De olhos verdes, cabelo louro um pouco desgrenhado mas com um corpo atlético derivado ao ginásio que fazia lá no Brasil. Não era de muitas conversas e até tinha uns tiques que não entendia bem. Brincava às vezes com as minhas bonecas mudando-lhes a roupa.

     A minha prima dizia que ele andava a estudar para costureiro de moda e queria ser estilista. Ela pelo contrário, queria ser médica.

Foi com ela durante as noites no nosso quarto que soube o que era ser mulher na sua plenitude. O que era a menstruação que viria dentro em breve e o que seriam as relações sexuais. Eu andava toda satisfeita e pelo facto, lembrei-me do tal termo “lésbica” que nunca tinha tido uma resposta e fiz-lhe a pergunta, contando-lhe o caso passado lá na escola.

    Jair, riu-se a bandeiras despregadas, aproximou-se de mim e beijou-me na boca.

        - Está a ver? Se não fossemos primas, podíamos continuar a beijar-nos assim, apalpar nossos mamilos fazer mutuamente festas nas nossas vaginas até sentir prazer e assim masturbar-nos até ao Clix final.

Jair não só me estava a explicar como o estava a praticar encontrando-me eu em estado eufórico como nunca tinha sentido. Tudo aquilo era novidade para mim, mas estava a gostar.

    Jair estava mais eufórica que eu ao ponto de descer pelo meu corpo e vir meter sua língua no meu corpo.

Aí não pude mais e senti uma explosão por todo o corpo sentindo finalmente uma sensação estranha no meu clítoris.

Tudo acabou de repente, ela levantou-se e foi para a sua cama mesmo ao lado da minha.

     Eu estava sôfrega de prazer sem saber mesmo o que tinha acontecido. Ficamos deitadas de lado mas frente a frente, apagámos a luz e fiquei a sonhar com tudo o que tinha acontecido.

    Na manhã seguinte a Jair nem palavra. Como tal, perguntei.

       - Então o que aconteceu ontem, é isso que é ser “lésbica” ?

       - É melhor não falarmos mais no assunto, primeiro porque és minha prima e segundo porque é um segredo que fica entre nós, mas entendeste?

       - Mas com tudo o que me tens ensinado isto também faz parte das relações sexuais entre as pessoas?

       - Sim minha amiga, não quer dizer que se ande a fazê-lo assim por dá cá aquela palha. Serve de vez em quando para descontrairmos o stress da vida no entanto com um homem é muito melhor.

    Ingenuamente perguntei:

       - Posso experimentar com o Pedro?

       - És parva ou quê? O Pedro é teu primo. Tens de arranjar primeiro um namorado.

       - Nos também somos primas!

       - Oh filha, esquece. Ainda tens muito para aprender e que se passou entre nós não te esqueças que é o nosso segredo e se se repetir, será porque sou doida e depois das férias volto para o Brasil e não quero deixar rabos-de-palha aqui em Portugal.

    Os dias foram-se passando normalmente. Tinha acabado a escola e toda a família se preparou para ir até ao Algarve.

    Quando chegámos fomos para um dos melhores hotéis. Tinha de tudo, piscina, Bar nocturno, salão de jogos, campo de ténis até de golf. Nada faltava neste hotel, até nas varandas tinha jacuzzi.

    Depois de desfazermos as malas, eu fiquei com a minha prima num quarto com duas camas, os nossos pais cada um em sua suite e o Pedro ficou só também numa suite.

    Durante os dias eram passados nas piscinas porque a praia ficava longe os nossos pais iam jogar golf e o Pedro desaprecia durante o dia e só voltava para as refeições e começou a aparecer com dois amigos. Eu ia lendo um livro

Jair à beira da piscina ia lendo o romance de Fernando Namora “Dialogo em Setembro” enquanto eu ia lendo no bar porque lá fora o sol estava muito quente, o romance de Fedor Dostoievski “Crime e Castigo”.

Numa dessas tardes lá estava eu envolta naquele romance quando entrou o Pedro com os tais dois amigos com quem andava e tinha conhecido no Algarve.

    Eram dois rapazes jovens sarados, simpáticos e queimados pelos sois do Algarve. Um deles, o João debruçou-se sobre o que estava a ler e com um sorriso lindo de lado a lado perguntou-me:

       - Dostoievski não é um autor demais para ti? Principalmente “Crime e Castigo”, já viste o filme?

       - Não! Nunca vi o filme mas o romance é espectacular. Nunca pensei que se escrevesse assim.

       - Pois! Esse é um dos meus autores preferidos, por acaso trouxe para as férias um romance dele “Os Irmãos Karamazof” que te posso emprestar enquanto estou por cá.

       - Já agora agradecia pois o meu entretenimento nestas féria é ler, já que não tenho por cá amigos ou amigas, a única é a minha prima Jair o meu primo Pedro.

       - És prima do Pedro?

       - Sou! Mas temos pouca convivência ele tem os seus amigos anda sempre na boa-vai-ela, os meus e os pais dele entretém-se nos jogos, a    Jair quer é piscina e eu como habitualmente, vou ficando por aqui.

       - É como a Gata Borralheira, afastada por todos mas sempre á espera do teu príncipe encantado.

       - Engraçado esse diagnóstico. Nunca pensei nisso. Ouvi essa história quando era pequena mas nunca me considerei assim, simplesmente nunca convivi com rapazes.

       - Então chegou a altura! Nestas férias vou ser o teu Príncipe Encantado. Queres?

    Perante aquele convite de um rapaz tão lindo. Parecia um artista de cinema americano, aceitei prontamente. E ele convidou-me para à noite estarmos juntos com o outro colega e o meu primo Pedro.

    No jantar contei à família o que se tinha passado. Logo todos concordaram com a minha saída, já que o moço até era amigo do Pedro.

Quando acabou o jantar eu e a Jair fomos até ao quarto e ela aproveitou para me dar os parabéns pois ao que parece tinha encontrado um namorado, no entanto derivado à nenhuma experiência com rapazes, ela não deixou de me dar alguns concelhos. Até me aconselhou na forma de vestir.

     Desci até ao Piano-Bar que estava repleto de rapazes e raparigas mais ou menos da minha idade e lá estava a uma mesa o João o Pedro e o outro que ainda não sabia o seu nome.

    Como o meu pai fazia com minha mãe o João levantou-se seguido dos outros para afastar a cadeira onde me haveria de sentar.

    Às tantas e depois de tomarmos uns sumos o Pedro e o outro amigo levantaram-se e foram não sei para onde e fiquei com o João numa amena cavaqueira de circunstância. Ele convidou-me para dançar e foi aí que lhe disse não saber e contar-lhe como tinha vivido até á àquele momento sem nunca ter convivido com rapazes, portanto sem qualquer experiência É óbvio que não lhe contei o que tinha acontecido com a minha prima. Primeiro porque era segredo e embora na ocasião ter gostado, achava não ser lá muito natural.

        - Eu ensino-te! Vais ver que não custa nada. Um pé para a frente, outro para trás e já está.

        - Se assim o dizes, vamos lá ver como é dançar.

    Nunca tinha sentido um homem abraçando-me daquela maneira com seus braços envoltos no meu corpo e sua barriga muito apertava à minha até que comecei a sentir algo de anormal naquele sítio mais abaixo tal era o aperto que ele me dava enquanto dançávamos. Estava a sentir-me nas nuvens mais ainda quando a sua face se encostou à minha e seus lábios mordiscavam o lóbulo da minha orelha. A Musica parou e fomo-nos sentar.

        - Então gostas-te? – Perguntou ele olhando-me nos olhos e mostrando os dentes brancos e alvos num sorriso aberto -.

        - Adorei e estou pronta a uma nova experiência.

        - João pegou-me numa das mãos elevou-me e encaminhou-me para fora da mesa ao mesmo tempo que dizia. – Ao luar vais ser melhor.

    Sem dar por isso, tal estava embevecida com tudo aquilo de repente dei comigo no jardim do hotel junto às piscinas nos seus braços rodopiando uma valsa que entretanto vinha de dentro do Piano-Bar. Diria mesmo que estava a ver um filme do Fred Astair que meus pais passavam na sala pelo menos uma vez por mês.

    Estava pela primeira vez nos braços de um homem que ainda por cima era lindo e me fazia feliz. Iria com ele até ao fim do mundo.

 

    Já não havia música, apenas o chilrear de uma ou outra ave que deambulava de janela em janela dos quartos que circundavam aquela clareira de palmeiras que circundavam a piscina onde no centro se via o reflexo da lua lá no alto brilhante rodeada por milhares de estrelas cintilantes.

Senti os lábios daquele jovem nos meus vindo-me à lembrança o primeiro beijo noites anteriores da minha prima. Aquilo sim! Era o clímax do verdadeiro amor pronto para iniciar a procriação da vida. Sentia-me mulher em toda a sua plenitude.

A noite já estava escura, Não havia música nem luzes acesas ao redor do jardim, somente eu e o meu amor.

Nós, continuávamos embriagados por beijos e afagos que o João me ia acarinhando. De repente, com um sussurro suave e mordiscando o meu ouvido perguntou-me:

       - Queres namorar comigo?

       - Sim…Sim… Sim… - disse sofregamente ao mesmo tempo que minhas pernas tremiam.

 

    Falámos durante algumas horas de coisas banais e como iria ser de ali para afrente. Nem mesmo o calor daquele conforto me fez não dar um arrepio.

       - Estás com frio?

       - Sim um pouco!!!

       - Pois, Já são duas da manhã e nós aqui como se não houvesse amanhã.

    João tirou o casaco e colocou-o em meus ombros abraçando-me e encaminhámo-nos para dentro.

    No Bar só estava o barman. Certamente à nossa espera, que nos perguntou se queríamos beber alguma coisa.

    Eu baixei a cabeça envergonhada e o João agradeceu, disse que não, pediu desculpa e encaminhou-me até ao elevador ao memo tempo que combinou encontrarmo-nos no dia seguinte ao pequeno-almoço.

 

    Quando entrei no quarto ainda a Jair estava acordada a ler o seu livro e atirou:

         - Para uma menina filha da mamã virgem e sem conhecimento de homens, saíste-te muito bem para a primeira noite. Sempre valeu a pena as minhas lições.

        - Não sejas maldosa. Não se passou nada de especial. Dançámos, beijamo-nos, fizemos promessas e aceitei seu pedido de namoro.

        - E o meu irmão Pedro? Onde é que ele se meteu?

        - Não sei. Pelo que dei por isso, saiu cedo com o outro amigo.

        - Pois! Deviam ter ido curtir o resto da noite!

        - Olha e eu também vou tomar um duche e deitar-me.

        - Não queres vir para o pé de mim até adormeceres?

        - Não obrigado pois já vi que essa não é minha onda.

 

     Batiam as nove da manhã assim como o sol radiante pela janela dentro.

Jair estava enroscada no cobertor ainda dormindo a sono solto, quando bateram à porta. Eram meus pais chamando-nos para o pequeno-almoço.

     Naquela manhã sentia-me leve, sentia-me outra, sentia-me mulher. Havia algo em mim diferente que só viria a descobrir quando no duche olhai para baixo e vi sangue. Dei um grito de aflição de tal forma que até acordei a Jair que logo apareceu à porta do chuveiro. Olhou para mim e em vez de chorar aflita não! Ria às bandeiras despegadas e dizia:

        - Finalmente! És mulher!

        - Não entendi e ficando atónita olhando para ela enquanto se continuava a rir.

        - És Mulher rapariga!

    Tinha-me vindo a menstruação! Era efectivamente mulher.

    Naquele momento bastante conturbado até chegar atrasada ao pequeno-almoço, foi um reboliço. O que me valeu foi a minha prima que já era senhora, dar-me todas as indicações do que fazer e o que me aconteceria de ali para a frente.

    Calámo-nos muito bem caladinhas e lá fomos.

    Na mesa habitual das nossas refeições para além dos nossos pais e primo Pedro, também estavam o outro amigo que ainda não sabia o nome e o João.

    Todos se levantaram para nós nos sentarmos e enquanto o empregado nos servia começamos uma conversa de circunstância.

    O João com a maior lata e desfaçatez bateu com uma faca num copo e pediu silêncio.

    Todos olhamos para ele de boca aberta e mais espantados ficámos quando ele dirigindo-se a meus pais argumentou.

        - Meus senhores, eu sei que sou somente em amigo do vosso filho mas é assim que as coisas acontecem na vida. Sou um jovem de vinte anos ainda a estudar para arquitectura, como diz o meu pai é pequeno que se torce o pepino e como encontrei ontem a rapariga dos meus sonhos espero que me autorizem em namorar a vossa filha.

    Ficaram todos com a boca ainda mais aberta. O meu Pai com o ar mais impenetrável possível atirou:

        - Mas vocês só se conheceram há dias.

        - Mas sou amigo do Pedro e isso não merece alguma credibilidade?

        - Sim mas o Pedro vive no Brasil e vocês só se conheceram aqui no Algarve.

        - Engano seu, meu caro! Nós já nos conhecemos há bastante tempo via internet.

        - Até já trocamos confidências e fotografias e tínhamos combinado o encontro aqui nas férias. – Ripostou o João.

        - É verdade tio! Já tínhamos combinado tudo quando soubemos pelos meus País que vínhamos a Portugal este verão.

        - As Coisas que se fazem na internet. Argumentou minha Mãe.

        - Quer dizer, vieste dar um abraço a um amigo e arranjar namorado para a tua prima. De facto isto só do meu irmão. Disse a Jair.

    Podia contar aqui o resto da conversa que se gerou entre todos, mas como é hábito dizer a Teresa Guilherme. ” Mas isso agora não interessa nada!”

    O que interessa é que aquele mês de Agosto foi a abertura da minha mente para a vida contrariando a Gata Borralheira que havia em mim.

    O meu namorado era um espectáculo. Fazia-me todas as vontadinhas, até chegou a alugar um táxi e fomos ao Zoomanie em Albufeira.

    Passávamos os dias e as noites até às tantas sempre juntos. De vez em quando ele juntava-se com o Pedro e com o outro amigo e também davam as suas escapadelas pela vila ou metiam-se no quarto a jogar no computador.

 

     A poucos dias do fim daquelas férias no Algarve dei conta que algo se passava entre eles, Nunca perguntei ao João que se passava, pois não era de minha conta, cá para mim eram coisas de rapazes, até que um dia o tal amigo desapareceu e o João passou a fazer mais companhia ao Pedro.

    Na véspera de virmos para Lisboa, passamos todos em grande galhofa na piscina, queimando os últimos momentos, até que chegou a hora do almoço e cada um foi para o seu quarto a fim de nos vestirmos.

    A pouco e pouco fomo-nos juntando na casa de jantar para o último almoço. Estávamos todos, menos o João e o Pedro.

    O meu Pai com ar de poucos amigos argumentou para minha Mãe:

        - Não gosto nada disto! Logo no último dia não estamos todos à mesa para a refeição.   

    O meu Tio, homem mais moderado, pediu à filha para ir ver o que se passava. 

       - Não! Deixa estar. Eu vou ao quarto do Pedro. Devem estar a acabar algum jogo na internet e esqueceram-se que estamos à sua espera. Eu vou lá acima.

       - Toma a chave do quarto que por acaso tenho aqui que era para lhe arrumar as malas. - Disse minha Tia.

Nunca tivesse ido!...

     Subi o elevador e quando cheguei ao quarto ouvia-se de dentro uma música bastante estridente e alta. Abri a porta, não vi qualquer pessoa e dirigi-me ao banheiro de onde vinha a música.

 

Dois no chuveiro

    Lá estavam de porta do banheiro aberta a água correndo pelos seus corpos nus, pénis levantados e beijando-se efusivamente. Pedro e João.

    Afinal de contas julgando que tinha encontrado o homem da minha vida, ali estavam eles, deitando por terra todo o meu sonho.

    O meu primo Pedro e o meu namorado João eram gays.

    Corri para o meu quarto de vergonha e ferida nos meus sentimentos de mulher que já era.

    Contando esta história cheguei à conclusão que homens bonitos e bons ou são casados ou são gays.

 

    Depois de ler esta história ouveja Andrea Bocelli em “Melodrama”

leia a letra e pense.

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência. O geral ultrapassa a ficção.

As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.

 

        Nelson Camacho

 “Contos ao sabor da imaginação”

          de Nelson Camacho

  Contos para maiores de 18 anos

música que estou a ouvir: Melodrama
publicado por nelson camacho às 11:50
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Segunda-feira, 25 de Fevereiro de 2013

Nós e o resto do mundo - I Parte.

O canto do nelson (um canto de escrita)

Nós e o resto do mundo lá fora

I.º Capitulo

 

    Naquele sábado deambulava pelas ruas de Lisboa. Tinha saído de casa depois de uma acesa discussão com minha mulher. Já nada era como antigamente, o clik que há oito anos nos tinha juntado numa festa de romaria a pouco e pouco estava a acabar. Não era a falta de dinheiro para a nossa confortável sobrevivência ou a falta de um filho que já o tínhamos feito mas um desconforto geral em que por esta ou outra razão principalmente quando abria o meu caixote de recordações vinha à memórias os tempos livres de preconceitos e carinhos que tinha tido de tanta gente. Poder-se-ia dizer que durante aqueles cinco anos não tivesse recebidos carinhos e afectos da minha mulher, mas faltava qualquer coisa que ambos não entendíamos.

    A quando das promessas de amor antes do casamento estas foram muitas. Ela dizia ser a mulher para toda a vida e eu dizia que não era bem a mulher para toda a vida que queria mas a mulher amiga e amante.

    A parte de amiga porque nada havia para contrariar esse estádio tudo corria bem. A parte de amante, talvez por ter sido educado à maneira antiga olhava para ela como progenitora de um filho que adorava ter quanto ao resto e porque tinha até então levado uma vida descomplexada e experimentado sexualmente tudo o que a vida me tinha proporcionado, de vez em quando vinha à minha memória os amores e desamores por onde tinha passado durante anos, sentia-me desconfortável e não me sentia livre.

    Livre de tomar uns copos nas noites de Lisboa com uma roda de amigos e ir ao engate de uma nova garina que se me deparava pela frente onde com ela as minhas necessidades sexuais eram satisfeitas em toda a sua plenitude.

    Quando encontrei um emprego como director passei a ter o tal tempo livre e chegar tarde a casa ou a ausentar-me em serviço dias seguidos.

     Nessas viagens de negócios e porque tinha tempo, comecei por conhecer mulheres com quem dormia e de algumas me tornei amante.

    Quando chagava a casa, a coisa melhorava principalmente a quando do acto, a minha mente voava até às noites passadas com as amantes mas por uma questão de pudor não conseguia dar-me a satisfação total. Pensava eu que mulher é a mulher dos meus filhos e as outras eram a outras.

    A minha vida começou a ser um inferno e mais ainda quando os colegas dela que me viam no carro com outras mulheres lhe iam dizer. Então era o fim da macacada.

       - Com quem estiveste esta tarde? Um colega meu viu-te com uma loira no carro.

    Às primeiras vezes desculpava-me ser com uma colega em serviço, mas quando a coisa se repetia pois os invejosos e maricas dos colegas lhe azoinava os ouvidos que me tinham visto aqui e ali sempre acompanhado a coisa foi piorando.

    Numas férias fomos até Palma de Maiorca e a certa altura ele disse-me ao ouvido:

       - Estes gajos não têm vergonha nenhuma. Já viste como eles vão de mãos dadas?

       - Quem? Perguntei eu!

       - Aqueles tipos ali, ao lado.

    Eu olhei disfarçadamente e lá iam dois rapazes que aparentavam os vinte cinco anos, de mãos dadas falando baixinho ao ouvido um do outro e rindo-se – talvez contando anedotas e estando-se nas tintas para o resto do mundo lá fora – transbordavam felicidade como raramente se vê em casais hetro. Se estavam a fazer uma viagem normal ou em inicio de férias como nós, era lá com eles. Não tinha nada com a vida deles.

    Fiquei admirado pelo reparo da Helena e só lhe disse.

       - Mas qual é o teu problema? Estão-te a ofender?

       - Não! Mas não posso quem este tipo de gente!

       - Desculpa lá mas isso é homofobia! Não sabia que eras preconceituosa ao ponto de reparares nessas coisas! Certamente não te choca tanto veres dois homens empunhando armas e matando crianças.

       - Não sejas parvo! Não é a mesma coisa!

       - Ah pois não! Uns matam e os outros gozam a vida a seu belo prazer.

    A conversa ficou por ali, mas fiquei a saber que ela era contra este tipo de relações.

    Entretanto, pelo caminho mudámos e de avião, Tínhamos viajado pela TAP e nunca mais os vimos. Ou tinham mudado de destino ou tinham ficado por ali.

    Quando aterrámos em Palma, já tinha um carro da Avis que tinha pré alugado em Lisboa à nossa espera. Tratamos das malas, marquei no GPS o local do Hotel e lá fomos por ruas e vielas. A Helena ligou o rádio do carro, procurou várias estações e era tudo música espanhola. Contrariamente à nossas rádios, nem uma musica inglesa ou portuguesa, logo ali se via e diferença de culturas. Em Portugal é raro ouvir-se música portuguesa e em Espanha, só se ouvia música espanhola.

    Quando chegámos ao quarto do hotel e depois de arrumar as malas fomos dar uma volta como é meu hábito para reconhecimento do local onde nos encontrávamos. Aproveita-mos para jantar e como em Espanha sê espanhol, jantamos numa esplanada umas gambas na chapa, demos mais uma volta e fomos para a caminha.

    No dia seguinte, levantámo-nos já um pouco tarde e fomos até à varanda. Quem estava na varanda ao lado? Os dois colegas de viagem já em fato de banho. Um deles virou-se para mim:

       - Vocês desculpem. Estão a perder tempo. Já fomos à praia e a água está um caldo.

    A Helena observando a conversa, aproximando-se de mim pelas costas agarrou-me pela cintura e segredou-me ao ouvido: - Só me faltava esta!

    A cena passou, assim como as férias iam também passando até que uma noite nos encontramos novamente numa sala de espectáculos de sevilhanas e orquestra para dançarmos. Por foça do destino os moços estavam numa mesa ao lado da nossa o que ocasionou uma amena cavaqueira.

     Sendo os rapazes normais como quaisquer outros sem tiques ou aspectos efeminados a Helena como pessoa educada alinhou toda a noite ma conversa de circunstancia nunca falando das suas tendências sexuais. Pelo meio da noite ainda mais nos rimos quando convidei a minha mulher para dançar e ela recuou dizendo que eu sendo um bom bailarino o que queria era exibir-me. Os rapazes riram-se com o facto e dando as mãos disseram.

       - Pois nós não vamos dançar porque não é o lugar próprio, embora estejamos nas tintas para os outros não queremos arranjar chatices.

    A noite foi bastante agradável até que chegou ao fim e cada casal foi à sua vida sem um deles discretamente meter algo na algibeira do meu casaco.

       - Afinal os rapazes eram simpáticos! – Disse a Helena sem ter dado pelo facto.

       - Pois! É para que vejas que os gays são pessoas normais como quaisquer outros.

    A conversa ficou por ali e nunca mais se falou naquele par de namorados. E fomos para o hotel.

    No entanto:

    Naquela noite quando chegámos ao hotel, curioso meti-me na casa de banho e fui ver o que tinha entrado na minha algibeira. Era um cartão-de-visita, em nome de João Paulo onde estava escrito (Em Lisboa, procura-me no trumps clube a uma sexta-feira. Mas se quiseres telefona-me antes) e lá estava um número de telefone. Fiquei assustado e escondi o cartão muito bem escondido entre as minhas coisas no saco toalet.

    As férias acabaram e voltamos para Lisboa. Para a nossa vidinha da treta.

 

Lisboa - Bairro Alto à noite

II.º Capitulo

 

    A deambulação pelas ruas de Lisboa estava a chegar a noite e não me apetecia voltar para casa. Aquela discussão já não era a primeira vez. Eu cada vez mais queria voltar a ao antigamente. Ser livre e dono de mim mesmo, sem as grilhetas do casamento e sem dar por isso os meus passos, pois andava a pé - Tinha arrumado o carro no Rossio - subi o chiado e fui parar ao bairro alto. Eram já horas de jantar e nem me lembrei de telefonar para casa. Percorri todo o bairro cheio de gente nova e alegre uns e outros de copo ou garrafa de cerveja na mão, cantando e até alguns dançando. As tascas estavam cheias e ainda eram nove horas da noite. Ia pela rua da Barroca quando parei junto a uma casa de fados que lá de dentro vinha o som de uma guitarrada, como já há muito não ouvia. Parei, olhei para o letreiro, era o Faia uma das casas de fados mais emblemática e antiga da cidade e resolvi entrar.

    Para o incrível que parecesse o porteiro era antigo e reconheceu-me

       - Então amigo! Há muito que não o via por cá.

       - É verdade! Esta noite resolvi dar uma folga à mulher.

       - Mas casaste?

       - É verdade e já lá vão oito anos.

       - E andas só? Tá visto que ouve borrasca na capoeira e o galo pirou-se!

       - É a vida! Hoje deu-me na mona para dar largas ao meu ego!

        - Entra pá! Ainda vais cantar um fadinho.

       - Não sei! O casamento fez-me afastar-me de tudo e todos e certamente já nem voz tenho, mas ouvir uns fados e comer um jantarinho, lá isso estou aqui para as curvas.

    Entrei!

    Já há uns anos que ali não entrava. A tasca de fados da Lucília do Carmo que até as paredes transpiravam fados já não era. Talvez seja eu que não acompanhei os tempos das modernices arquitectónicas e das gentes que nada têm a ver com o Fado, tenham alterado as catedrais do Fado do tempo do Armandinho, Fernando Maurício, Ada de Castro e de Alfredo Marceneiro, o senhor que um dia achando haver muita luz na sala mandou colocar velas nas garrafas e toda a gente se calasse, virando assim, a moda de se ouvir o fado em silêncio e à luz de velas acesas no meio das mesas.

    Naquele tempo quando se ouvia o fado era como se estivéssemos numa igreja ouvindo uma prece.

    Dizia-se até que cantar o fado hera rezar duas vezes.

   O ambiente está bonito, glamoroso, lembrando-me os salões da Baviera. Cores abrasileiradas, copos de cristal e serviço de champanhe.

    Para onde foram os canecos e restante loiça de barro? Onde está o tipismo das gentes do fado? Onde estão as nossas raízes? Numa estatueta!?. Onde está a tasca típica da nossa Lisboa. Até parece que querem que o Fado volte aos salões da aristocracia onde em tempos até foi espezinhado.

    Hoje já não há catedrais do fado. Tudo a favor do consumismo estrangeiro que paga por um jantar e quatro fados cento e tal euros.

    O Faia que chegou e desde 1947 a ser considerada a catedral do fado pelas mãos de Lucília do Carmo e mais tarde por seu filho Carlos do Carmo hoje não é mais uma casa mundana e com preços inacessíveis a qualquer amante do fado mas sim uma casa para belo prazer de senhores ministeriais onde a meio de um jantar e um fado, conjecturam formas de enriquecimento mais rápido.    

     Lá a um canto, ainda estavam as relíquias Anita Guerreiro e António Rocha que já não via há bastante tempo.

     Foi bom recordar velhos tempos e principalmente ser ainda reconhecido por alguns camaradas do velho fado.

    Entre fados, guitarradas e alguma conversa de ocasião com colegas antigos e jovens promissores do fado a noite foi-se passando. Estava a reviver velhos tempos sem preocupações e num ambiente onde tinha vivido e fui feliz.

    Já eram cinco da matina, satisfeito e bem bebido quando me lembrei que nem tinha telefonado para casa. Despedi-me e quando chegou a conta fizeram-me um desconto com a promessa de voltar e cantar um fado.

    Desci até ao Rossio onde tinha deixado o carro e fui para completar a noite até ao café da ribeira para tomar o pequeno-almoço. Lá longe já se vislumbrava o amanhecer. Aquela manhã já não era a de antigamente com os eléctricos apinhados de varinas que já não havia e trabalhadores de lancheira com o almoço, pois também já não haviam operários. Agora são todos doutores, informáticos e da comunicação sócias e desempregados na sua maioria.

    Morrem de fome, vendem os carros e os apartamentos, voltam para casa do pais, mas trabalhar no duro como eu já o fiz, são coisas de outros tempos. Dizem eles!

    Cheguei a casa, eram para ai umas dez horas da manhã e Helena e o puto, nem velos. Simplesmente um bilhete em que dizia (Das duas uma, ou vais para onde estiveste ou tens juízo. Estou em casa de minha Mãe.)

    Eu tinha passado uma noite tão agradável que nem liguei, Fui tomar um duche e deitar-me.

    Quando acordei já era noite novamente e mulher e filho nem velos.

    Fui desfazer a barba e encontrei na saca de toilet o tal cartão que o João Paulo me tinha metido no bolso do casaco em Espanha. Li, reli, reli novamente e pensei: E agora o que é que faço? Telefono? Não telefono? Era domingo, a mulher e o filho estavam na sogra e eu sem pachorra para lhes dar quaisquer satisfações.

 

Pois! Agora se você quer saber o resto da história, se telefonei para aquele novo amigo ou fui até à minha sogra, se tem mais de 18 anos e é bisbilhoteiro clik (AUI)

 

 

Noites no Bairro Alto na Rua da Atalaia

No próximo Capítuo é que isto vai aquecer
Nelson Camacho
música que estou a ouvir: Alfama de Alfredo Marceneiro
Estou com uma pica dos diabos: e livre
publicado por nelson camacho às 06:39
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Terça-feira, 19 de Fevereiro de 2013

CARNAVAIS DE OUTROS TEMPO

Nelson Camacho mascarado em 1938

Desde menino sempre gostei do Carnaval.

 
      Mas os Carnavais desse tempo eram passados em família, nas Sociedades de Recreio e cinemas.

 

    Nas Sociedades de Recreio, todos se conheciam e a palhaçada era grande.

    Haviam concursos de máscaras tanto para os rapazes como para as raparigas e para as meninas mais crescidas e senhoras, haviam concurso de vestidos de chita.

    Enquanto miúdo, lembro-me das minhas máscaras e dos vestidos de chita de minha Mãe na Casa de Entre Douro e Minha, onde ela normalmente ganhava.

    Mais tarde, ai por volta dos meus 18, 19, 20 anos, no Lisboa Ginásio, onde era atleta, havia bailes de cerimónia (onde nos apresentava-mos de Smoking e as raparigas com vestidos de noite). De madrugada caminhava-mos assim vestidos para o café da Ribeira para tomar o pequeno-almoço. – Nesta época ninguém era assaltado como hoje - Havia também as noites dos trapalhões, onde todos se mascaravam. Havia a Noite da Pinhata (no meio do salão principal, colocava-se uma grande pinha dividida por gomo e cada gomo era preso por uma fita e qual segurava-mos a sua ponta ao mesmo tempo que rodopiávamos dançando à sua volta. À meia-noite em ponto puxávamos as fitas, os gomos abriam-se e saiam centenas de prendas e “confétis”. Era uma balbúrdia enorme pois todos queriam levar uma prenda, os mais rápidos safavam-se, os outros, ficavam a ver navios.

    No Lisboa Ginásio, havia ainda noites temáticas. Eram noites em que se faziam espectáculos glosando um ou outro filme de êxito que tinha passado no ano anterior. Cheguei a fazer de cantora de ópera e bailarina (como era um grande estafermo vestido de mulher, nunca mais voltei a experimentar)

 

Nelson Camacho em 1954 no Carnaval no Lisboa Ginasio Clube

 

     Foram tantas minhas fantasias: colombina, odalisca, mulher aranha, punk selvagem, cigana, rumbeira, cabaret etc e tantas recordações de Carnavais que não voltam mais.

Literalmente, brincávamos com os confetis e serpentinas; com os martelinhos de plástico e os apitos. Minha mãe na altura tinha um ateliê de costura e a força de andar sempre de volta das costureiras, aprendi a costurar à máquina na época do carnaval com os restos de vários tecidos fazia saquinhos de carnaval que os levava para as festas. Era tão saudável, que nunca precisei de uma gota, sequer, de álcool para me animar. Brincávamos a noite toda, dançava até me esbaldar de tanta satisfação com gente bonita e marchas brasileiras embalando a minha mocidade.

     Naquele tempo não havia musica pimba, Eram as marcha que vinham do além atlântico.

     Tempos de Carnavais inesquecíveis que guardo fotografados no meu baú de recordações.

     As festas nos saudosos, Eden Teatro, no teatro Monumental no Café Chave D’ouro e tantos outros que desapareceram com o tempo.

Hoje gozo o Carnaval no conforto da minha casa frente à frente da televisão com uma roda de amigos.

     Agora já não há carnavais saudáveis.

Em uma ou outra terra ainda vão festejando o carnaval com corso, gigantones, carros temáticos criticando tudo e todos, meninas descascadas rebolando-se avenida abaixo imitando os brasileiros e homens travestindo-se sendo esta a oportunidade que têm de tirarem de dentro da sua alma o que gostariam se ser todo o ano (São as matrafonas).

 

Nelson Camacho do carnaval de 1954 no Lisboa Ginásio Clube

     Os Carnavais cada vez mais estão vivenciando a “Festa da Carne”, em função dos vícios e vicissitudes humanas.

     De vens em quando, abro o meu baú de recordações e revejo-me nas fotos e nos cheiros dos carnavais mais saudáveis de antigamente. Dos teatros, cinemas e sociedades de recreio que foram por incúria de vários governos, já não existem.

 

Fiquem-se com Daniela Mercury em “É Carnaval”

 

Sejam felizes nestes e noutros carnavais vindoros com um abraço até para o ano

Nelson Camacho

música que estou a ouvir: É carnaval
Estou com uma pica dos diabos: e com saudades
publicado por nelson camacho às 18:19
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Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2013

FF- Fernando Fernandes no Olga Cadaval

 

Centro Cultural Olga Cadaval em Sintra O Canto do nelson

 

     Vou começar por falar do Centro Cultural Olga Cadaval, Ex-libré da vida cultural sintrense.

     Localizado em Sintra no antigo Cine-Teatro Carlos Manuel que sofreu um tremendo incêndio em 1985.

     Mais tarde sofreu várias obras de remodelação mantendo a traça original.

    Hoje tem para além de um Museu de arte moderna duas salas para conferências, cinema, espectáculos musicais, de dança, de teatro e ópera que podem ser distribuídos pelos auditórios Acácio Barreiros e pelo grande auditório Jorge Sampaio com mil lugares por onde passam normalmente os grandes artistas de bailado internacional e cantores da nossa praça. Sou um frequentador deste Centro para me deliciar com algumas exposições e espectáculos de dança e musicais que recomendo a todos os sintrenses e não só, foi o caso do show de apresentação do novo álbum “Influências” no passado dia 1 de Fevereiro, de FF – Fernando Fernandes

    Para mais indicações sobre este Centro Cultural pode ir a (AQUI).

 

É sobre esse show de FF que por aqui estou!

 

FF-Fernado Fernandes - cantor português - O canto do nelson - nelson camacho

     Já tive oportunidade de falar sobre o FF em vários locais a quando da sua prestação no programa da TVI “A Tua Cara Não me é Estranha” elogiando os seus dotes artísticos principalmente os seus dotes vocais como barítono.

     Desta vez vou tentar dar a minha opinião depois de o ver ao vivo pela segunda vez a solo.

     Sim, pela segunda vez porque da primeira foi quando ele saiu dos “Morangos com açúcar” e se dedicou às cantigas numa festa de romaria na Terrugem. Ou foi pela aparelhagem ou foi pelo estilo de música que cantou naquela noite não lhe dei mais que nota cinco e até nem estive presente o show todo. Fui comer umas farturas e não dei nada por ele. Era mais um puto engraçadinho para fazer alegrar as meninas da sua idade que conforme sobem nos seus quinze minutos de fama também caiem como outros mais.

     Todos nós temos direito em nos enganarmos e como não sou muito de telenovelas a minha primeira impressão não foi das melhores, até que surgiu o programa de entretenimento “A sua voz não me é estranha” na TVI que segui atentamente e até gravei.

     Quando dou por mim, lá vem o tal puto mostrando todo o seu valor artístico vocal, imitando de forma brilhante personagens do mundo da canção que fazem parte do meu gosto artístico.

     A partir desse momento, dediquei-me a indagar quem era na realidade o FF e verifiquei que era um puto que se tinha dedicado com afinco ao estudo musical e de canto. Quando ele me aparece em palco imitando “Aurea”, “Prince”, “Carmem Miranda” e Ray Charles”, muito embora o António Sala tenha dito varias vezes que não era um programa de imitações, foi ele de entre os outros colegas que se identificou mais com as personagens que lhe calharam?.    

     Mais tarde veio “Freddie Mercury” e “Shirley Bassey” interpretando “Goldfinger” com que ganhou o final da 2.ª edição do programa, então sim” estava feita a prova final para poder seguir ao estrelato das grandes figuras do mundo da canção. Digno de se apresentar em qualquer show nos palcos dos Estados Unidos. Cheguei a escrever noutros locais que Portugal era pequeno de mais para os seus dotes artisticomusicais.

     Veio a 3.ª edição aparece com a sua colega Vasessa em espectáculos de Lá Féria, como dueto interpretando vários cantores nalguns casos fazendo tanto nos jurados como em telespectadores tal como eu atentos ao menino homem as lágrimas escorrerem pelas nossas faces.

     Só tive pena do tema Barcelona imitando Montserrat Caballé & Freddie Mercury as personagens terem sido feitas ao contrario, mas isso foi falha da produção, ou maldadezinha que há muita no meio artístico..

     FF Foi ganhador da final com “The Praver” de “Andrea Boceline & Cénibe Dion” em dueto com Vanessa.

     Ainda quando coloco no meu vídeo este tema, os meus olhos lacrimejam.

 

Para vossa recordação aqui fica o tema

 

Vamos à razão de vir hoje até aqui!

 

     O show de apresentação “influências” o último trabalho discográfico de FF.

     A casa estava cheia, mas para mim, foi mais um concerto intimista onde estava presente a família, os amigos, alguns colegas e alunas da sua escola de canto.

     Desculpa FF mas como homem do palco, esperava mais de ti.

     Eu sei que derivado aos teus 25 anos de idade e poucos anos de palco ainda não tens maturidade suficiente para te apresentares num grande show como mereces. Se o teu manager não sabe, terias pedido ajuda ao Lá Féria Creio que quiseste somente fazer um espectáculo de apresentação do teu último trabalho discográfico aos amigos. Mas não era isto que eu esperava. Foste simples de mais. Disseste umas graças e os amigos e as meninas deliraram

     Não estou a falar dos teus dotes vocais mas os dotes artísticos deixas-te um pouco a desejar Lembrou-me alguns espectáculos que se fazia nos anos sessenta e os tempos actuais não se compadecem. E o grande público merece mais. Há por aí muitos cantores com muito menos capacidades que fazem grandes shows.

     No todo, gostei. Até não sendo o meu hábito, aplaudi-te de pé pelo menos quatro vezes e uma das vezes foi quando interpretaste um poema do Ary dos Santos. Noutro momento vieram-me as lágrimas aos olhos.

     Não deixou de ser um concerto para os amigos que entretanto até não esteve mau para o inicio de uma digressão espero que quando chegar ao fim seja um grande show para o grande público e com outras encenações.

          Eu vou lá estar.

 

 De um amigo

 Nelson Camacho

música que estou a ouvir: influenias
publicado por nelson camacho às 04:48
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Marco Paulo – Não julgues que te esqueci

Marco Paulo um cantor português

     “Não julgues que te esqueci” ou “Peço Perdão” podiam ser títulos para temas de canções, mas não!

     Não julgues que te esqueci do dia dos teus anos.

     Peço perdão por na data própria não ter vindo aqui, como já o fiz noutros anos dar-te os parabéns.

Nunca jamais poderei esquecer-me da estrada que fizemos e das aulas de canto da nossa e saudosa grande amiga Corina Freire.

     No dia 21 Janeiro passou mais um dos teus aniversários altura em que estava adoentado vítima de uma operação, mas já tudo passou e continuo de vez em quando a abrir a minha caixa de recordações e desfolhar um álbum de fotografias onde tu lá constas.

     Recordações da nosso juventude com o Artur Garcia o António Calvário e o Arlindo Conde.

     Os amigos são assim! Assim como os principais fãs nunca se esquecem.

     De ti e da tua auspiciosa carreira é sempre um gosto, Diria é um prazer, mas o Manuel Luís Goucha diz que prazer é outra coisa e como ele é um especialista da língua portuguesa não quero que o meu linguajar seja mal entendido.

     Marco Paulo é dos melhores cantores que atravessa gerações em plena forma para gáudio dos seus fãs e eles são muitos.

     Para os menos atentos a para verem um pouco da sua biografia podem clicar (AQUI).

     Mais uma vez parabéns deste amigo e para os que lêem fica por aqui:

 

    Uma das mais belas canções de agradecimento a Santa Maria que é como uma prece.

   Nelson Camacho

Um amigo de sempre

música que estou a ouvir: Nossa Senhora
Estou com uma pica dos diabos: Missão cumptida
publicado por nelson camacho às 03:56
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Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2013

José Cid está de parabéns

 

José Cid o cantor faz anos

 

     O Senhor José Cid hoje está de parabéns pois é o dia do seu aniversário, Foi a 4 de Fevereiro de 1942 que nasceu na Chamusca o Sr, José Albano Salter de Ferreira Tavares que viria a transformar-se no José Cid, cantor que faz parte de várias gerações.

     Cantor, compositor, músico e produtor musical e ainda cavaleiro com vários prémios recebidos por esse mundo fora.

José Cid é um aristocrata que se dedicou às cantigas em 1956 com a fundação dos “Babies” que durou somente dois anos.

     Aos 17anos compôs a sua primeira canção, “Andorinha” tema com influências jazzisticas.

Em 1960 integrou o conjunto “Orfeão” em Coimbra, onde faziam parte, Rui Ressurreição, Proença de Carvalho e José Niza.

     A partir desse ano foi tudo a abrir, tornando-se num ícone da musica portuguesa.

Acompanhou várias gerações ao ponto de ser muito querido pela geração actual.

     Com 71 anos é o único artista português a encher a emblemática e polivalente sala de espectáculos do Campo Pequeno que alberga milhares de pessoas em shows com uma variada classe e idades de público como nunca visto.

Bastante controverso e critico ao panorama musical português, não deixa de ter grande admiração pelos seus colegas e o mais importante pelo seu publico.

     Falar das suas canções não é necessário, todos as conhecemos.

     Quem quiser saber mais sobre ele, tenha um pouco de trabalho e procure na internet que é para isso que ele serve.

     Hoje só vim aqui para lhe dar os parabéns e muita felicidade para a sua vida tanto pessoal como artística. E já agora! Não se esqueça dos cavalos, que também se abatem. 

  

Já agora aqui fica um dos maiores êxitos de José Cid

“Cai Neve Em Nova York em 23/04/2004 no Coliseu dos recreios

 

Nelson Camacho

música que estou a ouvir: No dia em que o Rei fez anos
Estou com uma pica dos diabos: e satisfeito
publicado por nelson camacho às 23:49
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