Sexta-feira, 10 de Maio de 2013

Homenagem ao migo João Villaret

 

João Villaret - Homenanem de Nelson Camacho

 

O Centenário do nascimento de João Villaret

 

     João Henriques Pereira Villaret de seu nome próprio, nasceu em Lisboa a 10 de Maio de 1913 e viria a falecer na sua cidade em 21 de Janeiro de 1961.

     O actor, encenador e declamador João Villaret faria nesta data: 10 de Maio de 2013 cem anos se uma maldita doença prolongada não o tivesse levado para junto de outras estrelas que se encontram no céu talvez recitando “Procissão” de António Lopes Ribeiro.

 

      Depois de frequentar o Conservatório Nacional de Teatro, começou por integrar o elenco da companhia de teatro lisboeta Amélia Rey Colaço-Robles Monteiro no Teatro Nacinal D. Maria II..

     Mais tarde, fez parte da companhia teatral Os Comediantes de Lisboa, fundada em 1944 por António Lopes Ribeiro e o seu irmão Francisco Ribeirinho “O Ribeirinho”.

     Em 1954 tive a felicidade de o ver representar numa interpretação considerada antológica dando uma pedra no charco em a peça “Esta Noite Choveu Prata” de Pedro Bloch, no extinto Teatro Avenida, em Lisboa.

     Mais um teatro que ardeu e como é hábito no nosso país o que arde nunca mais se constrói. Foi neste teatro onde vi grandes artistas como Mirita Casimiro e mais tarde Bobi Ferreia em “Fogo no Pandeiro” e outros mais.

     Tive por várias vezes a felicidade de conviver com este senhor nas tertúlias no Café Brasileira do Rossio e numa esplanada do saudoso Parque Mayer. João Villaret era também um amigo, pois foi contratado como cabeça de cartaz por minha mãe enquanto proprietária do programa/espectáculo itinerante “A Hora do Pica-Pau” Foi com ele que aprendi o que era ser artista e como dizer as palavras no meu inicio de carreira.

     Consta no seu palmarés algumas representações nos filmes:

         - O Pai Tirano, de António Lopes Ribeiro (1941), numa breve aparição, como pedinte mudo;

         - Inês de Castro, de Leitão de Barros (1945), onde representa Martin, o bobo;

         - Camões, de Leitão de Barros (1946);

         - Três Espelhos, de Ladislao Vadja (1947), onde representa o inspector;

         - Frei Luís de Sousa, de António Lopes Ribeiro (1950), no papel de criado Telmo Pais;

         - O Primo Basílio, de António Lopes Ribeiro (1959), no papel de Sebastião.

 

     João é conhecido e reconhecido como declamador quando em 1941 causou algum escândalo quando decidiu, enveredar pelo teatro de revista, provando em êxitos sucessivos que era possível conciliar o género dramático e o de revista. A mais popular de todas terá sido “Tá Bem Ou Não Tá?” em 1947, onde popularizou o célebre Fado Falado, da autoria de Aníbal Nazaré e Nélson de Barros, que mais não era que um recitativo sobre melodia de fado onde a letra em vez de ser cantada era declamada. Este género de dizer poesia ganhou enorme popularidade, especialmente depois de “A Vida É Um Corridinho” de 1952 ou o famoso “A Procissão” (1955), da autoria de António Lopes Ribeiro.

     De entre as suas peças mais célebres, destacam-se “A Recompensa” (1937), de Ramada Curto, “A Madrinha de Charley” (1938), de Brandon Thomas, “Leonor Teles” (1939), “Melodias de Lisboa” (1955), da sua autoria e “Não Faças Ondas” (1956)

     Nos anos 1950, com o aparecimento da televisão, transpõe para este meio de comunicação a experiência que adquirira no palco e em cinema, assim como em programas radiofónicos. Aos domingos declamava na RTP, com graça e paixão, poemas dos maiores autores nacionais.

     Ficaram célebres, entre outras, as suas interpretações de:

         - ‘Procissão’, de António Lopes Ribeiro;

         - ‘Cântico negro’, de José Régio;

         - ‘O menino de sua mãe’, de Fernando Pessoa.

 

     A 2 de Abril de 1960 foi feito Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

     Em 1965 Raul Solnado edificou em sua memória o Teatro Villaret.

     Porque os seus colegas e público no geral não o esquecem durante alguns anos, celebraram o aniversário da sua morte com um recital de poemas no Cinema S. Jorge, onde a sua voz se ouvia num palco vazio iluminado apenas por um foco de luz.

     Em várias cidades de Portugal existem ruas com o seu nome.

     Em, Loures também existe uma escola com o seu nome.

 

     Diz-se que Meia hora antes de falecer as suas últimas palavras foram dirigidas a Vasco Morgado (O Lá Féria da época) “ Ainda havemos de montar grandes espectáculos!".

 

     Espero que o Pelouro da cultura da Câmara Municipal de Lisboa, este ano pelos seus cem anos faça o mesmo na sala maior do nosso teatro, ou seja no teatro D. Maria II

 

 

Entretanto aqui fica "Se" de Rudyard Kipling na voz de João Villaret

Numa das suas aparições na RTP

http://www.youtube.com/watch?v=wbSzumecW5c

 

Palavras de João Villaret; ‘Não digo versos; procuro reproduzir o momento de angústia, de alegria, de revolta que o poeta sentiu ao escrever o seu poema. Recitando, encontro a plena libertação, pois dou-me esse infinito gosto de interpretar aquilo que amo e que me tocou profundamente.’

 

 

 Nelson Camacho

 

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