Fingi que virei a página…
Disseste que me amarias até morrer!.. Mas foi uma mentira…
Estou perdido, mas não quero deixar que saibas que continuo aqui, olhando a tua fotografia e que todas as madrugadas o nosso livro se abre e os meus olhos não querem mais nada do que relembrar com o peito a arder de saudade momentos que julguei serem para sempre.
Não virei a página!
Não entendo como é que depois de tanto tempo, permaneces vivo em mim quando a nossa história, ah a nossa história, já teve um fim, pelo menos para ti, porque fingindo sorrisos quando nos cruzamos e dizendo que superei tornou-se um hábito, mas as minhas madrugadas são cheias de lágrimas pesadas que o coração guardou o dia inteiro.
A madrugada é tudo o que eu não queria vivenciar, porque outrora, nessas madrugadas, partilhávamos risos, conversávamos por horas, fazíamos guerras bobas de “eu amo-te mais” e cantavas para mim.
Nunca te menti quando disse que não superaria, mas aconteceu! Tornei-me mentiroso, quase compulsivo. Dizer que superei é uma mentira bárbara para mim pois no meu mundo real o que quero é colocarmos novamente na vitrola o disco do Richard Clayderman em My Way e ao som daquele piano voltar-mos a fazer amor até de madrugada.
Fingi que virei a página…
Porque continuo a sorrir-te – em forma do olhar a fotografia – quando tudo o que quero é desabafar à tua frente, falar-te de todas as noites que não durmo, porque faltas-me o teu corpo para aquecer os meus nestas noites geladas. Porque tento convencer-me de que é melhor para mim, quando eu bem sei, que o melhor para mim era estar contigo!.. e continuo a tentar virar a página.
É uma luta interior há qual não consigo por termo, é uma luta contra os meus próprios demónios.
Estou só!.. Levaste tudo o que era de mais belo em mim. O amor as carícias o companheirismo o adormecer com “as guerras bobas” e o café da manhã na cama.
Por mais que finja. Por mais que tente virar a página, até convencer os outros, jamais convencerei o meu coração, porque palavras são apenas palavras, mas não sentimento. Do sentimento, não posso fugir!
Não sei virar páginas, e vou colocando vírgulas nesta história, porque o final assusta-me, não sei superar!
Ainda espero que nos cruzemos novamente.
Quando esse momento chegar vou deixar que o silêncio tome conta de nós e vamos encarar nossos olhos e nos beijarmos tal como da primeira vez e acabemos adormecendo com nas nossas guerras bobas.
Qualquer semelhança com factos reais é mera coincidência, ou não! O geral ultrapassa a ficção
Nelson Camacho D’Magoito
“Contos ao sabor da imaginação” (293)
Para maiores de 18 anos
© Nelson Camacho
2016 (ao abrigo do código do direito de autor)
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