A RTP mais uma vez está a meter água
com o meu dinheiro e o seu, pois vive à conta dos nossos impostos e taxas que liquidamos conjuntamente com a electricidade tenhamos ou não, televisão ou rádio.
Não sabiam? Pois fiquem sabendo que se você tiver um pequeno curral de porcos que como é óbvio tem que ter um contador de electricidade para fazer movimentar qualquer motor de extracção de água ou acender qualquer lâmpada para iluminar a porcalhota, na conta da electricidade lá vem a taxa para a RDP e para a RTP.
Pode dizer-se que também tem a publicidade, mas isso é outra questão.
O que me interessa aqui é gastar-se milhares de euros para promover a língua de sua majestade a Rainha de Inglaterra.
Não estou a ver na sua versão original “ The Voice” que tem a apresentação de Carson Daly cantarem qualquer canção portuguesa e muito menos em português é que alem de serem espertos não são parvos.
Numa altura em que os nossos(?) governantes até nos mandam exportar o “pastel de nata” apoiam incondicionalmente reality shows de formatos estrangeiros que até são bem pagos para divulgarem tudo o que é idioma estrangeiro menos o português falado ou tocado e digo tocado porque os músicos que estudaram e muito, ficam em casa no desemprego.
Vamos aos factos:
1 - O modelo não é nosso. Até tenho saudades da “Cornélia” lembram-se. Ainda hoje andam por ai grandes artistas, escritores, músicos e encenadores que saíram desse concurso que foi uma ideia portuguesa.
2 – É um total embuste para as nossas gerações de possíveis cantautores pois são explorados nas suas fraquezas e debilidades humanas. Ficam normalmente agarrados a um sonho com consequências bastante gravosas às vezes até perante as famílias.
3 – Há quem diga que este tipo de concursos trás grandes vantagens para o entretenimento do Zé-povinho. No tempo do Salazar davam-nos futebol e fado. Agora é o inglês por causa das novas oportunidades no estrangeiro. Assim já podemos ir vender os pastéis de nata aos russos e os chineses vem-nos comprar as eólicas.
3 – Há também quem diga que os senhores pensantes da RTP desta vez até foram bastante criteriosos na escolha dos candidatos pois estes apresentam-se frente aos senhores juízes já formatados.
4 – Em vez de serem os candidatos a apresentarem-se a uma primeira audiência, não senhor, foram às redes sociais (You Tube) e escolheram-nos.
5 – Deu menos trabalho e gastaram menos dinheiro. Uma horas junto ao computador, uma chamada telefónica ou um e-mail e temos artista.
6 – Desde que cante em inglês, mesmo que não saiba ou sinta aquilo que está a dizer. Temos vedeta.
7 – As escolas de canto ou música já não servem para nada. Que saudades que eu tenho da Escola de Preparação para Artistas de Emissora Nacional ou até do Conservatório Nacional.
8 – No tempo do “botas” para se ser profissional das cantigas ou da música era preciso ter uma carteira profissional passada pelo sindicato respectivo depois de ser comprovada a sua futura profissão, onde se pagavam impostos. Há muitos cantores a músicos que hoje estão reformados derivados aos descontos que fizeram no seu tempo enquanto artistas de variedades ou músicos.
9 - Depois de escolhidos sabe Deus por quem ali vão botar figura de costas (esta é só para nos enganarem) aos seus futuros mentores. Ali o que interessa é a voz, ou seja o ritmo da música, porque os pontapés na gramática as sensibilidades que tem de nos ser transmitida pelos trejeitos faciais, isso não interessa. Ouvir um Gilbert Becaud ou um Elton John ou um qualquer Zé da esquina dizer de karaoke para eles é a mesma coisa. É como ouvir um ceguinho na rua do Ouro a cantar Tony de Matos.
Agora vamos ao espectáculo em si.
Sim senhor, tudo bem. Até tenho gostado não fora a falta dos músicos. Estes fazem as gravações ou não. Cá para mim aproveitam os playbacks e os desgraçados dos profissionais que gastaram rios de dinheiro e dedos para aprenderem a nobre profissão, ficam em casa a coser as meias.
Quanto à apresentadora Catarina Furtado lá vai fazendo o seu papel uma vezes com graça outras não tanto, mas pelo menos é boa!
Agora os Mentores:
Independentemente das guerrinhas que vão fazendo entre eles para animar as hostes, deviam ter vergonha na cara. (este é forte mas tenham paciência. Eu explico já).
Acho graça quando eles, todos, se queixam que a nossa rádio não passa os seus discos que a malta da internet os copia, que a comunicação social, principalmente a escrita não fala deles que não há promoção dos nossos artistas como havia antigamente por exemplo a “Plateia” e o Rei e Rainha da Rádio, o “Comboio da Seis e Meia” O “Passatempo Pac” “Os Serões para Trabalhadores” e outros tampos programas de variedades para divulgarem os seus dotes, apadrinham novos possíveis cantores esquecendo-se da sua língua.
Não me venham dizer que é com o fito da internacionalização pois isso é uma falácia. Os grandes nomes da nossa música ligeira lá fora tem conseguido grandes êxitos a cantar portugês e não é só no fado.
Em Portugal está tudo às avessas. Actualmente para se conseguir um certo statos no meio artístico ou tem que se ser gay ou cantar em inglês.
Tenham tento e não lixem mais isto do que é que está.
Deixo-vos com um poema de José Carlos Ary dos Santos & Música de Nuno Nazareth Fernandes, soberbamente interpretado em português pela nossa Simone de Oliveira “ O País (do Eça de Queiroz)”
A relíquia que eu trago
No meu peito
Herdade de uma tia patrocínio
É o País – País onde me deito
Sem culpa mas também
Sem raciocínio
O Conselheiro Acácio bem me disse
Nos tempos em que eu era
Pequenina:
“ - O Padre Amaro É mau. Mas que
Chatice!
Não pode um padre amar
Uma menina?...”
E o meu primo Basilio Brasileiro
Que foi o pai das minhas
Sensações!...
E o mandarim morrendo
A tempo inteiro
Num país de rabichos e
Aldrabões?...
Carlos da Maia meu primeiro amor
Primeiro livro meu primeiro beijo.
Os Maias da cidade não dão flor
E as Maias. É no campo
Que eu as veja
Ramires à uma casa ilustre e vasta
Pindéricos Raminhos da pobreza
A terra portuguesa
Ainda não basta
Para as courelas
Todas da avareza!
E o Conde de Abranhos parlamento?
E a Vera Gouvarinho a Baronesa ?
Mudam-se os tempos
Mas não muda o vento
É sempre rococó à Portuguesa!
Há cem anos que eu canto
Esta canção
Sem cabeça. Porém com coração.
Porquê o País do Eça de Queiroz
Ainda é… O País de todos nós!...
Nelson Camacho D’Magoito
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