Já lá vai o tempo em que meus pais tinham dinheiro para alugar um fatinho carnavalesco levarem-me a Cascais para participar no corso carnavalesco e irmos almoçar ao Padeiro, um restaurante mais in da época.
Mais tarde glosei com fato de gala (smoking) em festas temáticas desta cidade. Mais tarde ainda fiz o percurso pelos carnavais de Portugal, Madeira, Paris, Madrid e Veneza.
Podereis dizer que era rico ou filho de gente de bem, mas não! Éramos uma família como qualquer outra que trabalhava. Coisa que não faltava a quem o quisesse fazer. Saíamos de um emprego e na mesma rua havia logo outro. Tínhamos uma casa na praia e não faltavam os três meses de férias, parte passadas na Costa de Caparica e outra parte no estrangeiro. Não faltávamos todas as semanas às estreias dos filmes e às estreias das Revistas no Parque Mayer. No tempo em que todos os teatros estavam em funcionamento inclusive o Teatro Nacional D. Maria II ou as épocas de óperas no São Carlos. O Casino do Estoril no Estoril, também era ponto assente pelo menos para diversão ou uma jogatana, os bailes no 1.º andar do saudoso Café Chave D’Ouro. Quanto ao futebol embora não fosse grande adepto, até era sócio do Benfica. As touradas no Campo Grande no tempo do Manuel dos Santos ou do Diamantino Viseu também não faltavam.
Mais tarde virei cantor/trabalhador. Trabalhador pois aqui ou ali em várias profissões sempre o fiz, até como funcionário público, porque as cantigas só por si não dava grandes lucros mas era a minha paixão, do Continente aos Açores, Madeira e outros palcos do mundo.
Naquele tempo não havia televisão computadores ou outras coisas no género mas havia trabalho, Bares, Boates e cafés onde nos encontrávamos para tertúlias e fazíamos amigos, coisa que hoje também não há. Os amigos hoje são virtuais através de redes mais ou menos sociais que a internet nos dá.
Cafés: “Lisboa”, “Monumental”, “Galo”, “Portugal”, “Chave d’Ouro” são saudades que vão ficando na minha caixa de recordações.
Teatros: temos meia dúzia. As grandes salas fecharam para darem lugar a teatrinhos experimentais.
Cinemas: Até já uma boa parte deles estão a fechar.
Comércio de rua: Todos os dias fecham às centenas.
Pode dizer-se que sou saudosista mas não. Só tenho pena é deste povo que hoje das duas uma, ou vive na miséria com parcos recursos financeiros ou os outros que nos andam a roubar e se pavoneiam em grandes limusinas.
São os gestores de Bancos e os grandes empresários que enviam os seus lucros chorudos que delapidando o povo o enviam para o estrangeiro e em contas Offshore.
São os ministros que sentados nos seus cadeirões debitam regras e leis para empobrecer cada vez mais este povo. Esta máfia vai ao ponto de arranjar lugares no estado que é suportado por todos nós para licenciados de vinte e poucos anos com ordenados acima da média e agora até refugiando-se numa qualquer lei vai criar um novo lugar que nunca existiu e não faz falta alguma a um senhor que estando num lugar das secretas passou informações para o seu novo patrão. Para cúmulo das vergonhas este senhor nesta data, está em casa sem fazer coisa alguma mas a receber um ordenado chorudo, enquanto setenta por cento dos reformados vive com reformas de miséria.
Para estes senhores tudo à fartazana, para o povo o ordenado mínimo nacional que não chega aos quinhentos euros.
Este governo desculpa-se do défice. Mas como é possível não haver défice se não há emprego, não há consumo, não há impostos a entrarem no estado até pêlo contrário, há é despesas a aumentares com os subsídios do desemprego e com as reformas dadas antecipadamente.
Onde está a força do trabalho? Na industria, na lavoura, nas pescas na exportação. Temos a maior costa da Europa de onde partimos à descoberta do mundo dando novos mundos ao mundo. Que se tem feito desse mar que nos abraça?
Se não temos industria, se não aproveitamos os recursos que a natureza nos dá o que estamos por cá a fazer?
A educação vai de mal a pior da política já nem se fala. Os partidos o que pretendem é olharem para os seus bolsos cada vez mais recheados. A quando das eleições as promessas são muitas mas depois cumpri-las são água passadas.
Fizeram acordos com uns senhores que se intitulam de “Troika” Foram além das suas directrizes anulando por completo as promessas de Abril ultrapassando tudo o que consta no fundamental na nossa Constituição da Republica.
Fizeram com que as promessas de Abril ao fim de trinta e tal anos não passassem de uma miragem.
Os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Já não há uma classe intermédia.
Uma velhota que rouba no super mercado uma lata de conserva no valor de nove euros vai para a prisão. Um qualquer senhor que rouba e defrauda um banco, pavoneia-se entre os seus demais como nada se tivesse acontecido.
Os ladrões e assaltantes vulgares de casas, estabelecimentos, e bens do povo, cada vez são mais, e nada se faz.
A pedofilia aumenta tanto nos seios familiares como entre conhecidos ou não.
As polícias não se entendem. Cada uma puxa a brasa à sua sardinha.
Fazem-se moções de censura ao governo sabendo antecipadamente que nada vai adiantar pois temos uma maioria governamental que vai obstruir qualquer moção.
Fazem-se auto estradas para chegarmos mais depressa de cidade a cidade, descorando todo o interior do país cada vez mais ignorado e pobre.
Temos um Presidente da Republica que vai deixando a banda passar, pois é da mesma cor do governo.
Tudo aumenta: São os impostos directos e indirectos mas os ordenados e reformas ficam na mesma ao longo dos anos.
Já lá vai o tempo em que com quinhentos escudos passava um fim-de-semana com uma puta qualquer, íamos ao cinema, almoçávamos e jantávamos fora e ainda pagava a pensão, Hoje os mesmos quinhentos Escudos traduzidos em Euros só dão para um maço de tabaco e um café. É caso para dizer “Volta Salazar! Estás perdoado”.
No tempo do “Botas” dizia-se que Portugal era Futebol Carnaval e Fado. Mas tínhamos emprego. Os meus melhores anos foram de 1935 a 1977. Com a revolução dos cravos, fiquei mais pobre e os meus filhos é que vão sofrer com este país de futebol e fado, pois carnavais só os políticos.
Feito este meu desabafo, vou até à beira-mar sonhar com o Portugal que me prometeram mas que o estão a delapidar paulatinamente.
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