Sem ti, esta composição de fotografias não existia.
Se recordo aqui o inicio do meu texto incerto no blogue citado é para recordar que por mim, estou sempre grato a todos aqueles que me ajudaram de uma ou outra maneira, eis porque aqui posto esta composição de fotografias do tempo passado enquanto cantor do antes do 25 de Abril e que os defensores da liberdade me puseram na prateleira e fui como muitos outras, apelidado de pertencer ao nacional cançonetismo. Outros tempos, outras vontades. Infelizmente, a revolução dos cravos ainda não foi feita para todos, foi só para alguns.
Como já tive oportunidade de escrever em “Voltei contra riscos e coriscos” estive afastado destas coisas da Net desde Novembro de 2008, mas contra tudo e todos, Voltei!
Nada disto interesse se nos mails e cartas recebidas durante este tempo, os meus seguidores não me viessem lembrar mesmo escondendo-me atrás do pseudónimo D’Magoito, alguns, sabiam quem eu era na realidade e vão dando-me o seu apoio para voltar às lides da Net.
Quero também aproveitar para fazer os meus reconhecimentos a, Nicas e ao Aguiar dos Santos, pois sem eles não teria sabido do Arlindo Conde.
Creio também que esta conversa toda seria destinada ao Facebook que é mais um local para amigos e pseudo-amigos, mas eu ainda não tive tempo de aderir e também acho mais interessante esta história dos blogues.
Feitas estas explicações, vamos ao que interessa:
Não foi só a mim que o Arlindo me pegou ao colo, foram muitos que se esqueceram e a quem ele deu a mão artisticamente com o seu Passatempo PAC e milhares de espectáculos por esse país fora. Foi também o progenitor do Concurso Rei da Rádio promovido pela sua revista “Foco”. Eu pela minha parte, até que me foi possível, acompanhei-o sempre.
Na época áurea dos espectáculos de província, uma grande parte das vezes era eu o entertainer, fazendo aquilo que pomposamente hoje chamam de Stan-Up comedy. Cantava, apresentava o espectáculo, contava anedotas e fazia imitações.
Cheguei a representar o Arlindo como empresário, comandando as caravanas, fazendo as contas com os contratantes e contratados. Muitas vezes substitui o Artur Alves nas apresentações de espectáculos quando coincidia dois na mesma noite.
Cheguei a colaborar na sua escola de artistas e ter as chaves do escritório, Quase andei com os seus filhos Fernando Conde e Luís ao colo. Era visita permanente de sua casa, assim como da minha e até foi ao meu casamento.
Lembrar mais uma vez Arlindo Conde para mim, seria uma satisfação, não fora o momento de tristeza.
Arlindo Conde foi nos anos sessenta o empresário mais honesto, não só no seu relacionamento pessoal com a “malta das cantigas” como no que dizia respeito aos pagamentos, inclusive, até aos alunos do seu centro de artistas, alguns escolhidos por mim e pela professora Gusmão e que preenchiam a primeira parte dos espectáculos de província, lhes pagava os cachets.
O preenchimento das primeiras partes era feito por alunos, para que estes ganhassem caule das tábuas do palco, para se prepararem para os grandes passatempos no Eden Teatro, Maria Vitória ou Capitólio, (todos de saudosa memória que o 25 de Abril acabou com eles todos). Dando assim inicio também com algum trabalho do Maestro Ferrer Trindade à sua carreira artística. Foi o caso entre outros do Marco Paulo, António Calvário e Artur Garcia.
Empresários destes, só me lembram o Arlindo. Cada espectáculo era uma festa com uma orquestra de mais de quinze figuras. Quando acontecia o Rei da Rádio lá estava o Maestro Ferrer Trindade à frente de uma orquestra de mais de vinte músicos.
Hoje, vim à Net para postar deste desabafo não antes ter dado uma volta na mesma para verificar se algo de útil se dizia sobre o Arlindo e fiquei muito satisfeito por ter encontrado vários blogues de ex colegas e não só, compartilhando a nossa saudade de quem nos deu tantas oportunidades e alegrias. – Como diz o outro”naquele tempo fui muito feliz” –
Obrigado a todos os que não se esqueceram e são eles: Aguiar dos Santos, João Videira Santos, Zeca do Rock, Carlos Caria, Nicas, Victor Queiroz e Jorge Caramba.
Quanto aos outros! Só vos digo:
- Se houve rei da rádio em Portugal, deve-se ao Arlindo
- Se muita gente gravou, deve-se ao Arlindo
- Se muita gente seguiu a sua vida artística deve-se ao Arlindo.
- Eu não estava cá e nem soube da sua morte, mas também nada vi qualquer notícia nos jornais ou televisões. – As pessoas teem a memória curta -
- Gostaria de saber se por exemplo, o Marco Paulo o António Calvário o Paco Bandeira, o Artur Garcia e tantos outros que se hoje são alguém, devem-no em parte ao Arlindo Conde, o acompanharam na sua última morada.
Tenho por hábito dizer: “Esquecer o passado é não ter presente nem futuro” assim como “É preciso não ter medo de ser diferente” e o Arlindo era diferente.
O espectáculo acabou para o Arlindo Conde. Para ele, os senhores do 25 de Abril já não o perseguem mais, para todos nós, continuamos por enquanto e até que Deus nos chame à razão a abrir as cortinas do palco da vida.
Ao Fernando Conde, Luís e restante família que certamente se lembram deste vosso amigo Nelson Camacho ficam aqui os meus sentidos pesamos e creiam, com muitas saudades deste vosso pai e meu amigo.
Antes de terminar quero pedir licença ao Jorge Caramba, Victor Queiroz e João Videira Santos postar aqui um vosso trabalho sobre o Arlindo que eu não faria melhor e obrigado por terem estado por cá.
Nelson Camacho
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