Terça-feira, 26 de Setembro de 2017

Palavras de Hitler

PARA TODOS AQUELES QUE PENSAM QUE SÃO LIVRES

"Numa das suas reuniões, Hitler pediu que lhe trouxessem uma galinha. Agarrou-a fortemente com uma das mãos enquanto a depenava com a outra.
A galinha, desesperada pela dor, quis fugir mas não pôde.
Assim, Hitler tirou-lhe todas as suas penas, dizendo aos seus colaboradores:
"Agora, observem o que vai acontecer"
Hitler soltou a galinha no chão e afastou-se um pouco dela.
Pegou um punhado de grãos de trigo, começou a caminhar pela sala e a atirar os grãos de trigo ao chão, enquanto os seus colaboradores viam, assombrados, como a galinha, assustada, dorida e a sangrar, corria atrás de Hitler e tentava agarrar algumas migalhas, dando voltas pela sala.
A galinha, mesmo sangrando, seguia-o fielmente por todos os lados.
Então, Hitler olhou para os seus ajudantes, que estavam totalmente surpreendidos, e disse-lhes:
"Assim, facilmente, se governa os estúpidos.
Viram como a galinha me seguiu, apesar da dor que lhe causei?
Tirei-lhe tudo: as penas e a dignidade, mas ainda assim, ela segue-me em busca de alguns grãos de milho."
"Assim é a maioria das pessoas: seguem seus governantes e políticos, apesar da dor que estes lhes causam e, mesmo tirando-lhes a saúde a educação e a dignidade, pelo simples gesto de receber um benefício barato ou algo para se alimentar por um ou dois dias, o povo segue aquele que lhe dá as migalhas do dia."
Para todos aqueles que pensam que são livres..."

(Diário de um Exilado)

Este texto chegou-me às mãos por um amigo

              Nelson Camacho D’Magoito

        “Textos digno de se lerem (não é meu” (313 )

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2016 (ao abrigo do código do direito de autor)

publicado por nelson camacho às 16:35
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Um dia, num lar de idosos.

A última carta de uma idosa

Pouco antes de morrer, uma idosa escreveu quem ela era realmente. Quando ela partiu deste mundo, as suas cuidadoras encontraram uma carta que fez com que todas ficassem emudecidas sem palavras e de vergonha!

A carta dizia assim:

“O que é que vocês vêm, em enfermeiras? 
O que é que vocês vêm, em mim?
O que é que vocês pensam quando me olham?
Que sou uma velha rabugenta, não muito inteligente?
Com hábitos estranhos e olhar distante.
Aquela a quem a comida cai dos cantos dos lábios e nunca responde.
Aquela a quem dizem alto: ‘Pelo menos você podia tentar’.
A que parece não ter consciência das coisas que vocês fazem.
E que sempre se esquece de alguma coisa... A meia ou o sapato?
Aquela que, sem resistir, deixa que vocês façam o que querem.
Que passa grande parte dos seus dias numa sala olhando para a televisão.
Ou num quarto, a comer, sozinha.
É isso que vocês acham? É isso que vocês vêm?
Pois então, enfermeiras, abram os vossos olhos, vocês não me vêm.
Vou dizer-lhes quem eu sou, agora que estou sentada, fazendo o que vocês me dizem, e comendo o que vocês pedem...

Eu sou uma garota de 10 anos, com pai e mãe, irmãos e irmãs, que se amam.
Uma menina de 16 anos com asas nos pés, que sonha em breve encontrar o amor.
Uma noiva de 20 anos, com o coração aos saltos, recordando os votos que prometeu cumprir.
Com 25 anos já tem seus próprios filhos, que vai orientar e a quem vai ajudar a ter um lar seguro.
Uma mulher de 30 anos, cujos filhos crescem rápido, unidos com laços que devem durar.
Aos 40, os meus filhos jovens cresceram e se foram mas o meu marido está comigo para que eu não fique triste.
Aos 50, voltam a colocar bebés novamente no meu colo.
Eu e o meu amor voltámos a conhecer crianças...

Depois, dias negros se aproximam, o meu marido está morto.
Olho para o futuro, e estremeço, os meus filhos têm os seus próprios filhos, e penso nos anos e no amor que conheci.
Agora sou uma mulher velha. A natureza é terrível.
Eu rio da minha idade como uma idiota.
Quando me vejo ao espelho, não me reconheço.
O meu corpo está frágil. A graça e a força despedem-se. Agora só existe um músculo onde antes batia o coração. Mas dentro desta velha carcaça ainda vive uma jovem mulher, com saudade daquilo que foi.
E o meu coração maltratado, dói. Lembro-me das alegrias, lembro-me das tristezas. e vivo e amo todos os dias.
Penso nos anos, tão poucos e sei que foram tão rápido. Eu aceito o facto de que nada é para sempre.
Então, abram os vossos olhos. Abram bem, e vejam.
Não somos velhas resmungonas nem rabugentas.
Somos aquilo que vocês vão ser um dia, IDOSOS.
Olhem para mim mais de perto e vejam-me”. 

Esta história, é uma lição para todos nós. Um idoso tem passado, presente e FUTURO. Infelizmente, muita gente acha que eles são inúteis. Mas a verdade é que eles merecem muito respeito e toda a nossa atenção.
Depois de perderem aqueles que mais amam, os seus pais, irmãos, tios e até esposos, eles tiveram força de continuar a viver, pelos seus filhos e netos. 
E o que é que recebem em troca? Indiferença da família, amigos, e maus-tratos….

Se encontrou neste texto algo que fez mexer com os seus sentimentos ou um pouco da sua vida não se escuse de comentar. É livre de dizer o que pensa sobre o assunto.

Obrigado.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

                  Nelson Camacho D’Magoito

        “DR. Contos ao sabor da imaginação” (312)

               Para todas as idades e credos

                     © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)

música que estou a ouvir: Ó Tempo volta p'ra trás
Estou com uma pica dos diabos: Triste
publicado por nelson camacho às 14:58
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Segunda-feira, 25 de Setembro de 2017

Eu era homofóbico

Nasci como se diz com tudo no sítio e num ambiente familiar bastante religioso desde escolas privadas e uma formação religiosa através de vários anos de catequese na paróquia lá do sítio. Os meus pais tementes ao seu Deus quando foi a altura própria e depois de já ter sido batizado também me fizeram a comunhão solene. Já estava nos meus catorze anos, lindo como o Deus grego Eros, de cabelos louros e descaídas costas abaixo e uma compleição física de meter inveja aos colegas derivado à frequência de ginástica desde muito novo.

Naquele dia de comunhão lá fui eu todo vestido de branco usando pela primeira vez calças há homem. Tinha deixado os calções para sempre. Entre todos os nubentes era eu o mais destacado não só pelo meu porte atlético como na altura, pois era o mais alto de todos. Os fotógrafos não me largaram assim como as meninas, para agrado de meus pais Até parecia que já naquela idade me queriam arranjar namorada.

A festa continuou lá em casa com muitos convidados inclusive o Sr. Padre e o Sacristão, jovem um pouco mais velho que eu.

Entre os convidados existiam um casal com uma filha da minha idade mas que não conhecia mas eram paroquianos da mesma igreja e gente de dinheiro facto que meus pais logo se tornaram amigos.

 A partir daquele dia passamos a ir todos os Domingos à missa do meio-dia. Estavam a acabar as férias de verão e meus pais resolveram mudar-me de escola ou seja, para a mesma que era frequentada pela tal menina que se chamava Isabel.

Por força das circunstâncias todos nós os quatro começámos a frequentar as casas uns dos outros.

Pela minha parte só lidava com a Isabel quando estávamos todos juntos, pois tinha outras amigas e amigos na escola com quem fazia questão de passar mais o tempo pois não eram tão ligados à Igreja abrindo-me assim mais conhecimentos próprios da idade.

 

As nossas famílias eram o que se pode chamar de retrogradas em relação aos tempos que estávamos vivendo.

Durante aquele ano era sempre a mesma coisa. Escola, casa, igreja e um ou outro fim-de-semana no Algarve onde tínhamos uma casa de verão.

Sempre fui educado segundo aos mandamentos da Igreja Católica em que o casamento é para sempre e o relacionamento entre homens era quase proibitivo pois o que estava certo era homem mulher com a finalidade da procriação para continuação do género.

 

Já no fim do ano escolar foi quando descobri que a finalidade do convívio de meus pais com aquela família era com a ideia de me aproximar mais com a Isabel a fim de namorarmos pois viam ali um bom partido para o casamento futuro do seu filhote.

 

Com a passagem do tempo eu já estava nos dezasseis anos. Como todos diziam lindo, bem-educado e de formas físicas já de homem. Bem tratado o tal Eros que na mitologia grega é sempre tratado como um garotinho alado, de cabelos louros com aparência de inocente e travesso que jamais cresceu e que simboliza a eterna juventude do amor profundo, espalhando amor por toda a gente.

 

Acabaram as aulas e começaram as férias de verão. Como a nossa casa no Algarve é bastante grande meus pais convidaram o tal casal o Padre e o sacristão a passarem lá pelo menos quinze dias. Como a casa ficava na Quarteira fiquei todo satisfeito não só porque a data coincidia com o me aniversário do dezassete anos como era na Quarteira que alguns colegas do ginásio e da escola tinham lá casa, ficando desde logo agendado fazer lá uma grande festa de aniversário. Meus pais não atinaram lá muito bem com a minha proposta, mas como ia também o Jorge (sacristão) que também fazia anos mas dezoito, com a Isabel pelo meio sempre era rapaziada para preencher a festa.

 

Chegada ao Algarve.

 

Depois da missa daquele Domingo lá fomos todos para a Quarteira. Parecia um casamento pois eram vários carros, o nosso, o da Isabel com os pais, o do Padre com o Jorge e mais dois carros de meus amigos pois tínhamos combinados irmos todos no mesmo dia.

 

Quando chegamos já era horas da janta e combinamos encontrarmo-nos todos num restaurante depois de cada um ir a suas casas depositar as malas e apresentarmo-nos todos convenientemente.

 

Hás vinte e uma horas, lá estamos todos no restaurante onde fomos todos apresentados.

Os meus colegas João, Carlos e Victor com os respetivos pais. Depois das respetivas apresentações e das entradas alinhamos propriamente dito no jantar onde se teve umas conversas de circunstância para além de meus pais ficarem a saber quem eras aqueles rapazes e seus respetivos pais e o que faziam na vida.

Minha mãe estava esfusiante de alegria pois não sabia que me dava com gente de tão bom porte económico.

Quando chegou o fim do Jantar e passamos para o Salão a fim de tomar o café e respetivo Porto.

O Sr. Padre olhando para o fundo do salão e verificando haver um piano logo sugeriu que o Jorge para além de ser sacristão na sua paróquia também tocava órgão, tocasse umas baladas para legrar o resto da noite. Que o rapaz aceitou de agrado.

No caminho para o piano a Isabel que estava a meu lado segredou-me

- Espero que o gajo não vá tocar nenhuma missa…

- Vais ver que não!... Já o ouvi lá nos coros e o gajo tem pinta de cantor romântico.

 Assim que o Jorge se sentou ao piano começou dedilhando as teclas com tal magia que parecia um profissional a sério, começando com a introdução de tema “Emoções” de Roberto Carlos.

O nosso espanto foi maior quando com uma voz maviosa começou a interpretar:

 

“Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções sentindo
São tantas já vividas
São momentos que eu não esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui”

 

Ficamos todos de boa aberta com este tema e a forma como o foi interpretando, não devendo nada ao Roberto Carlos, Aplaudimos de pé mas o pior viria a seguir quando ele continuou com outro tema do Roberto “Como é grande o meu amor por você”

 

“Eu tenho tanto pra lhe falar
Mas com palavras não sei dizer
Como é grande o meu amor por você
E não há nada pra comparar
Para poder lhe explicar
Como é grande o meu amor por você
Nem mesmo o céu, nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Não é maior que o meu amor, nem mais bonito”

 

Isabel que continuava a meu lado voltou a comentar:

 

- Mas o gajo já esteve e volta a estar apaixonada!... Por quem será?

- Deve ser por alguma manina lá do coro.
 - Quem dera que fosse por mim. O gajo é muito giro

 

Todos bateram palmas a abraçaram-se ao Jorge que recebeu ao afagos e carinhos de todos mas quando chegou `quarta canção levantou.se do piano e comentou:

- Estou verdadeiramente satisfeito pelos vossos carinhos mas há entre nós alguém que já ouvi cantar uma vez ,embora na brincadeira lá no coro da igreja e como vai ser novidade para todos, vou pedir-lhe para se juntar a mim em Nossa Senhora.

Ficaram todos expectantes pois ninguém sabia quem tinha essas virtudes. Foi a vez do Padre se me dirigiu:

- Então? É contigo que ele está a falar. Já te ouvi, ou estás com vergonha.

Se tivesse ali um buraco tinha-me enfiado com vergonha, Pois nem os meus pais sabiam que cantava mas observando a conversa dirigiram-se-me e fizeram questão de mostrar os meus dotes e todos em uníssono gritaram: Canta, canta, canta, canta. Até que me dirigi ao piano e dividi a canção com o Jorge, começando:

 

“Cubra-me com o seu manto de amor

Guarda-me na paz desse olhar

Cura-me as feridas, e a dor

Me faz suportar

 

Que as pedras do meu caminho

Meus pés suportem pisar

Mesmo ferido de espinhos

Me ajuda a passar

 

Se ficaram mágoas em mim

Mãe tire-as do meu coração

E àqueles que eu fiz sofrer

Peço perdão

 

Se eu curvar meu corpo na dor

Me alivia o peso da cruz

Interceda por mim, minha mãe

Junto a Jesus”

 

O Jorge seguiu:

 

“Nossa Senhora me dê a mão

Cuida do meu coração, da minha vida

Do meu destino

Nossa Senhora me dê a mão

Cuida do meu coração

Da minha vida, do meu destino

Do meu caminho

Cuida de mim”

 

Todos estavam de boca aberta e a gostar mas ninguém entendia que uma canção daquelas fosse cantada por dois homens, mas Deus sabia o que estava a fazer e os duetos continuaram.

A festa acabou às tantas da madrugada já com assistências de outros veraneantes que se tinha juntado a nós.

Cada um foi para suas casas e ficou combinado todo o mundo encontrar-se na piscina de minha casa pois meu pai tinha oferecido um churrasco para todos.

 

No dia seguinte

 

Naquela manhã ninguém me foi acordar o barulho que a malta fazia na piscina entrava pela janela do meu quarto sobranceira aos jardins. Fu espreitar e lá estavam todos – novos e velhos – aos saltos, saltinhos e acrobacias para a água. Na churrasqueira já deitava fumo e à volta dela já se encontrava meu pai e os pais dos outros acendendo o lume.

- Porra!.. Já é hora de almoço? – Comentei de mim para mim – Olhei para o relógio e de facto já eram quase duas horas da tarde.

Levantei-me apressadamente, vesti uns calções dirigi-me à piscina. Estava a sair o Jorge que à frente de todos se agarrou a mim deu-me um grande abraço ao mesmo tempo com um beijo nos lábios.

Eu gostei!.. Senti em mim algo de estranho e a minha mente disse-me “Afinal não sou homofóbico” demos as mãos e demos um salto para água.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

           Nelson Camacho D’Magoito

        “Contos ao sabor da imaginação” (311)

             Para maiores de 18 anos

                 © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)

música que estou a ouvir: Nossa Senhora
Estou com uma pica dos diabos:
publicado por nelson camacho às 18:22
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Domingo, 24 de Setembro de 2017

A prostituição mora no Parque Eduardo VII

A Pprostituição mora no Parque Eduardo VII

Já tinha escrito que o Sábado estava chato e não encontrava amigas nem amigos para alegrar a alma, então meti-me no carro e lá fui sem destino marcado direito a Lisboa. Junto ao Bairro Alto ou na entrada de Alfama não encontrei lugar para arrumar o carro e quando dei por mim já ere meia-noite e estava no topo do Parque Eduardo VII junto ao Corte Inglês. Como eles têm parque privativo entrei. Dei uma volta e comprei um DVD “ A procura da Terra de Nunca” e um CD do meu amigo Paco Bandeira – que ainda não tinha. Não comprei mais nada porque a vida não está para gastos.

Sai e mesmo no topo do já dito parei para fumar um cigarro.

Tinha a janela aberta por causa do fumo quando senti que alguém se aproximava. Era um jovem que me pedia um cigarro. Dei-lho e enquanto acendia o mesmo me perguntava se não queria dar uma volta ao qual respondi:

- Epá está enganado…

- Desculpe! Mas neste sitio a esta hora, pensava que vinha ao engate – eu faço tudo! (Respondeu ele e eu retorqui).

- Lamento mas não estou nessa.

O rapazito lá se foi embora – não tinha mais de 15 anos-.

Então coloquei no rádio o CD do Paco Bandeira e acendi mais um cigarro e ouvi uma voz feminina que dizia.

- Eu gosto é da ternura dos quarenta” 

Olhei e lá estava uma Maria qualquer de cabelos louros e olhos cintilantes e depois continuou tal como o rapazito anterior.

- Queres dar uma volta? São só vinte euros.

- Só para dar uma volta? – Respondi.

 - Também podemos ir até uma pensão ou a tua casa!?!

- Nem uma coisa nem outra mas se quiseres ir comer alguma coisa, eu vou.

A suposta Maria deu a volta ao carro, abriu a porta e sentou-se, tal como já nos conhecêssemos há muito tempo.

- Deves ser um gajo porreiro para me convidares para comer algo. Não queres cama?

- Isso é uma situação que logo se vê. – Respondi olhando bem para ela.

Ela começa a retocar a maquilhagem e comente:

- Desculpa mas não quero ir contigo a qualquer restaurante sem estar arranjada. Já conheço todas as matrículas e nunca te vi por aqui. Não me digas que é a primeira vez!?. Já qui ando há pelo menos há cinco anos. Passo neste local todas as semanas exceto às segundas que é o dia dedicado aos meus filhos e marido que está de folga.

- Então tenes filho e um marido?    

- Sim! Mas eles não sabem.

Entretanto fui olhando para calçada e lá andavam num frenesim no sobe desce rapazes e raparigas procurando vender sexo, então resolvi arrancar o carro para um restaurante ainda aberto junto ao Coliseu dos Recreios.

- Deve ser uma vida dura andares por aqui e sem a família saber.

- Sim é duro mas as contas têm que ser pagas e o meu marido é segurança e ganha o ordenado mínimo nacional e os filhos que são dois também andam na escola. São os livros e o vestir.

Já no restaurante.

Mal entrei com a moça logo um empregado comentou:

- Olá Nelson! Há muito tempo que não te víamos por cá! Andaste em digressão?

- Não, estive no hospital cinco meses.

- E o que tiveste para tanto tempo?

- Tive um problema do coração e estive em coma alguns dias, depois foi a recuperação.

- Não me digas que foi mais uma cena de amores? Nunca ais tens juízo

- É verdade amigo. Nunca mais tenho juízo.

- Estou a ver, estou a ver – Dirigindo-se à moça.

Como é meu hábito puxei uma cadeira para a moça se sentar.

Ela retorqui-o:

- És muito simpático. Nunca me fizeram isto. Afinal quem és? Para seres conhecido aqui?

- Sou um cliente de há muitos anos e um exe cantor

- Não me digas! Tenho tido clientes de várias profissões, engenheiros, doutores e até políticos mas nunca tinha tido um cantor.

- Pois! E tu como te chamas?

- Isabel Nogueira, para ti e Isabelinha para os outros desta vida.

- Ok Isabel. Agora conta-me a tua vida.

- Para muitas mulheres, e é o meu caso, a rua é o fim da linha: destino de quem viveu tempos dourados nas boîtes mas dos quais sobram apenas as marcas difíceis de disfarçar com camadas de base e rímel que disfarçamos.

- Não me digas que já foste stripper.

- Em bares já fiz de tudo mas na rua ganha-se muito mais

- E quanto é esse mais?

- Anda há volta de dois mil e quinhentos euros mensais.

- Porra!.. Isso quase é o ordenado de um deputado.

- Não é bem assim pois tenho alguns deputados como clientes e eles até até pagam bem.

- No final de contas quanto é que tu levas? Para uma noite de sexo?

- Tenho uma tabela para várias situações

- E em que situação eu me encontro?

- Os preços não variam muito: uma relação normal na pensão custa 50 euros – mais o valor do quarto, pago pelo cliente –, no carro, 30 euros, sexo oral, 20 euros, mas o teu caso é diferente.

- Diferente, porquê?

- Diferente porque me inspiras confiança e tens uns olhos azuis lindos como eu gosto e lembra-me o meu primeiro homem, mas não penses que te quero para chulo que é coisa que nunca tive nem quero ter.

- Ainda bem porque na minha vida de cantor já tive muitas que queriam-se aproveitar de mim mas nunca fui nessa, embora não me lembre de pagar para tr sexo.

- Então porque foste ao Parque?

- Passei um sábado chato e vim até Lisboa sem destino e acabei por parar onde me viste.

- Pois estás com sorte pois vi dares uma nega a um maricas e vi logo que não eras desses.

. No final sendo tu uma mulher casada e com filhos o que te levou a esta situação?

- As primeiras noites na rua não são fáceis. Fazer sexo por amor é uma coisa, por dinheiro é outra bem diferente. Mas depois de entrar, o difícil é sair, e as contas têm que ser pagas. Numa noite como esta, um sábado, o trabalho pode prolongar-se até às seis da manhã, altura em que tenho de voltar para casa. Ganhar dinheiro pode tornar-se um vício como outro qualquer, semelhante às drogas ou ao álcool. Se for trabalhar noutra profissão qualquer, vou ganhar quanto?

- E é só pelo dinheiro?

- Não! Também venho cá pelas histórias que oiço sendo por vezes um ombro amigo para alguns

- Queres ouvir a minha histeria?

 - Deve ser muito interessante tomando em conta a conversa que tiveste à entrada com o emprenhado.

Já tínhamos acabado a refeição e estávamos no café e pago com cartão.

A Isabel olhou bem para mim e comentou:

- Quer dizer que andas sem dinheiro!?!

- Normalmente ando sempre somente com uns trocos.

- Quer dizer que não andavas de fato ao engate!?!

- Efetivamente já o disse que andava sem destino certo, mas se quiseres ir até minha casa, tudo se pode arranjar.

- E quem te disse que iria aceitar?

Levantámo-nos coloquei um braço por cima do ombro dela como dois namorados e seguimos para o carro e ela só perguntou:

- Moras longe?

- Moro no Magoito, mesmo em frente ao mar.

Entramos no carro e seguimos com uma conversa de circunstância verificando que a Isabel era uma pessoa letrada e que a vida a tinha levado aquele destino.

Entramos em casa, bebemos mais um café e um whisky. Ela pediu para tomar um banho. Dei-lhe um toalhão e indiquei-lhe o banheiro. Minutos depois apareceu-me com o dito toalhão enrolado ao corpo como menina pudica como já fosse dona da casa dirigiu-se a mim, deu-me um beijo nos lábios e comentou:

- Agora não te demores! – e de seguido caminhou para o quarto.

Eu estava pasmado com tudo o que me estava a acontecer naquela noite, Fui tomar um duche e o reto está-se mesmo a ver.

Foi uma noite como há muito não tinha até que adormeci.

Quando acordei a Isabel não estava a meu lado e assustei-me, estava meio levantado quando ele apareceu com uma bandeja com o pequeno-almoço.

Se tinha ficado assustado quando acordei, fiquei pasmado com o que estava a acontecer. Olhei para o relógio, eram seis horas.

- Desculpa mas tens que me levar a casa. O meu marido chega por volta das sete. Temos de repetir esta noite.

Contra factos não há argumentos. Eu ia passar a ser o outro e só me iria custar um jantar ou outro.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

              Nelson Camacho D’Magoito

               “Histórias de vida” (310)

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)

 

música que estou a ouvir: A Ternura dos Quarenta
Estou com uma pica dos diabos:
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Quinta-feira, 7 de Setembro de 2017

Um amigo colorido

Um amigo colorido

     Ao reiniciar os meus textos sobre o tema homoerótico apeteceu-me não escrever uma história entre dois homens que se prostituem mas uma que ouvi no hospital – devidamente faccionada - onde estive internado durante cinco meses com problemas do coração. Espero que gostem.

 

Sendo assim, vamos ao que interessa:

 

Tenho um amigo que por questões familiares pediu-me se podia ficar em minha casa, durante uns dias até resolver a situação de habitação. Como aos amigos servem para as ocasiões e não estando muito interessado em saber ao que se tinha passado mas sabendo ser um tipo honesto de imediato, disponibilizei-lhe um sofá na sala para dormir e o resto da casa como se fosse sua. Anda lhe entreguei uma cópia da chave de casa para o caso de querer sair, poi durante o dia não estaria pois tinha de ir para o meu trabalho.

 À noite quando voltei o meu amigo Jorge já tinha saído e comprado umas costeletas de vitela e feito batatas fritas que logo me cheiraram ao abrir da porta. A mesa já estava posta com uma Garrafa de vinho Banco de Reserva de Reguengos de Monsaraz metida num Frapé cheio de gelo.

Jorge tinha tomada à letra quando lhe disse para fazer de sua a minha casa. Não só tinha preparado uma bela refeição como andava movimentando-se de bermudas, chinelos e t-shirt.

 

- Desculpa o meu atrevimento. Mas como disseste para estar à vontade. Fiquei à vontadinha.

- Mas está tudo bem. Há muito que não tinha alguém cá em casa fazendo-me uma refeição.

- E gostas-te?

- Normalmente sou sempre eu que faço o petisco.

- E a malta só come!....

. Se queres que te diga nem a loiça lavam.

- Porque não vais tomar um duche? Eu por mim já estou fresquinho. Só falta colocar a comida na mesa.

- Poa acaso não vais acender também uma velas??????????? – Comentei em grandes gargalhadas enquanto me dirigia para chuveiro.

 

Quando voltei para não fazer má figura com o meu convidado, também vesti umas bermudas, chinelos e uma t-shirt de alças.

Quando entrei na sala de jantar fiquei meio parvo pois o Jorge tinha procurado umas velas e lá estavam elas em dois castiçais no meio da mesa.

 

- Agora não me tornes a desafiar seja com o que for, que levas logo a resposta.

 

Efetivamente quando me desloquei para o duche tinha dito aquela graça das velas e ali a estava resposta.

 

Embora o Jorge seja um amigo de há uns anos a esta parte, nunca tínhamos entrado em pormenores do seu foro privado. Sabia que vivia com os pais e estava no último ano de comunicação social e já fazia uns trabalhos para televisões de onde nos conhecíamos e nada mais.

 

Depois de uma conversas triviais, chegou o memento de ele contar o que se tinha passado com os pais ao ponto de ter saído de casa.

 

Na sua prova final de curso tinham-lhe dado para fazer uma reportagem sobre o Movimento Gay que a comunidade GLBT se preparava para fazer na avenida da Liberdade com o apoio da Camara Municipal de Lisboa.

Os pais ao saberem a temática da reportagem, logo se insurgiram e demonstraram pertencerem a uma sociedade repressora, coercitiva e preconceituosa.

 

- Pronto! Lá vão os maricas todos descerem a avenida, travestidos e outros vestidos com roupas íntimas servindo de graça a uma opção que não tem graça alguma.

- Mas pai!.. É uma forma destes movimentos se insurgirem contra a homofobia e tudo o que ela representa. Acredito que este é uns dos caminhos para c conscientização do género e não reforçar estereótipos que não chegam a nada.

 

Minha Mãe também se meteu na conversa e foi ao ponto de dizer se soubesse que eu fazia parte dessa ceita, já que andava no meio deles nas televisões, logo arranjaria maneira de me por na rua.

 

Perante todos estes desaforos de meus pais, quando acabamos de jantar, subi para o quarto meti meia dúzia de roupas num saco e escrevi-lhes uma carta, informando-os que não era homofóbico nem tão preconceituoso como eles e como já sentia atracão por um amigo embora nunca lho tenha dito, antes da descoberta e para que não me ponham na rua, saio pelo meu próprio pé e esqueçam-se deste filho que vos adora mas que não se importa de ser diferente.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

           Nelson Camacho D’Magoito

        “Contos ao sabor da imaginação” (309)

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publicado por nelson camacho às 19:42
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