Quem me lê sabe que raramente publico textos que não são meus. Hoje calhou um texto de um amigo meu. Fernando Campos de Castro
Vale a pena ler, reler e pensar.
DESINSERIDO
“Sei que sou chato, mas mesmo assim insisto. Não acredito nas filosofias modernas. Naqueles que nos querem fazer acreditar no dia presente e não no futuro. Eu convivi e senti a pobreza absoluta e esses, pobres como JOB, perguntavam sempre: E amanhã, meu Deus? O que farei? Jamais esquecerei isso. Não havia dinheiro para comer, e muito menos para comprar palha para encher os colchões. Enchiam-se com carqueja seca, apanhada no monte. Mas era sempre a comida o mais difícil de conseguir, porque nessa altura o próprio chão misturado de carvão e terra, não ajudava. Hoje vejo pessoas a gastarem num dia o que era para um mês, a dizerem que o que importa é viver o dia. Depois cortam-lhe a água, a luz e sentem a ordem de despejo, por falta de pagamento da renda. Por isso sou um DESINSERIDO do tempo. Os próprios animais caçam e sabem guardar para quando não podem caçar. As formigas trabalham loucamente no Verão para no Inverno terem que comer, mesmo sabendo que as possamos matar com um simples spray.
O que falta ao Homem de hoje é responsabilidade, talvez porque saiba que no dia em que lhes faltar comida há sempre alguém ou alguma Instituição que o ajuda e acode. Hoje acho que não lhe devemos dar o peixe, mas sim ensiná-lo a pescar. Nunca sabemos quando morremos, mas como pessoas dignas devemos pensar nisso, e não dizer como é usual hoje em dia: mesmo sem dinheiro, ninguém nos quer em casa e alguém nos há-de fazer o funeral…. Isto é ignominioso, porque até na morte, uma pessoa que se preze e seja digna, merece sempre uma morte digna.
Por isto e outras coisas, me sinto cada vez mais desinserido deste mundo louco.
Sempre pedi a Deus ter granito em lugar do coração, e ELE parece que está a fazer-me a vontade.
FCC”
Nelson Camacho D’Magoito
Textos ao acaso (295)
Para maiores de 18 anos
© Nelson Camacho
2016 (ao abrigo do código do direito de autor)
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