Conto longo para finalizar o ano de 2013
I Capítulo
Este conto é quase ou dava uma telenovela. Prepare-se para várias histórias de vida
Os Almeidas andavam em mudança para o 2º andar 19 da rua da Emenda no Bairro Alto. Derivado ao novo sistema de mobilidade na função publica o Francisco Almeida como funcionário publico tinha sido obrigado a vir do Alentejo para Lisboa e a mulher, D. Helena Almeida na qualidade de professora para acompanhar a família através de amigos tinha arranjado um lugar numa escola privada assim mudara-se para Lisboa com o seu filho Carlos que estava desempregado.
Como a situação económica nos próximos tempos não era das melhorar tanto procuraram uma casa o mais económica possível até que arranjaram aquela no Bairro Alto. Não seria o melhor local pois no prédio ao lado existia uma discoteca que certamente durante a noite não seria o lugar mais sossegado mas foi o melhor que arranjaram.
No dia da mudança ficaram mais satisfeitos pois encontraram-se com os vizinhos do 1.º andar que feitas as apresentações eram um casal de velhotes que viviam com um neto.
Os Almeidas habituados à vida no Alentejo em que todos são vizinhos e amigos sempre prontos a socorrer qualquer situação menos usual logo ali ficaram de conversa com os moradores do primeiro andar que de imediato se prontificaram em ajuda-los de algo necessário ao mesmo tempo que os informaram que o bairro era bastante calmo.
- E o Bar aqui ao lado não incomoda durante a noite? – Perguntou D. Helena.
-Não!.. Por acaso até o meu neto trabalha lá e nunca ouve qualquer problema. – Respondeu a velhota.
- E trabalha em quê – Perguntou o Carlos
- É barman. Não é profissão que goste muito. Já está no nono ano de escolaridade e espero que siga outra vida. Esta coisa de trabalhar de noite não é muito do nosso agrado. Até veio morar para cá para ficar mais perto do emprego pois os pais moram em Almada. Como a escola também é em Lisboa sempre lhe dá mais jeito.
Com aquela pequena conversa de escada os Almeidas ficaram logo a saber quase a vida toda os vizinhos. Eram os únicos no prédio pois no r/c era um escritório de contabilidade, portanto com pouco movimento e à noite estava fechado.
- Olha! Era um bom emprego para ti se lá conseguisses entrar já que é a tua área e poupavas nos transportes e seria como trabalhar em casa. – Respondeu o pai enquanto descansava, pois andava escada a cima escada a baixo com alguns caixotes ajudando os homens da transportadora.
4 Horas depois
Tinham acabado a mudança já se tinham que acender as luzes pois a noite já tinha chegado quando D. Susana Santos, (a velhota) como boa samaritana e vizinha lhes apareceu com um taxo com um frango asado no forno. A acompanha-la, vinha o neto João Santos com uma travessa de batatas fritas e uma garrafa de vinho.
- Desculpem mas como sei o que é isto de mudanças e certamente ainda não vão ter condições para fazerem uma refeição condigna não sei se gostam mas o meu neto alvitrou trazer-lhes um “frango à maricas” que fiz propositadamente. Não sei se gostam mas é de boa vontade e com o desejo de boas vindas ao bairro. O meu neto trouxe o vinho branco mas se gostarem mais de tinto, é o que não falta lá em casa é bom vinho.
Não havia dúvidas que tinham escolhido o bairro que em princípio quase tudo se assemelhava à sua terra alentejana de onde vinham. Boa vizinhança e cuscas quanto baste.
Os Almeidas agradeceram as ofertas, principalmente o Carlos quando o vizinho lhe ofereceu um cartão de livre-trânsito para quando quisesse ir tomar um copo ao bar onde trabalhava.
Oito dias depois
Depois daquela barafunda toda que é normal a quando de mudança de casa faltavam pendurar o espelho da casa de banho e alguns quadros para tal, faltava também um berbequim. Como os vizinhos do 1.º andar até à data se tenham mostrado bastante receptivos em determinadas ajudas a D. Helena lembrou-se de pedir ao marido para descer e pedir-lhes se tinham tal ferramenta e o Francisco lá foi.
- Bom dia vizinha vinha mais uma vez incomoda-los.
- Mas não incomoda nada… O que pretende? A casinha já deve estar pronta!
- Sim efectivamente! Faltam pendurar uns quadros e o espelho da casa de banho e só agora é que me lembrei não ter um berbequim e vinha perguntar de tinha um que me emprestasse!
- Essa coisa de ferramentas para bricolage é do plôro dos homens e o meu marido não está mas o meu neto está na hora de se levantar e assim que o fizer peço-lhe que o leve lá acima pois não sei onde estão essas coisas. Eu só sei de tachos e panelas.
Francisco agradeceu e subiu para sua casa.
Não tardou uma hora quando o João bateu à porta.
Como se tinha levantado momentos antes vinha de calções e t-shirt de alças com uma caixa de ferramentas e o tal berbequim em punho. Quem foi abrir a porta foi o Carlos que olhando mais atentamente para o vizinho reparou ser um tipo musculado e com uma aparência diferente de como o tinha visto até àquele momento. Mirou-o durante alguns segundos e atirou:
- É sempre bom ter um vizinho pronto para toda a obra!
- Nem calculas do que sou capaz. Mas já lá vão oito dias que aqui moras e ainda não me deste o prazer de me visitar no bar!
- Desculpa mas esta coisa da mudança e procura de trabalho tem-me ocupado todo o tempo e também queria lá ir com o meu pai e ele ainda não esteve disposto a isso.
Entretanto o João foi entrando e recebido com todas as atenções pelo casal. Pai e filho que se dispunham a fazer as obras foram de imediato anuladas as suas intenções pois o vizinho e dono da ferramenta de imediato se prontificou a ser ele a fazer o trabalho. Depois de saber onde pendurar o que era para pendurar de imediato fez o trabalho.
Nos entretantos voltou à conversa do Carlos andar à procura de trabalho e de saber qual era a sua área profissional.
Os trabalhos ficaram prontos quando apareceu D. Helena que satisfeita com as pequenas obras e como finalmente já tinha a sua casinha pronta, para reconhecimento de todas as gentilezas recebidas por aquela família, convidou-os através do jovem vizinho para um jantar de inauguração.
Assim ficou combinado.
O Jantar dos novos vizinhos
- Então qual é a tua área de trabalho? – perguntou João a Carlos.
- Tirei o curso de contabilidade. Mas como está a crise e embora toda a gente tente fugir aos impostos e isso só é possível com contabilistas não há tanto trabalho como devia haver.
- Pois! Lá no bar quem nos faz esse trabalho é um escritório que por acaso é aqui no r/chão. Conheço muito bem a filha do dono e posso dar-lhe um toque. Que achas?
- Mas isso era porreiro! O meu filho também tem o curso de informática mas nem numa nem em outra área consegue emprego. – disse o pai Francisco ao mesmo tempo que ia servindo mais um copo de vinho Reserva de Reguengos que acompanhava a refeição que já estava no seu términos.
A avó Susana metendo-se na conversa atirou:
- Estou crente que o meu neto se pedir à namorada, ela é capas de arranjar-lhe emprego no escritório. Já ouvi dizer que eles estão cheios de trabalho e com falta de pessoal.
D. Helena enquanto se levantava para ir à cozinha não perdeu a oportunidade e no caminho olhando para trás:
- O Menino até a pode convidar a sua namorada para um jantar cá em casa.
- Ó mulher!.. Tu não perdes uma oportunidade! Então o rapaz vai convidar a namorada para vir jantar cá em casa?
- Então que tem isso? Não somos todos vizinhos?
- Mas tu julgas que ainda estás no Alentejo em que passam a vida em casa uns dos outros?
D. Helena já não ouvido o reparo do marido pois já tinha desaparecido no corredor direita à cozinha.
- Afinal és um sortudo! Trabalhas aqui ao lado e namoras com uma miúda do r/chão. – comentou Carlos.
- É verdade! Estas coisas acontecem. Ela começou a ir lá ao bar tomar um copo e quando o meu patrão soube quem ela era quando chegou o fim do ano passado fez um contrato com o pai dela para fazer a nossa contabilidade e sou eu muitas vezes que sou o transmissor dos problemas. Daí até começarmos um namoro foi um passo.
- Tá visto que esse bar é um apelo aos convívios! E ela é uma namorada colorida como se diz cá na cidade?
- É mais ou menos…
- Tá visto que tenho mesmo de lá ir. Pode ser que também tenha sorte.
- Se ainda não foste é porque não quiseste, ou já perdeste o livre-trânsito que te ofereci?
- Não, não perdi. Queria, era ir com o meu pai e ele ainda não se predispôs.
- Desculpa lá Puto, mas sem ofensa precisas de dama de companhia?
- Essa de dama de companhia caiu mal. – (atirou o pai Almeida com um sorriso aberto). É que também gosto de curtir uma de abanar a cabeça e às vezes acompanho o meu filho nas noitadas. Não sou ainda nenhum cóta e lá no Alentejo é normal os pais e filhos juntarem-se nuns copos.
Entretanto entrava D. Helena com um bolo de chocolate e gila, especialidade lá da terra.
Aquele jantar de vizinhos foi proveitoso para todos. Cuscaram um pouco a vida uns dos outros e acabou com um café e uma garrafa de aguardente velha.
As fotos aqui apresentadas são livres de copyright e retiradas da Net.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação”
© Nelson Camacho
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