Ou Um sonho de verão
As férias para o triste português, tem de ser repartidas, uns por oito dias, outros por quinze e poucos têm a possibilidade de as fazer pelos célebres trinta dias. Os tais trinta dias que nos prometeram são cada vez mais difíceis derivados à economia do país. Eu também estou nos menos afortunados e como tal, só fui gozar os quinze dias. Fui até ao Algarve.
Os dias os meses de trabalho que antecedem as mini férias são de tal stress que normalmente não dão tempo para extravasar os nossos ímpetos amorosos e essa coisa de encontrar alguém para a nossa vida nem sempre é fácil. É então nas festas de verão que normalmente encontramos essa que julgamos ser para toda a vida. Foi o que me aconteceu este ano nas tais mini férias.
Estava uma noite amena, nem calor nem frio: Tem sido assim este ano no Algarve. O meu corpo estava escaldado pelo sol que apanhei à beira mar durante o dia e apetecia-me dar uma volta pelos bares lá do sítio. Olhei para o espelho e vi que estava no ponto. Moreno do sol, lábios reluzentes e os meus olhos azuis saltavam cá para fora como lampiões à procura da algo. Olhei bem para mim, e disse para mim próprio! É hoje porra! Que vou engatar a mulher da minha vida. Tomei um duche, perfumei-me besuntei-me com um daqueles cremes próprios do metro sexuais, vesti uma calças pretas bem apertadas, uns sapatos de ténis de marca (está na moda este tipo de sapatos), uma camisa branca sem botões no colarinho e umas faixas azuis do lado esquerdo. Com a camisa meia aberta para se ver um pouco do peito (à antiga), cabelos soltos e ao vento e lá fui eu até à baixa de da Albufeira, estava um borracho.
Entrei em várias discotecas. Como estava sozinho, fui deambulando de uma em outra até encontrar aquela que me agradasse mais em termos de assistência.
Estava a tocar uma música do Júlio Iglésias “se calhar por ele lá ter estado há pouco tempo”, segui até ao balcão e pedi uma Eristoff. Olhei em toda a volta e lá estava uma garota aparentemente descomplexada, de saia curta, cabelos negros compridos que lhe iam até meio das costas e uma daquelas blusas que se vê o umbigo. Olhamo-nos e não sei porquê, senti um brilho especial no seu olhar. Mirámo-nos, desviamos os olhares mas voltámos a olharmo-nos mais insistentemente. Das duas uma estava ali uma miúda de programa ou a mulher da minha vida. Como estava ali para o engate fosse ele qual fosse, desencostei-me do balcão e dirigi-me a ela, pousei o copo na sua mesa e perguntei-lhe: -Vamos dançar? Foram uns segundos terríveis, até que ela se levantou, abriu os braços, encostámo-nos e começamos a dançar (a antiga).
Tocavam na altura ainda um Slow do Júlio. A certa altura ele atirou: -Você não tem nada a ver com esta malta que frequenta estes bares, é costume atirar-se assim ás mulheres ou é daqueles casados que procura uma diversão? – Não, não!... Disse eu um pouco atrapalhado com tal pergunta. Sou solteiro, não procuro nenhum entretenimento, mas talvez a mulher da minha vida.
Não ouve possibilidades de mais diálogo, pois entretanto apareceu um casal que lhe bateu no ombro e perguntou: - Olha a Isabel! Que fazes aqui tão bem atracada? (o atracado era eu, ta-se mesmo a ver).
O casal afinal não era um casal mas um grupo de amigos com os quais passamos a noite nos copos e amenas cavaqueiras.
A manhã chegou, fomos até à praia tomar o pequeno-almoço. Trocámos indicações onde estávamos hospedados e prometemos novos encontros.
Fui deitar-me um pouco mas não consegui dormir. A Isabel não me saia do pensamento. À tarde fui até o hotel onde estava hospedada e procurei-a. Estava na piscina com uma amiga em amena cavaqueira. Dirigi-me a elas e entrei na conversa. Combinámos um jantar e a partir daí continua-mos a encontrar-nos durante as duas semanas que estivemos de férias. Cada vez mais a nossa cumplicidade foi aumentando até surgir a paixão. Julgava eu.
Tudo o que é bom, acaba depressa… As férias terminaram e foi tempo de prometermos o nosso próximo encontro em Lisboa, porque (pensava eu), era a vontade de ambos. Cada um veio com o seu meio de transporte, eu, só e ela com os amigos um dia antes.
Quando cheguei a casa a primeira coisa que fiz foi telefonar-lhe. Não atendeu. No dia seguinte, voltei a ligar e nada. Comecei a envias SMS e não obtive resposta. Passado uma semana, consegui falar com ela telefonicamente, mas pareceu-me distante, como aqueles quinze dias vividos intensamente no Algarve não tivessem existido.
Uma noite, deu-me na mona e fui tomar um copo a um bar de Lisboa, o 160, é um local bastante agradável independentemente de ser frequentado também por gays e lésbicas. Entrei dirigi-me ao balcão, pedi uma Coca-Cola, olhei em redor e na penumbra de um canto, lá estava a Isabel beijando sofregamente uma amiga que também tinha estado connosco no Algarve.
Afinal o que aconteceu nestas pequenas férias foi somente UM SONHO DE VERÃO.
Nelson Camacho D’Magoito
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