O Evangelho segundo Jesus Cristo
A quando da preparação para o meu casamento andava a ler este livro de José Saramago que foi galardoado com o Grande Prémio de Romance e Novela da APE em 1992 e ao mesmo tempo que era ferozmente criticado pelos senhores pensantes da nossa terra, levou o seu autor a exilar-se em Lanzarote.
O Evangelho segundo Jesus Cristo, traz-nos a história de Jesus numa nova perspectiva, com um Deus opressor e dominador, um Diabo simpático, uma Madalena cheia de volúpia, um José destroçado por não poder avisar o filho da morte que o espera, uma Maria jovem e inexperiente.
Independente dos apoios e das críticas perante este romance, José Saramago, mais tarde, em Outubro de 1998 a Real Academia Sueca outorga-lhe o Prémio Novel da literatura.
Filho de gente humilde e nascido em 16 de Novembro de 1922 na Aldeia de Azinhais, no Ribatejo, em 1934 vem com seus pais para Lisboa a fim de tentarem a sua sorte como a maioria das gentes do interior
José Saramago viria a frequentar o Liceu Gil Vicente e mais tarde a Escola Industrial Afonso Domingues onde completa o curso de Serralharia Mecânica co o qual consegue o seu primeiro emprego. No seu percurso de trabalho de um simples mecânico até em 1972 se tornar director literário da Editorial Estúdios Cor. Depois de em 1975 desempenhar as funções directivas no Diário de Notícias, dedica-se exclusivamente à escrita. Em reacção ao acto sensório de que foi alvo no ano 1992 pelo então subsecretário de Estado da Cultura que vetou a candidatura deste romance ao Prémio Literário Europeu desiludido com os nossos governantes dá um pontapé no charco e armando-se de armas e bagagens fixa residência oficial na Ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias.
Escrever mais sobre o nosso Prémio Novel da literatura, iria cair em confronto com os seus seguidores e também não é este o espaço indicado.
Falar deste homem, do seu percurso e da sua obra também seria fastidioso para a minha história e se falo neste romance é porque acredito que no tal
“Deus opressor e dominador, um Diabo simpático”. Certamente seu filho enquanto homem, também teve em trinta e tal anos de vida os seus quês. Para além das suas virtudes também para nosso exemplo também teve os seus defeitos tal como eu, você e todos os seres pensantes.
Quem escreve, tem sempre o seu canto predilecto e então quis saber e conhecer o que é viver em Lanzarote para além do meu canto de escrita. Quis saber das suas gentes e da sua arquitectura. Aproveitei a minha lua-de-mel para lá dar um salto.
Lua-de-mel em Lanzarote
Lanzarote com uma área de 860 quilómetros quadrados, é a ilha mais oriental das Canárias, um arquipélago vulcânico situado a sul da Madeira e a cerca de cem quilómetros a oeste da costa marroquina. Território espanhol, a Comunidade Autónoma das Canárias inclui também as ilhas de Fuerteventura, Gran Canaria, Tenerife, Gomera, Hierro e La Palma. A norte de Lanzarote, os ilhotes Graciosa, Montaña Clara e Alegranza formam o arquipélago “Chinijo” (pequeno).
Apesar de rodeada pelo Atlântico, Lanzarote sente os efeitos da latitude a que se encontra e da proximidade da costa africana. No verão, o calor aperta, e o Inverno nunca chega a ser muito frio, como o atestam as temperaturas médias de 25° C em Agosto e de 16,4° C em Janeiro. Pouco abundante durante todo a ano, de Maio a Setembro a chuva é ainda mais rara.
Lanzarote a lha de Deus
Lanzarote é um daqueles lugares que tinha todas as condições para não ter nada. Vista do ar, a oriental ilha do arquipélago das Canárias assusta pela aspereza do ocre, aqui e ali ocultado por manchas brancas ou, mais raramente, verdes, que nos levam a presumir que uma parte do deserto foi roubada a África pelas correntes do Atlântico.
Há dois nomes a decorar quando se chega a Lanzarote: Timanfaya, o desajeitado vulcão que hoje se deleita, adormecido e Manrique, um artista que foi César no nome e na forma como conseguiu emprestar à sua terra natal um ar de museu vivo.
O primeiro impôs à população uma cultura e um estilo de vida. Ao segundo, deve a ilha um conceito - Arte-Natureza/Natureza-Arte - e a clarividência com que hoje preserva essa cultura, fazendo dela a maior riqueza destas paragens.
O castelo de Guanapay guarda as memórias da imigração dos habitantes de Lanzarote para a América Latina
Hoje, os habitantes de Lanzarote guardam a imensidão de crateras que povoa o sudoeste da ilha como imagem do tempo primordial em que a vida era ainda uma palavra à espera da vontade do Criador.
Parque Nacional de Timanfaya - a grande atracção da ilha - foram muitos os homens que não esperaram por qualquer gesto de Deus, e reinventaram na paisagem as aldeias soterradas pela lava. No vale de La Geria, o manto negro e empedernido cobre-se, por estes dias de Agosto, de verde.
Puerto del Carmen e Costa Teguise, uma faixa de alguns quilómetros onde se concentra a maior parte das unidades hoteleiras de Lanzarote. É o sítio ideal para quem procura conforto, praia e movida, mas pouco mais. Afortunadamente - e muito por culpa de Manrique e da sua Fundação - aquele modelo de desenvolvimento tem vindo a ser invertido, a tempo de salvar a maior parte da ilha. E para tal valeu também o fato de em 1993 ela ter sido classificada pela UNESCO como Reserva da Biosfera. O Parque Nacional de Timanfaya é uma reserva de duzentos quilómetros quadrados que resguarda um cenário inóspito, polvilhado por mais de uma centena de vulcões aparentemente adormecidos, depois de milénios em que se entretiveram a modelar este pedaço de terra.
Os antigos habitantes de Lanzarote - Tytheroygatra, para os nativos cujos vestígios estão guardados no Castelo de S. Gabriel, um forte construído nos finais do século XVI num ilhote ligado à capital Arrecife - não imaginariam que alguns séculos depois da chegada dos invasores europeus, os descendentes destes se predispusessem a percorrer os céus sobre o Atlântico à procura de um paraíso na sua ilha.
Mas o desejo de sol e de águas quentes tem este condão de atrair multidões. E praias, aqui, não faltam. Quer para quem procure simplesmente um bronzeado, quer para os amantes de actividades radicais.
««« Vista sobre a praia de Famara, Lanzarote
A praia del Reducto, de areias finas e douradas, é uma das mais frequentadas de toda a ilha, e tem a vantagem, ou desvantagem, de estar a poucos metros da avenida marginal de Arrecife. Seguindo para sul, ou para norte - neste lado da ilha o mar é calmo, e as águas atingem temperaturas superiores a vinte graus - há dezenas de opções, mas para quem prefira o sossego de um areal branco rodeado da paisagem negra dos vulcões, o melhor é mesmo estender a toalha na praia de Punta de Papagayo, para onde se consegue aceder por estreitas pistas de terra. Tomando o caminho para Yaiza, a praia de Janubio, uma enorme extensão de areia negra embebida no azul do Atlântico, é outra alternativa.
No norte da Ilha, os ventos fortes que sopram costa dentro tornam um pouco incómoda a fruição dos excelentes areais ali existentes, mas transformaram toda a zona entre La Santa, no município de Tinajo, e Famara, já em Teguise, num verdadeiro refúgio para os praticantes de desportos náuticos com vela, que já são mais dos que os pescadores que habitam nesta zona. Toda a praia de Famara é também um excelente percurso para um passeio a pé. Tal como a de Caletón Blanco, no extremo norte de Haria, onde o negrume do magma se tenta disfarçar do Atlântico com montículos de areia branca. E com autorização das autoridades, até é possível montar a tenda, e passar aqui a noite.
Foi neste espaço criado por Deus que José Saramago se refugiou, escreveu e amou a sua Pilar.
Não sei se há Deus ou não o que sei é que vim de lá outra pessoa.
Depois de quinze dias de lua-de-mel entre vulcões, paisagens inóspitas e volúpias de amor nos silêncios das noites aconteceu poesia entre dois corpos.
O que não queria. Julgava eu! Aconteceu!
O regresso a Lisboa foi de festa. Os pais de ambos tinham combinado uma festa de recepção aos nubentes. Meu pai e meu sogro estavam no aeroporto há nossa espera e sem nos contarem o que nos esperava em vez de nos encaminharem para uma das nossas casas, encaminharam-nos para uma residência que não conhecíamos.
Era uma pequena vivenda na Praia da Adraga tendo como fundo o mar.
Meus pais e meus sogros tinham combinado juntar uns dinheiros e compraram aquela casa que estava para venda para nos oferecerem como prenda de casamento.
Por coincidência ou não quem tinha indicado este espaço foi o Carlos que tinha uma idêntica de paredes-meias.
Estavam lá todos os convidados no nosso casamento. Segundo depois me contaram para que a nova nossa casa não ficasse conspurcada logo no primeiro dia a festa em forma de churrasco foi feita no quintal do Carlos.
A Festa durou até às tantas. Aguentámos até há noitinha quanto mais não fosse por agradecimentos a meus pais e sogros com aquela oferta pois quando pensamos em casar, a ideia era ficarmos em casa de meus pais pois sempre era maior que a de meus sogros. Só mais tarde viemos a saber que o valor da compra foi dividida pelos dois e na escritura constava nosso uso fruto, até que um dia tivéssemos filhos e nessa altura seria feita uma escritura para nosso nome.
Algo na mente deles se adivinhava.
A partir daquele momento a nossa vida corria à mil maravilhas não perecendo ser como a novela da TVI “ Ninguém é como tu” em que todos moram no mesmo prédio e passam a vida em casa uns dos outros pedindo favores ou ratando da vida uns dos outros.
Era o que acontecia com o Carlos que vivendo sozinho, havia sempre algo que lhe faltava e nos batia à porta solicitando algo como bons vizinhos. Era o açúcar, o limão, as batatas a cebola e outros ingredientes que se esquecia de ter comprado. Por vezes também aparecia com um filme novo para vermos. Quando não vinha pedir qualquer coisa, como era o cabeleireiro das senhoras e meninas amigas e de família da Paula, por vezes também vinha ratar como velha coscuvilheira do que tinha ouvido no cabeleireiro. Por vezes era uma seca. A Paula já dizia que tinha sido má ideia de virmos morar para o lado do Carlos, mas no fim, ele até era bom rapaz e eu desculpava-o por viver só.
Passados uns meses o Carlos fez no dia dos seus anos, fez um evento com fadistas e tudo no seu SPA e convidou-nos assim como todos os seus clientes e amigos.
A festa durou até às duas da manhã, hora do começo da debandada mas a Paula estava mal disposta e os pais não a deixaram ir para casa e para que ficasse mais à vontade aos cuidados da mãe, deixei o carro nos meus sogros e fui para casa de boleia com o Carlos.
Metemo-nos a caminho. Já estávamos na IC19 quando o Carlos alvitrou como tínhamos de passar por Sintra, irmos tomar um copo a um bar que ainda estaria aberto.
Nunca tinha saído nem de dia nem de noite sozinho com o Carlos, mas aceitei a ideia.
O Bar era simpático, estava cheio e com uma musica bastante agradável e baixa de tal forma que dava para conversarmos. Procuramos uma mesa a um canto e manamos ver uns whiskies.
A nossa conversa foi no sentido de se estava feliz com o casamento, quais os meus planos para o futuro, até que veio à baila o memento em que nos conhecemos para primeira vez no metro e da coincidência de nos virmos a ser apresentados no mesmo dia em minha casa numa festa de minha irmã.
Gozamos com a coincidência e com tudo o que se tinha passado desde então até aquela noite ali sentados tomando uns copos. Afinal de contas o Carlos até era um tipo porreiro e contrariamente há minha primeira impressão de há dois anos, já era amigo dele.
Tomamos mais uns copos e depois outro até às tantas. Altura em que o bar fechou.
Caminhamos para nossas casas e Carlos antes de se encaminhar para casa, subiu com o carro para um monte de onde se vislumbrava o amanhecer lá no horizonte. Parou ligou o leitor de CDs com uma das minha músicas preferidas (que ele conhecia) “Noturno de Chopi” recostou-se no banco que movimentou as costas para trás ao mesmo tempo do meu e perguntou:
- Lembraste bem daquela manhã no metro?
- Já falamos disso e lembro-me perfeitamente.
- E não acreditas que há coincidências assim como é verdade quando se diz que “Deus escreve direito com linhas tortas?
- E que vem isso agora a propósito?
É neste momento que Carlos põe uma mão na minha perna. Não liguei! Mas fiquei um pouco atrapalhado quando senti aquela mão encaminhar-se para o meu coiso.
Não sei se era por estar um pouco com os copos ou por aquela mão fazer cada vez mais pressão sobre o meu coitado ali deitado dormindo a sono-solto, pela música que me entrava ouvidos dentro ou pelo Sol que lá ao longe já despontava timidamente no horizonte, também meu maninho timidamente despontava.
Nunca na vida algum homem me tinha feito aquilo, mas ao sentir aquela mão quente através das calças apertar cada vez mais o dito, começou já não timidamente mas estremecendo todo o seu corpo e o meu a levantar-se ficando hirto.
Quando senti que a braguilha se estava a abrir e o Carlos caminhando o coitado cá para fora, fechei os olhos.
- Já tiveste alguma vez esta experiência? – Sussurrou-me ele ao ouvido ao mesmo tempo que senti sua língua no meu lóbulo.
- Não pá! Eu não sou gay! Gosto é de mulheres.
- Mas não é preciso ser gay para gostar que um gajo te faça a quilo que tua mulher não faz.
Já o meu pau estava todo de fora e ele masturbando-me.
- E que é que um gajo pode fazer que minha mulher não faz? – Perguntei timidamente.
Foi a vez de Carlos baixar a cabeça e meter meu pau na sua boca. Chupou duas ou três vezes, tirou fora e perguntou:
- Por exemplo. Isto!.. - A voltou à primeira forma.
Efectivamente minha mulher ou as putas com quem tinha andado nuca me tinham feito um boquete. Estava-me a saber tão bem que nem disse mais nada. Só me apeteceu segurar-lhe na cabeça e movimenta-la de forma que o meu pau andasse dentro e fora daquela boca gostosa. Guinchei que nem vaca louca e vi-me abundantemente.
Fiquei na mesma posição durante vários minutos. O CD tinha acabado e Carlos recomeçou masturbando-me. Excitado que estava meu pau voltou a ficar hirto e firme.
- Agora sim!!! Vais ver o que é gozar. – Disse ele ao mesmo tempo que descia as calças e se colocava de costas deitado nas costas do banco que já estava todo descido e encaminhou-me para cima dele que abriu as pernas e apontou meu pirilau para dento daquele cuzinho apertadinho ao mesmo tempo que puxando minha cabeça colocava meus lábios junto aos seus que beijei loucamente e durante algum tempo até que meu esperma se soltou em grande esguicho à procura de um óvulo como era normal mas desta vês não iriam encontrar.
Parecia uma divida de Deus cumprida, pois o Sol todo radioso despontava ao mesmo tempo lá no horizonte.
A partir daquele nascer de sol na praia da Adraga a minha vida nunca mais foi a mesma. O meu relacionamento sexual com a Paula também nunca mais foi o mesmo. Embora fosse sexualmente bastante interessado, não aguentava com os dois, aliás, o Carlos dava-me muito mais prazer.
Quando digo que “Não sou Gay” é que ainda não experimentei o outro lado, talvez por ele ainda não ter feito pressão para que isso acontecesse, embora minha avó dizer que “tanto é o que rouba como o que fica há porta a avisar o polícia”.
Como o “para sempre não existe” Talvez um dia experimente, se ele estiver finalmente interessado! (Amor tem destas coisas!)
O resto desta história é simples. Diz-se que para não estragar duas casas o melhor é escolher uma!
Contei a meus pais as minhas novas escolhas sexuais e a minha mulher ao mesmo tempo que fizemos um divórcio de comum acordo. Como ainda não havia filhos, a coisa foi fácil.
Paula foi compreensível com a minha honestidade e hoje somos simplesmente amigos.
Para minha mãe foi um pesadelo difícil de digerir, durou vários meses, quis tirar-me a casa, mas depois de tanta pressão da minha ex-mulher e de meu pai a colocar contra a parede (Ou ela resolvia o seu trauma ou era ele que saia de casa) Mais tarde acabou tudo em bem e ela aceitou os homens da sua vida tal como eram.
Meu Pai. Homem mais moderno em relação aos tempos que correm, rindo-se só disse:
- Lembras-te de um dia eu ter dito que um dia ainda iriam ser bons amigos? E tu respondeste que não eras gay!...
Abraçou-me e desejou-me as maiores felicidades do mundo.
Actualmente vivo com o Carlos na paz do Senhor. Não sei se será para sempre, porque o para sempre é uma coisa que não existe. Mas enquanto durar, somos felizes.
FIM
As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação”
de Nelson Camacho
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