Sexta-feira, 22 de Dezembro de 2017

O Tempo antigo

COMO SE VIVIA NOS ANOS 60/70 E COMO SE VIVE AGORA.

Você viveu a sua infância ou adolescência entre os anos 60 e 70? Então vamos fazer uma viagem no tempo, afinal recordar é viver, Como foi possível sobreviver naquela época? Os carros não tinham cinto de segurança, apoio para a cabeça, nem Airbag. Nós ia-mos no banco de trás, fazendo aquela farra e não tinha nenhum perigo. As camas tinham grades, os brinquedos largavam as peças e eram pintados com uma tinta qualquer. Não havia grades nas janelas nem cercas elétricas ou alarme nos carros. A gente andava de bicicleta para lá e para cá sem capacete, joelheiras ou cotoveleiras. Bebia-mos água sem ser filtrada, de uma mangueira sem nos preocupar com água mineral em garrafa supostamente esterilizada. Construímos carrinhos de rolamentos e aproveitava-mos as descidas para brincar com os amigos, os chinelos e sapatos eram usados como freio. Depois de alguns acidentes tudo ficava resolvido… e a gente continuava a ser feliz. A gente brincava na rua com a condição de voltar para casa ao fim da tarde para fazer os trabalhos que trazia-mos da escola, pois tinha-mos escola de manhã e o resta da tarde para brincar. Quando apanhava-mos piolhos usava-mos NIOCID EM PÓ. Gesso no braço, dente lascado, arranhões, galo na cabeça, alguém se importava? Comia-mos doces à vontade, não se falava em obesidade, nosso refrigerante era comprado na loja da esquina e dividido com os amigos, de gole em gole e ninguém nunca morreu por causa disso. Não existia Playstation, telemóvel, mp4, computadores, internet, mas existiam amigos. Nossos programas de TV e desenhos animados eram sem violência e maldade. Nossos cães eram super-cães, nada de ração, comiam restos de comida, não existiam boutique de animais, seus banhos não tinham shampoo, água quente nem nada disso, no quintal um segurava o cão e ou outro esfregava com uma barra de sabão e nenhum cão ficou doente ou morreu por causa disso. Nosso mundo era tranquilo e seguro, jogava-mos a bola na rua sem preocupações e se algum não fosse escolhido para jogar, não ficava frustrado ou com traumas, era tudo brincadeira. Na escola os bons passavam de ano, os maus reprovavam e tinham a chance de aprender no ano seguinte e ninguém ia ao psicólogo ou terapeuta para não crescer com frustrações e desvios de personalidade. Nosso mundo era mais coerente. Nossas festas eram animadas por um gira-discos com agulha de diamante deslizando sobre os discos de vinil e apagava-mos a sede com um refresco de groselha. Tinha-mos liberdade, fracassos, sucessos e deveres… e aprendemos a lidar com cada um deles. A verdadeira questão é, vivemos uma época maravilhosa que não voltará jamais, conseguimos desenvolver nossa personalidade, sabendo discernir o certo do errado, por certo quem não viveu esta época, pode achar que tudo era uma chatice,,,mas nós sabemos, COMO ERA-MOS FELIZES.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

             Nelson Camacho D’Magoito

          “De Autor desconhecido”(318)

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do Direito de Autor)

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Afinal ele tinha outro!

Na Praia Grande conheci uma moça simpática e atraente

 

Afinal ele tinha outro!

 Normalmente, sou um tipo pacato. Não sou muito ligado às coisas que me rodeiam, vivo sozinho, faço a acama, lavo a loiça e a roupa, faço as minhas alimentações e até por vezes faço uns banquetes para os parcos amigos que tenho.

Quando alguém fica em minha casa gosto de lhe fazer o pequeno-almoço e levá-lo à cama (são coisas de quem vive só).

Os amigos que tenho, gerem-se na vida pelos mesmos parâmetros. Gostam de estar em pequenos grupos, e quando nas festas alguém se afasta é para continuarem em grupo, mas a dois.

Todo este preâmbulo para dizer que nos meus tempos de ócio, os tenho só, bebendo uma bica e lendo um jornal em qualquer café, preferencialmente à beira mar onde as ondas do mesmo me dão um alívio de alma espiritual para combater as agruras da vida que são muitas. Foi na esplanada de um hotel frente ao mar na Praia Grande um dia conheci uma moça simpática e atraente me pediu lume para acender o cigarro. Também estava só na mesa ao lado. Vestia uma T-shirt rosa e uma saia tipo mini pelo qual se podia vislumbrar umas pernas bem torneadas. Não era uma rapariga totalmente atraente mas simpática no todo da sua aparência.

Olhando melhor, verifiquei que acendia cigarro no próprio cigarro, um a traz do outro o que me deixou um pouco perplexo, pois só tinha visto estas situações em homens e principalmente com alguns problemas psicológicos. Matutei, matutei, pensei, pensei, o que se passará com a moça? Não sendo meu hábito meter conversa com a primeira “ galinha “ que se me depara pela frente, tirei-me dos meus caprichos e aí estou eu a meter conversa com a dita. Aproveitando o facto de existirem os tais anúncios contra o tabagismo nos maços de tabaco, disse-lhe assim, à laia de chofre:

 

- Desculpe amiga (foi um tratamento à laia de alentejano) você já leu bem o que diz no seu maço de tabaco? -“Fumar prejudica gravemente a saúde!” –

 

Ela olhou para mim, e num ar triste respondeu:

 

- Há coisas na vida que matam mais depressa amigo.

       

Foi o início de uma conversa muito interessante principalmente para mim, que já deixei de ter pachorra para aturar “ galinhas “.

Nesta conversa em que não quis ser o galo da capoeira, deixei-a falar o que valeu que mais tarde, passou a ser uma grande amizade.

 

O contexto da conversa é que foi deveras interessante. Ela estava para ali a curtir não uma dor de corno, mas um sentimento que não sabia se era de culpa sua ou não. A história resume-se em poucas linhas:

 

“A Idália, é assim que ela se chama, estava para casar e não casou.

Namorou durante dois anos um rapaz bem-apessoado, filho de boas famílias e de um extracto social bastante invejável, nunca quis ter relações com ele enquanto namorados pois queria dar-lhe como presente a sua virgindade.

Passearam juntos durante aqueles dois anos inclusive por Portugal inteiro e estrangeiro, mas quando chegavam aos hotéis ficavam sempre em quartos separados, era ponto assente da parte dela a tal prende da virgindade para a noite de casamento, pela parte dele também nunca fez pressão para que outra situação acontecesse, portanto, estavam os dois de acordo, aparentemente.

Ela por boa-fé, nunca pensou como era possível um rapaz de vinte anos não querer ter relações inclusive, nem com qualquer outra rapariga o que seria natural. (Ela das duas uma, ou era cega ou gostava de facto muito dele, e gostava!).

Um dia, chegaram à conclusão e depois de conferenciaram com os respectivos pais como mandam os ‘canhenhos’, resolveram marcar o casamento.

Para tal era necessário uma casa e como os pais dele tinham posses, compraram uma casa e começaram a mobila-la.

Ora vai um, ora vai outro lá a casa colocar mais um apetrecho para o lar dos pombinhos. Marcaram a data do casamento e a boda toda raffiné, numa quinta dedicada ao Jet-Set. Fizeram os convites em conjunto, marcaram o fotógrafo e o câmara-men para as filmagens. Estava tudo pronto para o dia aprazado.

Na véspera do casamento e porque faltava arranjar a cama para a noite de núpcias, ai vai ela com a mãe ao seu ninho de amor. Abrem a porta, entram para o salão, a mãe de colcha embrulhada ao regaço, (a mesma que lhe tinha servido a si na sua noite maravilhosa), e ela com uma moldura com a fotografia do seu futuro mais que tudo marido.

Estão na sala ainda em amena cavaqueira falando do casamento, quando dos fundos ouvem umas vozes estranhas.

 

-Ai que nos estão a roubar, disseram.

 

A Mãe, mais afoita, antes de correram casa fora, ainda pega num candelabro e lá vão as duas direitas ao local de onde vinham as vozes estranhas. Abriram a porta do quarto, e na cama, estava o seu noivo com um primo (atenção que era um primo, não uma prima) em pleno acto sexual. Inebriados pelo amor com que estavam, só descobriam que tinham sido apanhados quando a Idália começou aos gritos e a mãe desmaiou.

Afinal ele tinha outro! E ainda por cima o primo dela.”

 

Depois deste relato, fiquei a perceber porque ela fumava um cigarro após outro. Coitada da moça, estava de rastos, de tal forma e porque me achou simpático, logo no primeiro encontro casual, contou-me todos estes seus azares.

Eu por mim, agora digo como o brasileiro, de facto; “ Tem Pai que é sego “.

 Ficámos amigos e hoje é uma das minhas melhores amigas no entanto, ainda não está em condições psicológicas de arranjar um novo namorado.

Por vezes saímos à noite a um bar ou cinema até já a levei ao Finalmente, um bar gay, para ver que são pessoas normais, somente a sua tendência sexual é que é diferente da nossa, e até os há casados e até com filhos.

Se ela tivesse chegado a casar até podia ser que fossem felizes.

Idália ainda está è espera de um milagre.

É que hoje é difícil para uma mulher arranjar um homem atraente e que esteja bem na vida, pois os livres, são casados ou são Gays.

Fim

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

              Nelson Camacho D’Magoito

        “Contos ao sabor da imaginação” (316)

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor)

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Que Deus lhe page

O último Conto deste ano – espero que gostem e comentem -

 

O Testamento

E se fosse contigo o que farias?

Tu que és pai. Tu que és filho. O que farias contigo?

Uma história um pouco longa para leres na íntegra.

Uma história de vida que vale a pena comentar.

 

O cemitério é onde tudo termina mas é por vezes, o início de alguns que por cá ficam

 

Por analogia, chama-se cemitério a um lugar onde se enterram ou acumulam produtos, tipicamente resíduos e detritos (por exemplo, cemitério de resíduos nucleares). É o mesmo que necrópole ou sepulcrário. A palavra "cemitério" (do latim tardio coemeterium, derivado do grego κοιμητήριον [kimitírion], a partir do verbo κοιμάω [kimáo] "pôr a jazer" ou "fazer deitar") foi dada pelos primeiros cristãos aos terrenos destinados à sepultura de seus mortos. A partir do século XVIII criou-se um sério problema com a falta de espaço para os enterramentos nos adros das igrejas ou mesmo nos limites da cidade; os esquifes se acumulavam, causando poluição e doenças mortais, o que tornava altamente insalubres as proximidades dos templos. Uma lei inglesa de 1855 veio regular os sepultamentos, passando estes a serem feitos fora do centro urbano. A prática da cremação, cada vez mais frequente, permitiu dar destino aos corpos de maneira mais compatível com as normas sanitárias. Com este nova prática de cremação há pessoas por razões que a razão desconhece, ou não, deixam em testamento o seu desejo de serem cremados para não mais serem lembrados. Foi o caso do Luís. Para que não houvesse mais lembranças a seu respeito, o nosso jovem de vinte cinco anos deixou escrito a intenção de ser cremado. Mais, pedia também que todas as suas fotografias, filmes, escritos e pertences próprios fossem incinerados conjuntamente com o seu corpo. Queria que não houvesse mais lembranças sobre a terra a seu respeito. Em conjunto deixou uma caixinha de madeira com uma madeixa dos seus cabelos louros com a indicação expressa que fosse entregue a seu pai no dia da sua cremação.

E assim foi feita a sua vontade…

A história

 

Jorge!.. Um homem que apesar dos seus cinquenta anos, mais parecia um velho de cem anos com os cabelos desgrenhados e a barba por fazer que demonstrava ter pelo menos mais de quinze dias.

Este aparentemente velho e acabado estava sentado ao fundo das escadas por onde momentos antes tinha passado o corpo de seu filho a caminho do crematório num caixão simples e sem quaisquer adornos, flores ou fotografia.

Aquele aparente velho acabado não estava somente sentado mas sim debruçado obre o seu próprio corpo segurando com as mãos já carcomidas onde caiam uma torrente de lágrimas a tal caixa que ao mesmo tempo ia esfregando e beijando.

 Para todos que acompanhavam até à sua última morada aquele jovem, achavam estranho aquele homem velho debruçado sobre algo que não entendiam o que era e nem o reconheciam ou conheciam.

Aquele ato de contrição, nada mais era que o início de um doloroso tempo de arrependimento e lembranças dos momentos que tinha sido feliz com seu filho até ter atingido a puberdade e não ter tido tempo para o compreender e perdoar quando o obrigou a sair de casa.

 

Aquela manhã, tinha sido horrível para o Jorge, homem de princípios derivado à sua formação religiosa e filho de gente temente a Deus, trabalhador de sucesso, casado segundo os princípios da madre igreja e progenitor de um rapaz também criado segundo os seus valores. Tudo corria bem. O seio familiar tinha sido construído segundo os valores com que toda a sua descendência e de sua mais que tudo mulher tinham sido criadas.

  Quando nasceu o pimpolho foi grande a festa e desde aquele dia até aquela noite. Luís, pois era assim o nome que deram ao dito era dia de festa. Primeiro a escolinha, depois o estudos inerente à idade e sempre acompanhado pelo pai, ora pela mãe, fazendo esta nos tempos livres em casa o habituar a fazer algumas lide de casa, tais como levantar a mesa, lavar a loiça e fazer a cama. Coisas que o pai Jorge era incapaz de fazer dizendo sempre que não eram coisas para homem mas, quando ele protestava logo vinha D. Miquelina comentando que tudo o que obrigava o filho a fazer era para bem dele e dizia: - Nunca se sabe quando o rapaz tiver de viver só porque nós já cá não estamos, não será como tu que nem um ovo estrelado sabes fazer.

23 Anos antes

Quem foi o Luís?

 

Luís como todos os rapazes até atingir a puberdade tinha sido um rapaz igual a todos os outros até começar a descobrir o seu corpo a sua anatomia. No ginásio lá da escola quando todos estavam no balneário reparava que era mesmo igual a todos os outros, mas havia algo de estranho dentro do seu cérebro De vez em quando dava por si a admirar os corpos de alguns colegas e não se sentia lá muito confortável.

Quando no recreio onde se praticavam vários desportos entre raparigas e rapazes contrariamente a seus colegas nunca se aproximava de raparigas – não lhe diziam nada – em contrapartida quando algum desporto dava para haver contacto físico com colegas, procurava que esses contactos fossem com os que aparentemente mais lhe agradava.

Luís sentia-se mal com tudo aquilo não encontrando uma explicação plausível.

Como o Google dá respostas para tudo, procurou saber e entender o que se passava com ele, mas nada. Comprou livros sobre a adolescência e psiquiatria, mas nada… – Continuava a não encontrar respostas -.

 

Uma noite no na escuridão do seu quarto. Procurando no computador algumas informações para um trabalho de escola, Abriu inesperadamente que é como quem diz - deu de caras com um sait - com um desenho bastante apelativo sobre desporto mas que tinha uma tarja onde dizia “ SÓ ABRIR SE TIVER MAIS DE 18 ANOS”. Mas porra!... Que seria aquilo? - Afinal ele estava quase a fazer os dezoito e certamente ninguém lhe ia pedir o bilhete de identidade – Resolveu clicar e logo na abertura deu com algumas fotografias de rapazes beijando-se e com a indicação que a partir dali iria ver filmes de temática Gay.

 

Passou a noite toda a ver filmes onde vários homens e rapazes se entendiam sexualmente até que adormeceu ficando o computador ainda ligado.

 

De manhã como era hábito o pai Jorge abriu a porta do quarto para o despertar a fim de o levar até à escola e deu de caras com o tal sait ainda aberto estando no memento a correr um filme com três rapazes se digladiavam sexualmente. Foi um choque tremendo para o velho pai Jorge. – E num repente comentou para si mesmo. Então o seu filho era Gay?...-

Nem abriu as cortinas da janela e ainda no escuro da madrugada, afastou repentinamente a cobertura da cama e lá estava seu filho todo nu e enroscado em uma almofada – Mas afinal que é isto? Tu és paneleiro?

O rapaz acordou sobressaltado com os impropérios do pai e tentou tapar-se novamente:

- Mas!.. Mas que é isto? O que se passa consigo?

- O que se passa comigo? Então tu ficas a noite a ver filme de paneleiragem, adormeces enroscado a uma almofada que está toda compuscarda de esperma como se estivesses agarrado a um homem e perguntas o que é isto?

  Foi quando o rapaz viu que tinha adormecido com o computador ligado e ainda estava a dar o tal filme.

- Mas!.. Pai. Não é nada do que estás a pensar – desculpou-se.

- Se fossem umas gajas ainda era como o outro mas agora gajos? Não foi para isto que te temos criado. A tua mãe é que é culpada. Sempre a paparicar-te e a obrigar-te a fazer certas lidas da casa próprias de mulheres.

Luís nem sabia o que dizer. As palavras não lhe saiam com vergonha e tentou explicar o que se tinha passado e que nada tinha de mau ou de mal e que ele não era o que o pai tinha entendido.

Jorge saiu porta fora e foi contar à mulher o que tinha visto.

- Óh homem! Se calhar é mesmo como ele contou. Sabes como são os rapazes com a Internet.

- Qual internet qual carapuça, a culpada és tu da forma como o tens apaparicado. Desconfio que tu és a sua confidente e sabes coisas que eu não sei.

 

Naquele dia houve grande discussão entre aqueles pais atirando culpas um ao outro e sem nunca aceitarem as explicações do Luís que acabou por sair porta fora sem tomar o pequeno-almoço e sem a companhia do pai que o levava todos os dias até à escola.

Luís quando chegou à escola chegou cabisbaixo e envergonhado com o que se tinha passado não falando com quem quer que fosse.

 

Quando chegou a altura da ginástica lá foi, mas nada lhe correu bem e antes de todos os outros dirigiu-se ao balneário despiu-se e com uma toalha enrolada à cintura pronto para tomar o duche sentou-se num dos bancos pensando em tudo o que tinha acontecido – Seria ele mesmo paneleiro como o pai lhe chamou?-.

Quando toda a malta entrou, sentou-se a seu lado o João começando a despir-se para o duche:

- Que tens? Hoje estás diferente o que se passa contigo?

Luís olhando para o colega que por várias vezes tinha notado que havia algo de estranho entre os dois respondeu:

- Nada de especial. Fui apanhado pelo meu pai a ver um filme na internet e o tipo não gostou nada e chamou-me de nomes.

- Porra!.. Só por estares a ver um filme?

- Pois!.. O pior é que não era um filme qualquer.

- Não me digas que era “O Segredo de Brokeback Mou Tain” Eu já fui apanhado por minha Mãe a ver esse filme e ela só comentou que não tinha nada de mal ver esses filmes pois são histórias de vidas reais e só é pena um dos protagonistas morrer no fim.

- Não. Não era esse mas um filme onde estão três gajos a praticar sexo.

- E gostaste?

- Nessa noite vi vários e acho que a tua mãe tinha razão. São coisas normais que acontecem na realidade. Só que o meu pai chamou-me nomes, foi contar a minha mãe e ficaram os dois a discutir até eu sair porta fora ainda envergonhado.

- Quer dizer que não te incomodou veres esses filmes!

- Em princípio achei estranho pois não entendi bem a razão daquilo pois sempre entendi que o natural seria entre homem e mulher, mas lá bem no fundo devia ter gostado pois enrosquei-me numa almofada masturbei-me, adormeci e acabei sonhando que eu era um dos três e acabei por me vir. Quando o meu pai de manhã me acordou é que vi que me tinha vindo mesmo. Achas isto natural?

- E nunca te tinha dado vontade de beijares um gajo?

- Estás parvo? – Respondeu Luís meio envergonhado pois ao mesmo tempo que contava isto não tinha tirado os olhos do amigo que se encontrava quase nu a seu lado.

- Pois há muito que eu ando com vontade de te beijar. - Ao mesmo tempo que João ia ouvindo o lamento do amigo, sorrateiramente ia-se aproximando cada vez mais do luís e quando acabou por confessar o seu desejo, olhou em redor para ver que não estava ninguém e pregou um grande beijo nos lábios do amigo que ficou um pouco atordoado e se levantou de repente.

É nesta altura que se ouve grande risada de colegas que entravam no balneário mas nada tinham visto.

Cada um ficou um pouco aparvalhado não mais se olharam, vestiram-se – Não chegaram a tomar duche - e cada um segui-o o seu caminho não mais se encontrando naquele dia.

 

Luís no recanto do seu quarto

 

Luís naquele dia chegou a casa um pouco mais tarde e ouvi-o um raspanete da mãe não tocando no assunto que o pai que não estava em casa lhe tinha contado e foi direito para o quarto.

Quando lá chegou e só depois de ter tomado um duche e ter vestido o pijama é que reparou que o seu computador não estava lá. Foi ter com a mãe e perguntou o que se tinha passado com o seu computador pois não estava no deu quarto. A Mãe um pouco chorosa abraçou-se a ele e disse que tinha sido o marido que o tinha levado para a sala e deixado recado se ele quisesse ver algo no computador que o visse na sala à frente de toda a gente.

Perante os acontecimentos o rapaz recolheu a seu quarto e deitou-se fazendo uma retrospetiva de tudo o que tinha acontecido desde a noite anterior até ao beijo do amigo.

Afinal o que se estava a passar com ele? Há muito que sentia uma certa apetência em olhar para os rapazes da sua idade e quando o fazia sentia algo de estranho nos seus pensamentos. Afinal seria mesmo aquilo que o pai lhe chamou? E aquele beijo roubado do amigo João? Seria que não era homem como seu pai?

Acabou por adormecer. A meio da noite voltou a sonhar e desta vez com o amigo acordando repentinamente com a sensação que se estava a vir. Era verdade. Tinha os lençóis todos esporrados.

Como já era habito ser ele a fazer a cama por imposição da mãe – dizia ela que era para ele aprender a fazer as lides de casa para um dia se viesse a viver só não ser como o pai que nem um ovo estrelado era capaz de fazer – Levantou-se foi tomar duche e fazer a cama com lençóis lavados para ninguém dar pelo que tinha acontecido.

Quando foi tomar o café da manhã disse à Mãe que tinha feito a cama de lavado pois tinha-se deitado um pouco suado.

- Fizeste muito bem meu filho. Olha o teu pai deita-se suado e tudo, quando vem do trabalho e eu tenho que o aturar. Quando casares não queiras ser como ele.

- Onde é que ele está? Não vem tomar o pequeno-almoço?

- Deve tomar mas não cá em casa pois telefonou a dizer que ficou toda a noite a trabalhar.

Luís embora preocupado com a notícia pois não era hábito acontecer aquilo, ficou mais descansado pois não teria de o ouvir novamente e saiu para a escola.

 

O regresso à escola

 

Luís naquela manhã quando chegou à escola tentou procurar o amigo para lhe contar o que tinha acontecido mas não o encontrou. Contra o seu hábito nem foi à aula de ginástica ficando sentado numa das bancadas que rodeavam o ginásio vendo os colegas jogando um jogo de basquetebol.

 

Depois do período de aulas ainda deu uma volta procurando o amigo mas este não estava em lado algum acabando por ir para casa.

Chegou cedo e deu um beijo a sua mãe e tentou dar outro ao pai que estava sentado no sofá lendo o jornal com uma garrafa de cerveja não mão – este ao sentir que o filho o ia beijar levantou-se e perguntou lá para dentro num tom fora do normal:

- Então!... Hoje não se janta?

  1. Miquelina vinda da cozinha com os pratos na mão passou pelo filho e comentou:

- Ele hoje está mal disposto! Ajudas a mãe a por a mesa?

O rapaz como era normal ajudou e acabaram todos sentados para o jantar. Deram as bênçãos e não houve mais conversas até que Luís perguntou:

- O pai está mal disposto? Por que razão tirou o meu computador do quarto? Preciso dele para estudar.

- O que eu vi não estavas a estudar e se o quiseres fazer podes muito bem faze-lo na sala. Assim podes fazer as duas coisas, estudar e ajudas a tua mãe na cozinha.

- Óh homem isso são coisas que se digam ao teu filho. – comentou de imediato D. Miquelina.

- Então não é o tens feito dele? Um mariquinhas? Até parece uma menina. Lava a loiça, poe a mesa, faz a cama, passa a ferro ajuda-te na cozinha e outras coisas mais que nem dou por isso.

- Pois! E tu nem o saco do lixo és capas de colocar no contentor da rua.

Jorge azedo com a conversa levantou-se:

- Já me estragaste a noite!.. Vou sair e não sei quando volto. Fiquem as meninas a arrumar a casa.

  1. Miquelina lavada em lágrimas comentou – Desculpa o teu pai. Eles há uns dias que não anda bem – e começou a levantar a mesa.

Luís triste e culpando-se mentalmente por ter sido apanhado pelo pai naquele dia com o computador ligado com aquelas cenas, foi deitar-se.

 

Os dias foram-se passando.

 

Aquela casa nunca mais foi a mesma. Discussões diárias entre todos sem causas aparentes e o Jorge sempre saindo à noite depois do jantar. Algumas vezes nem jantava em casa e chegava sempre tarde. Nas discussões havia sempre da parte do Jorge umas piadinhas de nau gosto e sempre referente ao mesmo tema.

Quanto ao Luís, andava triste. Deixou de fazer desporto e nem ia ao balneário. Quando via ao longe o amigo este tentava desviar-se e baixava a cabeça como envergonhado.

 

 Um dia o Luís ficou mais triste que nunca. Viu o amigo agarrado a uma colega. Em vez de ir para as aulas foi para a ginástica a fim de tentar tirar dos seus pensamentos aquela cena – estava com ciúmes – Assim que acabou foi para o balneário. Já estava despido com a toalha enrolada à cintura pronto para o duche quando apareceu o amigo que como era habitual se despiu ficando todo nu e sem qualquer toalhão tapando as partes. Luís olhou-o de alto abaixo, tremeu de raiva e comentou:

- Para que foi aquele beijo no outro dia?

- Foi uma reação do meu eu para te demonstrar que gosto de ti.

- Estou confuso!.. Afinal gostas de mim, há uns dias que foges de mim e hoje vi-te agarrado a uma miúda. Não percebo nada.

- Não fique confuso. A Helena, nada mais é que uma amiga e que meus pais julgam ser minha namorada. Às vezes até fico lá em casa. Fazemos uns beijinhos e nada mais.

- Quer dizer que tenho de arranjar uma namorada para calar o meu pai?

- O problema é teu, mas podemos arranjar um esquema e ficarmos os dois em casa dela.

- Explica lá isso. É que não tenho muito jeito para entabular conversa com miúdas.

- Vamos ao duche que depois eu explico.

Ambos se encaminharam para o mesmo gabinete de duche onde se fecharam.

Mal se encontraram a sós, João agarrou-se ao Luís e furiosamente se beijaram. A água foi correndo por seus corpos. Acharam graça a água salpicar em seus paus que sem darem por isso já estavam levantados. Seus corpos se uniram ainda mais e aqueles paus começaram a gladiar-se como duas espadas. Podia ter durado uma eternidade pelo espanto de ambos, mas não de dentro daqueles paus que procuravam qualquer coisa que não sabiam o que era. Em pé esfregando-se mutuamente de lá saíram compulsivamente jatos do que parecia leite condensado. Não fora a água que escorria por seus corpos aquele néctar ficaria depositado em seus bíceps.

Um pouco atarantados pois tinha sido a primeira vez que algo lhes tinha acontecido, desataram a rir-se alto e bom som, de tal forma que extravasou as paredes do gabinete ao ponto de colegas ao lado terem ouvido e comentado:  - Epá!... Vocês estão a vir-se ou quê?

Se ali houvesse um buraco ambos tinham-se enfiado por lá em vez de saírem porta fora.

Os rapazes por vezes têm destas coisas. São coisas que acontecem na sua puberdade uma ou várias vezes não foi o caso deles. Repetiram a façanha várias vezes até que combinaram arranjarem umas namoradas do “faz de contas” por causa dos amigos e dos pais.

 

A felicidade dos dois.

 

A combinação entre eles deu certo durante vários anos. Cada um tinha a sua namorada mas a parte sexual era entre eles – umas vezes num dos carros à beira mar outras vezes mais tarde, em casa do Luís que entretanto tinha arranjado um emprego e alugando uma casa, passando a viver sozinho. O João também arranjou um emprego mas concionou a viver em casa dos Pais e com a namorada de “faz de contas”. Nos empregos e entre amigos nunca ninguém descobriu que eles eram gays na medida em que as suas posturas eram iguais a qualquer heterossexual.

 

O desleixo de dois amores

 

Um dia, depois de terem feito amor à beira mar ambos foram para suas casas. O Luís só acordou quinze dias depois no hospital onde esteve um coma.

A sua mente passados cinco meses só se recordava que tinha perdido o seu grande amor e que em certa altura com medo de ficar incapacitado tinha pedido se assim acontecesse autorizava aos médicos para lhe fazerem a eutanásia.

Não valeria a pena continuar a viver mas nada disto aconteceu. Simplesmente cortou uma madeixa do seu cabelo que colocou numa caixinha conjuntamente com a chave de sua casa e uma carta onde contava toda a sua história.

No seu testamento, deixou a indicação e pedido de ser cremado para que a sua história não fosse mais contada. Para o Mundo Luís não tinha existido, pois foi uma história igual a todas outras.

 

    Esta é uma história dicada a um amigo muito especial.

NOTA: Se esta é a tua história, chora como eu ao escreve-la e comenta á vontadinha.

 

Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção

               Nelson Camacho D’Magoito

        “Contos ao sabor da imaginação” (3015)

               Para maiores de 18 anos

                   © Nelson Camacho
2017 (ao abrigo do código do direito de autor

publicado por nelson camacho às 00:38
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