O tempo passa silencioso.
Cada segundo é um minuto, cada minuto é uma hora, cada hora é um dia, cada dia é um mês e as grilhetas do tempo vão apertando cada vez mais e cada ano nada mais é que parecendo uma eternidade nada mais é que um lapso de tempo. Já me esqueço em que dia estou e nem a noite que se vai juntando uma a outra me vai lembrando em que dia estou.
Ninguém bate à porta e o telefone não toca, só o carteiro suavemente (parece que tem medo de me incomodar) periodicamente coloca na ranhura respetiva as cartas que nada mais são que contas para pagar,
Se estivesse com uma pulseira eletrónica mandada colocar por qualquer juiz como pena de algo que tenha feito como prisão preventiva não seria tão doloroso como esta prisão do tempo.
Os amigos verdadeiros já cá não estão – estão prestando contas a Deus – e familiares os que não estão na mesma situação, dizem que já não existo.
No ano que passou tentei encontrar o Pai Natal mas não o encontrei. Valeram-me uns parcos amigos para colmatar esta solidão que me atormenta. Estiveram presentes no dia em que a família seria suposto juntarem-se. Foi uma boa noite. “A Noite do faz de contas”. Depois!.. Sim porque há sempre um depois, ficou tudo na mesma. As quatro paredes cada vez mais apertadas já nem deixam espaço para abrir o baú das recordações. Há uma pequena caixa que ainda está entreaberta de onde saltam momentos de uma pequena felicidade encontrada mas que foi sol de pouca dura. Talvez com os Reis Magos que em tempos encontraram o promissor da felicidade venha neste tempo que já não tenho tempo volte essa promessa de uma noite de pinta à volta de uma mesa no “Pinta”. Naquela noite fizeram-se promessas, os olhos brilharam e aceitaram-se compromissos liberais. Não foi o Pai Natal mas um Menino Jesus que como outros meninos jesus têm um projeto de vida onde eu estria incluído.
As grilhetas são tão fortes que nem as promessas de liberdade foram cumpridas. O menino vai continuar a crescer como se nada tivesse acontecido e a solidão vai continuar. Pode ser que os Reis Magos descubram outro menino sem grilhetas e finalmente nos traga a felicidade com que o mundo espera. Oh…Como seria bom ser o mesmo e as guerras terminassem para haver paz entre os homens e a palavra amor fossa uma constante.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação” (302)
Para maiores de 18 anos
© Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)
Eu queria encontrar o Pai Natal.
Eu queria tranquilidade.
Eu queria ter alguém a meu lado que para além de me fazer um “cafuné”, me desse a tranquilidade de companheirismo.
Eu queria namorar em casa e não num café ou em qualquer um jantar.
Porque cada um tem direito a fazer a sua vida privada eu não queria que o pai natal fosse só meu. Não uma repartição de afetos pois entendo que cada “macaco no seu galho” mas o tal companheirismo, embora esporádico.
Eu não queria chegar a casa à noite e ficar no sofá frente à televisão aceitando entrar-me ecrã dentro o que eles querem (tenho direito a escolhas)
Ainda sou dos que aceitam a partida a meio da noite.
Um dia ou uma noite por outra, eu queria dormir juntinho e transar sem stresse
Eu queria falar de bobagem e contar umas anedotas picantes.
Eu queria fazer programas de casal com idas ao teatro, ao cinema ou a uma exposição.
Eu queria beijar uma boca sedenta eu queria sentir o cheiro do banho recém-tomado e com as velas acesas no quarto brincar por baixo do edredom.
Eu queria dormir de conchinha olhar no olho e nos entendermos.
Nas férias, percorrer em corrida os corredores de um hotel direitos a piscina.
Eu queria receber momentos românticos.
Eu queria momentos memoráveis e confiar cegamente naqueles olhos brilhantes.
Eu não queria, já o disse: “eu amo-te” com sinceridade.
Afinal de contas quem precisa de paixão? O que nós precisamos é de amor verdadeiro e incondicional.
No final de contas já tinha encontrado o Pai Natal só que não é só meu.
Também não queria.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação” (302)
Para maiores de 18 anos
© Nelson Camacho
2016 (ao abrigo do código do direito de autor)
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