Uma história de amor que podia ser a sua
(um conto longo)
IV Capítulo
De volta a Lisboa
Voltaram a Lisboa e a vida destes rapazes nunca mais foi a mesmo. Continuaram a frequentar a mesma escola e o mesmo ginásio.
D. Gertrudes começou a convidar mais assiduamente a Isabel e a mãe a irem lá a casa, normalmente para jantarem e a conversa era sempre a mesma. Tentar que o filho namora-se a Isabel.
João não ligava e já estava farto. O seu amor era o Carlos e ninguém os iria separar. Encontravam-se às escondidas na cave lá da casa, mas aquilo não era o ideal nem se sentiam confortáveis.
Um dia combinaram fazerem uma proposta aos pais de ambos. Com a desculpa que tinham de estudar juntos e quem tinha um computador ligado à internet era o Carlos combinaram estudar no quarto deste depois dos jantares.
Os pais do Carlos não se opuseram, somente D. Gertrudes não gostou muito da ideia mas como o marido não colocou qualquer obstáculo não teve outro remédio se não, aceitar.
João e Carlos começaram a estudar em casa deste e com as desculpas mais esfarrapadas, por exemplo, que tinham muitos pontos lá na escola, às vezes até lá ficava.
"Aquele sistema durou até ao fim de ano lectivo até que acabada a escola não encontraram qualquer desculpa para o João ficasse em casa do Carlos."
Entretanto a mãe do João não deixava o filho em paz com a ideia de ele namorar a Isabel, conjuntamente com a mãe desta já falavam em casamento.
(QUANDO A COISA COMEÇA A DAR A VOLTA)
Um dia o Marques chegou a casa e contou que iria quinze dias fazer um trabalho em Paris e podia levar a família.
O Pedro contou ao João o acontecimento que o aconselhou a aceitar pois Paris era uma cidade maravilhosa que ele já conhecia e era uma boa oportunidade para ele. Como a escola iria entrar no período das grandes férias seria uma boa oportunidade.
- Sim! E tu ficas por cá à solta. – Argumentou o Carlos.
- São só quinze dias e não me vou portar mal. A única chatice é a minha mãe que não pára de me atirar à cara a Isabel. Lá tenho de aguentar uns jantares e uns cinemas chatos.
- Mas isso não vai acontecer. Hoje jantas e ficas cá em casa e vou encontrar uma solução.
Como já era hábito o João jantou em casa do Carlos.
Seria mais um jantar normal se o Carlos não tivesse algo em mente.
Quando veio à baila o trabalho que o Marques iria fazer em Paris, que não conhecia, logo o Carlos disse que o João já lá tinha estado.
- Sim efectivamente já lá passei oito dias quando acompanhei os meus pais a uma convenção entre médicos. É uma cidade muito bonita com grandes museus, salas de espectáculo e lojas de roupa onde normalmente as senhoras se perdem.
- Podias ser nosso cicerone! – Atirou o Carlos
- Vocês de facto são como “O Roque e a amiga” – comentou a Eugénia.
- Espero que sejam antes “O Roque e o Roque” – atirou à laia de graça o Marques. O que deu gargalhada geral.
A conversa seguiu normalmente. Falou-se dos estudos. O que cada um queria ser profissionalmente chegando ao ponto do João dizer que não ia para medicina como os pais mas para advocacia. Seria assim uma oportunidade da mais tarde criarem os quatro uma sociedade já que o Carlos ia para advogado.
- E os teus pais não se vão chatear com essa ideia? – Perguntou D. Eugénia.
- O meu pai está-se nas tintas, o pior é a minha mãe, que tem umas ideias muito próprias. Até me quer arranjar uma namorada ao jeito dela, mas eu dou-lhe a volta. Primeiro estão os meus gostos e a minha felicidade.
- E quem fala assim não é gago – atirou o Carlos. Todos se riram.
Depois do jantar foram até ao salão para tomarem os cafés. Eugénia foi até à cozinha e ficaram os rapazes com o pai Marques que lhes ofereceu um conhaque.
O marque quando entregou a bebida ao filho a modos de surdina perguntou-lhe:
- Tu gostas muito do João! Não gostas?
- O João é o meu melhor amigo! É melhor do que se fosse meu irmão. Já agora pergunte-lhe se não é da mesma opinião.
Como esta última declaração foi feita em voz alta o João ouviu e perguntou:
- Mas perguntar-me o quê! – Balbuciou ao mesmo tempo que a tês ficava avermelhada.
- Não é nada de mais! Estava a perguntar ao meu filho se ele não era o teu melhor amigo.
- Sr. Doutor! Sabe daquele expressão “Era capaz de morrer por ele?”
- É pá! Também não é preciso tanto! Mas isso é natural pois foram criados juntos e as amizades quando são sãs e perduram no tempo fazem-se sacrifícios que nem todos entendem. Eu também tenho um amigo de longos anos com que desabafo coisas que não faço nem com a minha mulher.
"Para a relação escondida que aqueles rapazes tinham aquela conversa do Sr Marques, para ambos foi como um bálsamo. Havia qualquer coisa de estranho naquela declaração e mais ainda quando notaram que Marques ao mesmo tempo que o fazia, enchia novamente o copo de conhaque e de um sofro só o bebeu todo ao mesmo tempo que serrava os olhos."
João notou e observou ao amigo:
- O que se passa com o teu Pai?
- Não ligues! O gajo é um tipo porreiro, mas quando fala de certas coisas fica assim!
- Terá ele tido um amor escondido como nós?
- Não sei nem me interessa. Tem sido um pai espectacular e isso é que importa.
Porque entretanto já tinha chegado a meia-noite resolveram irem-se deitar.
Como era normal os rapazes foram para o quarto do Pedro e o Marques, depois de beber mais um copo, também se foi deitar.
O quarto do Pedro para além de um pequeno sofá e uma secretária com o computador tinha uma só cama, coisa que nunca ninguém se preocupou como eles dormiam pois sempre os tinham tratado como irmãos.
- Qualquer dia isto vai dar bronca. Já andamos nisto à mais de um ano. – Comentou o João depois de fecharem a porta.
- Estás preocupado? A minha mãe nunca se meteu na nossa vida e o meu pai pela conversa que teve depois do jantar se já não tem, teve um amigo colorido como nós somos.
- Pois!!! - Retorqui o João ao mesmo tempo que começava a beija-lo começando a despir-se no caminho a cama – O pior é a minha mãe! Mas como ela nunca veio a este quarto não sabe como nós dormimos.
Pedro agarrado ao amigo imitou-o começando também a despir-se.
Quando chegaram à cama já se encontravam despidos a agarrados como um só e atiraram-se como se fosse para uma piscina. Com aquele salto fizeram um pouco de barulho. Notaram o efeito e deram umas sonantes gargalhadas. O Marques que na altura passava pelo corredor a caminho do seu quarto ouviu as gargalhadas, bateu à porta recomendando que não eram horas para brincadeiras. Os rapazes ficaram atónitos e meteram-se dentro dos lençóis sôfregos pelas suas rizadas e pela situação. Acabaram quase se sufocando com as rizadas debaixo dos lençóis e o beijo prolongou-se com sofreguidão. Eles não sabiam se era pelo stress causado pela dica do Marques quando passou pela porta ou porque tinham chegado à conclusão ao fim de uma no de relacionamento que estavam apaixonados. Aquela noite não seria igual a tantas outras passadas onde o sexo estava à frente de todos os seus desejos. Naquela noite estava a acontecer qualquer coisa que não entendia. Sexo? Sim! Ouve mas com mais paixão com mais sofreguidão penetrando-se mutuamente até que adormeceram somente enrolados no edredão.
De manhã acordaram ao bater na porta de D. Eugénia informando que o pequeno-almoço estava na mesa.
Tomaram um duche a correr, vestiram-se, deram um jeito na cama – como já era hábito e desceram com o ar mais alegre deste mundo.
O casal Marques já se encontrava à mesa também com ar de que também eles tinham passado uma boa noite e o Marques com um sorriso nos lábios atirou.
- Então ontem à noite foi galhofa até as tantas!
- É verdade! Estivemos a ver umas anedotas na internet, espero que não tenha incomodado!
João aproveitou a deixa e a satisfação dos pais para de repente e segurando nas mãos do pai:
- Então pagas a viagem do João para nosso cicerone em Paris?
Ele não precisa que lhe paguem a viagem, tem uma boa mesada.
- Isso é o que vocês pensam. Os pais dele, são uns semíticos do caraças. Ainda nem lhe pagaram a carta de condução nem lhe compraram um carrito.
- Bem isso é lá com eles, mas se não houver obstáculos, eu arco com as despesas só para o teres o tal cicerone (e riu-se)
O cicerone não vai ser só para mim. – Retorquiu o Carlos todo contente.
- Pois! É assim! Eu vou estar a trabalhar, a tua mãe vai andar nas compras a gastar o que lá vou ganhar. Ficam vocês para se divertirem nas ruas de Paris.
D. Eugénia que acusou o toque de gastadora foi-se logo queixando que ela não tinha sido convidada para esse trabalho. E todos se riram.
- Agora só falta convencer os teus pais a ires connosco.
- Como passei o ano com boas notas e não me deram qualquer prenda, não têm outro remédio se não aceitarem o vosso convite.
Efectivamente da parte do Dr. França não foi difícil a autorização. (mandava o filho de férias para Paris e não gastava peva).
Quanto a D. Gertrudes, foi um pouco mais complicado pois já tinha combinado com a amiga e com a filha irem passar uns dias à Figueira da foz com o filho, mas este insistiu tanto, assim como os pais do Carlos que ela não teve outro remédio que aceitar.
Mesmo depois de os Marques terem convidado os França para um jantar lá em casa a fim de confirmar a ida do João com eles a Paris e ao mesmo tempo pressionar D. Gertrudes nesse sentido – o que a custo aceitou – Nem no dia da partida ajudou o filho a fazer as malas.
Dizia ela: Se ele é para umas coisas, também é para outras.
Foi ao ponto não só não acompanhar o filho ao aeroporto como levar a casal amigo de tantos anos ao mesmo.
Tiveram de ir de Táxi. Mas foram!
Atenção que a coisa vai esquentar-----»»»
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência. O geral ultrapassa a ficção.
As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação”
de Nelson Camacho
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