Um dia de sorte
Um amigo meu depois de ter lido algumas das minhas aventuras à beira mar disse-me que em Sesimbra é que estava a dar. Eu sei por experiencia própria que em Setúbal há bom peixe para as minhas pescarias mas em Sesimbra só sabia que havia bom peixe daquele que se mistura e é cozinhado com água do mar a que lhe chamam de caldeirada.
Prometi que iria até lá assim que estivesse bom tempo. Iria fazer pelo menos ida e volta 160 km, gastar uma pipa de massa em portagens mas como estava bem recomendado resolvi ir.
A Primavera já despontava. O Mau tempo já se tida ido e o sol já convidava a fugir do marmasmo que o meu tempo me tinha colocado.
Ainda não tinha preparado o meu kit de sobrevivência que no verão trago sempre no carro. Eu explico: O tal kit nada mais é que uma maleta pequena tipo trólei onde param duas mudas de roupa. Uma o mais simples possível e outra para ocasiões mais solenes na medida em que quando me meto à estrada como tenho todo o tempo do mundo, nunca sei o que vai acontecer. Consta também um kit de higiene pessoal com todos os apetrechos necessários para ocasiões especiais não esquecendo uma caixinha de preservativos. Conjuntamente com um pequeno cobertor e outros acessórios que constam sempre no bando de traz a coisa fica feita para o que der e vier.
Esta mania já vem lá de traz. Quantas e quantas vezes saia do trabalho ao sábado – naquele tempo trabalhava-se aos sábados -, dava-me na mona e metia-me à estrada sem dizer a alguém e muitas vezes já em Madrid no Porto ou no Algarve é que telefonava – Não havia telemóveis - a minha Mãe dizendo onde estava e que não contasse comigo nesse fim-de-semana. Velhos tempos.
Depois vieram outras vidas com outras obrigações e durante uns anos não pude fazer estas brincadeiras. Actualmente voltei a estar livre de obrigações e já não tenho a quem justificar seja o que for e voltei ao mesmo. A idade já não é a mesma mas o espírito da aventura ainda por cá anda e não vou deixar a vida passar. A “cana de pesca” está sempre pronta.
Foi com esta vontade de voltar ao passado que deixei as praias cá do sítio e deambulei direito a Sesimbra, faz-se num instante sessenta minutos bastam. Sai de casa cedinho para não apanhar muito trânsito e ir lá tomar o pequeno-almoço.
Mal cheguei quando estava a arrumar o carro aproximou-se uma daquelas senhoras que oferecem as habitações de verão. Agradeci e disse que não. Estava só por um dia ou talvez dois ao qual a senhora muito solicita logo informou que também tinha um pequeno anexo que alugava para fins-de-semana e sempre era mais barato que um hotel. Agradeci e fiquei com o cartão para qualquer eventualidade.
Fui até ao calçadão e procurei um café para tomar o pequeno-almoço. Como não me sinto bem em recintos fechados e depois de qualquer refeição tenho a mania do cigarrito procurei um com esplanada. Tomei um leite com chocolate e uma torrada, Depois o café da praxe e o maldito cigarro.
Sesimbra se nome original do Celtic origem era Cempsibriga , ou seja, o Burg (Briga) da tribo celta o sesim.
Sesimbra é uma vila piscatória de ruas estreitas e íngremes e uma praia de águas límpidas e cheias de colorido pelos seus barcos. A comunidade vive principalmente da pesca que fornece em primeiro lugar os restaurantes.
Para um bom acolhimentos dos turistas além de bons hotéis e casas particulares de aluguer num negócio paralelo também tem vida nocturna,
O que dá vida a esta vila é o turismo com receitas significativas da pesca profissional e pesca desportiva (principalmente de peixe-espada) há também um local bastante popular de mergulho que é o naufrágio do rio Gurara, um navio de carga nigeriano, que afundou em 1989 com a perde de 45 marinheiros
No topo da colina atrás da cidade, no local de uma fortaleza moura capturado em 1165, ergue-se o castelo medieval restaurado, construído no século 13 por Dom Sancho II . Suas cincos torres e muralhas protegerem algo ainda mais antiga, do século 12 igreja de Santa Maria , que oferece um exemplo de arquitectura religiosa popular, rural.
Espalhadas pela urbe encontramos várias Igrejas regularmente cheias de fiéis orando por uma boa partido e o retorno seguro de seus homens, e boa a captura diária que faz a tarifa em restaurantes de peixe locais tão populares.
Depois desta mini história de Sesimbra claro está que dei uma voltinha por ruas e ruelas, algumas igrejas até que chegou a hora do almoço.
Procurei um restaurante de peixe que me pareceu aprazível com esplanada e lá estava ele, num alargo a uma ponta do calçadão. Mais aprazível ficou quando o empregado que me veio atender tinha o aspecto de “Esta cara não me é estranha”
- Boa tarde!.. Vem para almoçar ou tomar alguma coisa?
- Boa tarde para si também e bom trabalho. Vim para almoçar. Como relativamente pouco mas mesmo assim vou apostar numa caldeirada de peixe.
- Certamente que vai ser bem servido mesmo tomando em atenção que come pouco. E para beber?
- Bem para beber é você que vai sugerir mas para já quero um Porto simples e frio.
O moço atirou um olhar interrogatório e comentei.
- Qual o problema? Não têm vinho do Porto?
- Não!.. Desculpe é que o normal para antes das refeições é pedirem um Martini.
- Pois… Amigo… Eu não sou normal!.. A propósito como se chama? Sabe… Detesto chamar um empregado por pssssss ou faz favor.
- Chamo-me Emanuel.
- Você deve ser bom rapaz para ter o nome Cristo.
- É a primeira vez que me dizem isso.
- Que é bom rapaz ou que tem o nome de Cristo.
- Que sou bom rapaz muita gente tem dito, agora que Emanuel era o nome d Cristo é que não sabia.
- Afinal sempre valeu a pena vir a Sesimbra para ensinar alguma coisa.
- Certamente que me vai ensinar mais. – E riu-se com um sorriso maroto semi-serrando os olhos que vi serem castanhos brilhantes,
- Então se me dá licença, vou à vida.
E foi!.. Fiquei com aquela do “vou à vida” e pensei que talvez este dia tenha sido o meu “dia de sorte”.
Pelo sim pelo não telefonei para a tal senhora e perguntei-lhe se ainda tinha o tal anexo para dois dias. A Senhora ficou toda contente e deu-me a morada e que fosse a que hora quisesse. Até tinha lugar para o carro.
Estava absorto com tanta sorte quando o Emanuel se apresentou com o copo do Porto e um pires com meia dúzia de camarões já meio descascados acompanhados por fatias fininhas de pão torrado e uma bola de maionese, e disse:
- A tapa é por conta da casa.
- O seu patrão é muito gentil.
- Por acaso a ideia não foi do meu patrão que é meu pai, mas foi minha.
Engoli em seco. Besuntei um camarão na maionese e meti na boca ao mesmo tempo que bebi um pouco daquele Porto, com a língua saboreei aquela mistura. Ele não tirando os olhos de mim e com um sorriso maroto retirou-se.
Pronto… Pareceu que já não faltava tudo.
O almoço correu às mil maravilhas. Tudo a bom gosto acompanhado por um vinho verde branco
Veio a sobremesa e o café.
- A acompanhar o café quer um digestivo?
- Sim pode ser um Napoleão.
- Então vai ficar por cá ou está de passagem?
- Se tiver companhia para ir a um bar logo à noite fico por cá. Caso contrário, vou embora.
- Porque não vem cá jantar? Tinha muito gosto em mostrar-lhe a noite cá do burgo.
- A que horas é o jantar e a que horas sais?
Já o estava a tratar por tu.
- O jantar é a partir das vinte e eu saio às dez e meia.
- Sendo assim, venho por volta das nove e meia.
- Quer dizer que fica por cá.
- Pelo sim pelo não já arranjei um apartamento em um anexo que tem garagem para arrumar o carro.
- Posso saber quem é?
Peguei no cartão da Senhora e mostrei-lhe.
- Há! É a Tia Ermelinda. Conheço muito bem!
- Quer dizer que é pessoa séria e não é careira.
- É ainda minha prima afastada. Depois falo com ela quanto ao preço. È uma prima muito querida e depois de darmos uma volta pela noite cá da vila podemos acabar lá para tomar o último copo.
Aquela coisa do “depois tomarmos lá o último copo” deixou-me com pulga atrás da orelha. Mas como é hábito dizer-se “Quem vai a Roma e não vê o Papa á burro ou não tem arte” Não quis passar por burro em Sesimbra e confirmei o meu jantar e fui dar uma volta pelas ruas e algumas igrejas da vila. Fui também ter com a senhora a quem tinha alugado o quarto aproveitando para deixar o carro.
Quando contei à senhora onde tinha almoçado ela logo disse:
- É gente muito boa. Foi atendido pelo Emanuel?
- Sim foi ele que me atendeu e falou-me da senhora. Logo à noite vamos dar uma volta.
- Esse menino é muito bom rapaz. Nem precisa de tirar o seu carro da garagem. Ele também tem um carrito e para darem uma volta é melhor irem no carro dele.
- Vamos ver.
- O Sr. quer que deixe algum petisco para quando vierem?
Não sabia o que se passava entre tia e sobrinho mas logo desconfiei que ela seria a confidente do Emanuel a ao saber que ele me tinha convidado para dar uma volta pela vida nocturna da vila e então aproveitei a oferta:
- Se possível deixe uns lagostins cozidos e uma garrafa de vinho branco.
- Fica tudo preparado na mesinha do quarto.
Porra! Era mesmo o meu dia de sorte.
Despedi-me da senhora sem antes lhe deixar cinquenta euros para o petisco que ela recusou. Dizendo que depois fazíamos contas.
Continuei a dar umas voltas até à hora do jantar sem antes ter descansado no quarto e ter mudado de roupa.
Já a seguir O jantar
Fim da I Parte
Para ler tudo o que aconteceu depois clique (aqui)
Como vai você de Roberto Leal
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Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação”
© Nelson Camacho
2014 (ao abrigo do código do direito de autor)
Um dia tive de dar uma resposta a um amigo que não me deixada de chatear.
Tínhamo-nos encontrado algures e aconteceram uns copos.
A partir daí o telefone não deixava de tocar queria voltar a tomar uns copos comigo.
Como não estava interessado neste tipo de relacionamento fui sempre dando com os pés até que ele me disse que eu era um chato. Então respondi:
Eu Chato?
- Sou chato? Depende de ti.
- Sou feio?? Há quem goste.
- Sou bonito??Tenho espelhos.
- Amas-me?? Bom para nós.
- Odeias-me?? Entra na fila!
... - Sou maluco?? O problema é meu.
- Fui fácil?? Apetecia-me.
- Fui dificil?? Não me apetecia.
- Beijo mal?? Tu também.
- Beijo bem?? Já sabia.
- Sou bom amigo?? Demais.
- Sou bom inimigo?? Mais ainda.
- Eu minto?? O necessário... Tu também.
- Eu odeio?? Não, tenho pena.
- Sou ridículo?? Estamos a falar de mim ou de ti?
- Sou educado?? Quase sempre.
Se não gostares de mim e porque andas cego então vaza...lol
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Sou chato? Não “Esse Cara sou eu” com Roberto Carlos
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Nelson Camacho D’Magoito
“Poemas para degustar-dr”
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2014 (ao abrigo do código do direito de autor)
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